segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bento XVI exige protecção para comunidades cristãs

Discurso do Papa ao Corpo Diplomático condena atentados no Iraque e no Egito, lembrando lei da blasfémia, no Paquistão


Cidade do Vaticano, 10 Jan (Ecclesia) – Bento XVI apelou hoje à defesa concreta da liberdade religiosa em todo o mundo, condenando as “numerosas situações” nas quais esse direito “ é lesado ou negado”, como no Iraque ou no Egito.

Recebendo no Vaticano os membros do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, o Papa apontou o dedo aos “atentados que semearam morte, sofrimento e desconcerto entre os cristãos do Iraque, a ponto de os impelir a deixar a terra onde seus pais viveram ao longo dos séculos”.

“Renovo às autoridades deste país e aos chefes religiosos muçulmanos o meu premente apelo a trabalharem para que os seus concidadãos cristãos possam viver em segurança e continuar a prestar a sua contribuição à sociedade de que são membros com pleno título”, apontou.

Bento XVI lembrou o recente atentado na cidade egípcia de Alexandria, a 1 de Janeiro, que “feriu brutalmente fiéis em oração numa igreja”.

“Esta sucessão de ataques é mais um sinal da urgente necessidade que há de os governos da região adoptarem, não obstante as dificuldades e as ameaças, medidas eficazes para a protecção das minorias religiosas. Será preciso dizê-lo uma vez mais?”, perguntou.

Entre as normas que lesam o direito das pessoas à liberdade religiosa, o Papa deixou uma menção particular à “lei contra a blasfémia no Paquistão”.

“De novo encorajo as autoridades deste país a realizarem os esforços necessários para a ab-rogar, tanto mais que é evidente que a mesma serve de pretexto para provocar injustiças e violências contra as minorias religiosas”, lamentou, condenando o “trágico assassinato do Governador do Punjab”, Salman Taseer, a 4 de Janeiro.

Bento XVI disse ainda que "a violência contra os cristãos não poupa a África", citando os "ataques contra lugares de culto na Nigéria, precisamente enquanto se celebrava o Natal de Cristo".

O Papa retomou a reflexão que escolheu para o Dia Mundial da Paz 2011, frisando que “a dimensão religiosa é uma característica inegável e imparável do ser e do agir do homem”.

Neste tradicional encontro de início de ano com diplomatas de todo o mundo, Bento XVI afirmou que “a humanidade, em toda a sua história, através das suas crenças e dos seus ritos, manifesta uma busca incessante de Deus”.

“Quando o próprio indivíduo ou aqueles que o rodeiam negligenciam ou negam este aspecto fundamental, geram-se desequilíbrios e conflitos a todos os níveis, tanto no plano pessoal como no interpessoal”, alertou.

A Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, que decorreu no Vaticano durante o mês de Outubro, foi, para Bento XVI, “um período de oração e de reflexão, durante o qual o pensamento se dirigiu, insistentemente, para as comunidades cristãs daquela região do mundo, tão provadas por causa da sua adesão a Cristo e à Igreja”.

A este respeito, o Papa disse ter apreciado “a atenção pelos direitos dos mais débeis e a clarividência política de que deram prova alguns países da Europa nos últimos dias, pedindo uma resposta concertada da União Europeia a fim de que os cristãos sejam defendidos no Médio Oriente”.

Bento XVI lembrou apelos deixados nas visitas de 2010 “a Malta e a Portugal, a Chipre, à Grã-Bretanha e à Espanha”, manifestando ainda “gratidão pelo acolhimento” nesses países.

A Santa Sé tem relações diplomáticas com 178 Estados, a que se somam a União Europeia, a Ordem Soberana de Malta e uma missão de carácter especial, o secretariado da Organização para a Libertação da Palestina.

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