“A cada dia, nós temos oportunidade de
sermos convertidos, atraídos para perto de Cristo e mais completamente
entendedores. Nossa responsabilidade cristã para completar a obra de Jesus em
nosso mundo”.
Padre Richard Gribble, CSC*
Traduzido por Leniéverson Azeredo Gomes
Muitos anos atrás, enquanto caminhava com
um amigo, numa tarde de Domingo, na famosa Ponte Golden Park de São Francisco,
no estado da Califórnia, eu aprendi uma valiosa lição sobre conversão. Enquanto
nós caminhávamos e conversávamos, um rapaz que tinha a nossa idade aproximou-se
de mim e perguntou com grande fervor: “Você está salvo?” Fragilmente tocado
pela pergunta, respondi após uma breve pausa, “Claro, eu acho que estou salvo”.
Mas imediatamente ele respondeu, “Você tem certeza?”. Novamente, eu hesitei,
mas respondi, “Sim, eu sou um Católico, e eu acredito que se eu vivo minha vida
apropriadamente, eu serei salvo”. Mas o jovem era persistente: “Como você sabe?
Quando você foi salvo? E é essencial que você esteja certo”, Naquela hora, eu
estava ficando um pouco perturbado, mas respondi, “Eu não posso contar a você,
uma data e hora particular; eu tenho sempre tentado viver minha vida como um
Católico”. Enquanto era clara que a minha resposta não havia satisfeito
completamente o rapaz, ele nos deixou e, fomos nos questionando, eu fiz a mesma
pergunta a outros no parque.
Este incidente me ensinou que conversão não
é, para a maioria das pessoas, um evento singular ou um incidente na vida
delas. Certamente, nós podemos pontuar
um tempo dramático de conversão. São Paulo foi literalmente e
instantaneamente transformado quando Jesus o desafiou: “Saulo, Saulo, porque me
persegue?” (Atos dos Apóstolos 9,4b) A conversão de Paulo, como a de outras
pessoas na história, e mesmo pessoas hoje, foi imediata, como me pareceu foi a
experiência do rapaz no parque. Entretanto, para a maioria, a conversão é um
processo diário.
O período sagrado da Quaresma nos desafia
ver a conversão em nossas vidas como um processo diário. A cada dia, nós temos
oportunidade de sermos convertidos, atraídos para perto de Cristo e mais
completamente entendedores. Nossa responsabilidade cristã para completar a obra
de Jesus em nosso mundo. Este processo de conversão diária nos desafia a
remover de nós mesmos a tentação do mundo e procurar, no seu lugar, as coisas
de Deus. Especificamente, nós necessitamos ser convertidos de nossa fascinação
com as três maiores tentações: poder, riqueza e prestígio.
Estas três tentações, as quais Satanás
colocou diante de Jesus (Mateus 4, 1-11), são parte da vida diária em modos
variados, caso nós sejamos um rapaz na escola, alguém que está trabalhando em
um emprego tradicional das oito da manhã às 5 da tarde, aquele que trabalha em
casa ou pessoa que está aposentada. Nós simplesmente não podemos permitir a
realidade, que estas tentações estejam toda a nossa volta, especialmente em
nosso muito confortável primeiro mundo - sociedade americana do século XXI.
Nós necessitamos ser convertidos do nosso
desejo de poder. Nós vivemos em um mundo onde o poder coletivo e individual
“conversa”, ele nos trás ações na vida. As pessoas inteligentes possuem certo
poder. As pessoas querem ser seus
amigos, eles querem sua ajuda para, com maestria, resolver sistemas ou
problemas complexos. O poder é também frequentemente usado contra outras
coisas, ele é usado para ajudar a nós mesmos antes do que os outros. Há uma
grande tentação de usar o poder para ganhar acesso a pessoas ou forçar outros a
fazer coisas para nós. O poder é abusado no cargo.
Nós podemos usá-lo em nossa posição quase
exclusivamente para benefício próprio. Cargo e poder que vem com ele, são dados
para ser usados a fim do melhoramento da
totalidade. Quando Satanás tentou Jesus com o poder de transformar pedra em
pão, o Senhor respondeu dizendo que tal poder é inapropriado. Jesus deu a todos
nós a certeza da quantidade de poder sobre as pessoas e mesmo ideias, mas,
quando tal poder, beneficia somente a nós mesmos, então estamos fazendo uma
injustiça ao plano de Deus.
Durante este periodo quaresmal,
necessitamos considerar como nós usamos o poder que possuímos. Nós necessitamos
ser convertidos, sermos transformados para usar nosso poder de forma digna.
Isto significa prontamente ajudar outras pessoas, caso estas estejam com alguma
tarefa ou simplesmente sintam-se bem-vindas. Isto significa estender as mãos
aqueles que podem ser mais tímidos ou mais retraídos de um modo amigável, demonstrando que eles
são importantes.
Tudo aquilo é necessariamente um “Alô”
amigável e é verdadeiramente significativo
que você diga. Nos negócios, é fácil atropelar aqueles que são fracos, dizemos
a nós mesmos. “É um mundo de cães comendo cães, os sobreviventes da
competência”. Nós usamos isso como uma
desculpa para exercer poder de modo que é inconsistente com o nosso chamamento
Cristão.
A tentação do abuso de poder é
complementada pelo nosso desejo de fazer as coisas do mundo. Hoje, a sociedade
americana é dominada pelo consumismo, quanto mais temos, mais acreditamos que
somos importantes. Como a expressão funcional: “ Você tem de manter as
aparências”.
Nós somos quase conduzidos, como uma sociedade que tem
tudo muito tarde e grandiosamente. Novamente, esta tentação é sentida por
todos, não importa a idade ou status na vida. Muito frequentemente, nós
procuramos novas roupas com etiquetas de projetistas extravagantes, quando uma
camisa ‘ordinária’, vestido ou par de sapatos seria mais que os adequados. Não
somente queremos toda bugiganga eletrônica extravagante que surge no mercado,
mas queremos uma com maiores características, tela ampla, a maior poder, ou uma
com amplo alcance.
Ter coisas, certamente não é o problema. Depois
de tudo, Deus nos deu o mundo criado para o nosso uso. O problema, entretanto,
é que muito frequentemente, nós não usamos o mundo material de uma forma que
auxiliamos a todos, ou construímos o Reino de Deus em nosso mundo. Muito
frequentemente, nós simplesmente acumulamos coisas para tê-los, para que pareçamos
mais importantes. Nós dizemos “Olhe o que eu tenho”, não somente pelas coisas
que nós possuímos, mas as atitudes que expressamos, fazendo aos outros
conhecerem nossa fortuna material.
A Quaresma nos fornece a melhor
oportunidade para considerer como usar apropriadamente os bens materiais. Nós
precisamos compreender a diferença entre o que é necessário e o que é desejado.
Uns poucos momentos de sinceros pensamentos e reflexão sobre pessoas de outros
lugares, especialmente no Terceiro Mundo, devem nos forçar a reconsiderar nossa
“necessidade” para uma nova peça de roupa, uma nova bugiganga eletrônica ou
gastar nosso dinheiro com entretenimento ou diversão.
Nós podemos redirecionar nosso sucesso
material em direção a necessidade dos outros. Algumas pessoas, por causa de suas
posições e status na sociedade, tem a possibilidade de fazer mudanças
fundamentais em nosso mundo. É claro, isto não é fácil e a competitividade e a
pressão social do tipo “Maria vai com a outras” é muito forte, mas isto é
precisamente o desafio que este período de graça apresenta a nós. Isto é certo
de ser contra cultural, certamente Jesus era contra cultural em sua época. O Senhor não prometeu aos seus seguidores
qualquer coisa, salvo os vários caminhos que trilhou na vida, o único que foi
conduzido ao sofrimento e a morte. Mas, se nós perseverarmos, nós acharemos o
dom da vida eterna que procuramos.
Ao dominar nosso desejo de poder e
riqueza, a Quaresma também fornece a oportunidade de ser convertido o
prestígio. Quando Satanás levou Jesus ao topo do templo e sugeriu a Ele que se
jogasse de lá, sabendo que os Anjos o salvariam, o Senhor imediatamente
respondeu pela rejeição do prestígio que
a oportunidade oferecia. Certamente, Jesus de Nazaré, era a pessoa de prestígio
na história, mas ele não buscava status. Antes, Ele era prestigiado por causa
das boas obras que fazia.
Nós buscamos prestígio. Nós queremos que
as pessoas saibam quão importantes somos. A sociedade americana está cheia de
pessoas que buscam atenção. Atletas que juntam milhões de dólares são
aparentemente descontentes com a solidão do dinheiro; eles devem de algum modo
público, reclamar para o mundo quão grande eles são, apesar do que eles fazem
em seus trabalhos. Novamente, muitas personalidades, especialmente do mundo da
TV e cinema, buscam nossa atenção. Eles querem ser prestigiados, isto é o
combustível que guia as suas vidas.
Os cristãos são chamados a ser contra
culturais, nós buscamos a menor rota de viagem, a ponte estreita, como a
descrita por Jesus, a qual conduz para a vida (Mateus 7, 13-14). No Evangelho
(Lucas 14, 7-11), Jesus sugere que a humildade é mais importante que o
prestígio. Ele dizia aos seus discípulos e aos outros que escutavam as suas
palavras “se você for convidado para um banquete, não sente no primeiro lugar,
pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, e vindo o que
te convidou, te diga, ceda o lugar a este”.
Então, Jesus disse “Quando você for
convidado, não sente no primeiro lugar, pois pode ser que você seja chamado a
mudar de lugar”. Jesus conclui “Aqueles que se exaltar será humilhado e, todo
aquele que se humilhar será exaltado” (Lucas 14,11). Cristãos são chamados a fazer o seu melhor
porque é o certo a fazer. Não há necessidade de estar recompensado para fazer o
que é apropriado. Qualquer satisfação, aquela que é, nosso prestígio pessoal,
deve ser encontrado em nosso conhecimento de um emprego bem feito. Como Jesus
diz “ Quando você tem feito tudo aquilo que lhe tem sido pedido para fazer,
diga: “Nós somos servos ; fizemos o que devíamos fazer” (Lucas 17, 10)
Enquanto o período da Quaresma nos chama
para estamos convertidos das três tentações de poder, riqueza e prestigio, ele
também nos chama para estarmos convertidos em direção das quatro grandes obras:
penitência, jejum, doação de esmolas e oração. Todas aquelas obras são positivas;
elas requerem algo de nós.
Primeiro, nós precisamos estar convertidos
para a necessidade de penitência. Simplesmente expresso que necessitamos buscar
a reconciliação: conosco mesmo, com os outros e com Deus. Durante a Quaresma,
nos devemos fazer um ponto, de culpar a nós mesmos de falhas do passado. Muito
frequentemente, acusamos a nós mesmos de
sermos inadequados, menos do que acreditamos que deveríamos ser. Enquanto
certamente devemos sempre esforçar a improvisar nossas vidas, muitas [pessoas]
são excessivamente ásperas sobre elas mesmas. Não há necessidade disto.
Jovens são altamente suscetíveis a este
problema, porque elas estão sempre comparando eles mesmos com os outros. Nós devemos
aceitar quem nós somos, pessoas criadas por Deus. Nós todos fomos feitos a
imagem e semelhança de Deus. Como um velho adesivo de para-choque diz: “Deus
não faz qualquer porcaria”. Nós precisamos perdoar a nós mesmos, aos outros e
ser perdoado. Muito frequentemente, nós carregamos a nosso redor problemas do
passado e sobrecargas, especialmente memórias de pessoas que nos machucaram;
nós temos pesados fardos e incapazes de movê-los.
A Quaresma é um tempo perfeito para cortar
estas cordas e deixar-nos livres. Jesus compreendeu isto, exclamando para uma
assembleia de fieis, dizendo a respeito do amigo de Lázaro, “Desligai-o e
deixai-o ir”. Nós necessitamos deixar ir
nossos próprios erros tão bem.
Talvez, o mais importante, a Quaresma é a oportunidade perfeita para
buscar a reconciliação de modo formal.
Assim como nós somos pecadores, nós necessitamos do perdão de Deus.
A Igreja fornece o sacramento maravilhoso
da penitência, mas infelizmente poucos se beneficiam desta oportunidade
grandiosa. Nós precisamos fazer precisamente o que afirma o profeta Joel: “Por
isso, agora ainda, oráculo do Senhor, voltai a mim de todo o vosso coração,...
voltai ao Senhor vosso Deus” (Joel 2,12a, 13b).
Em seguida, a Quaresma nos fornece com uma
perfeita oportunidade de ser convertido a grande caridade, ou como é comumente conhecido: a doação de esmola.
Esta é virtude positiva que contrasta nossa conversão a riqueza. Doação de
esmola é ambos, espiritual e material. Cristãos devem buscar viver uma vida de
grande simplicidade, nós devemos evitar a gula. Como a expressão afirma: “Viver
simplesmente como outros podem viver simplesmente”. Tais atitudes conduziriam a
um grande compartilhamento de benefícios de Deus com aqueles que podem pouco ou
não tem nenhum bem do mundo. Nós podemos e devemos alcançar os outros, é a uma
virtude básica da vida cristã.
Esta época de graça nos chama ao Jejum.
Não existe necessidade de morrer nós mesmos de fome, mas de outra forma, nós
certamente podemos comer menos. Nós podemos ter solidariedade com aquelas
milhões de pessoas no mundo que estão famintas todos os dias de suas vidas? A
Ideia não é simplesmente abster de um alimento ou produto particular, mas fazer
tão consideravelmente porque tais desigualdades de comidas, abrigos, cuidado de
saúde e outras necessidades básicas humanas existem no mundo. Nós podemos
considerar também que “jejuar” remove de nós mesmos práticas ou hábitos que são
cansativos para muitos, e danoso para a nossa saúde.
Quaresma é o tempo de renovar nosso
relacionamento com Deus através da oração. Nós sabemos de nossa necessidade de
oração, em conjunto falar e escutar a
Deus. Nós somos todos pessoas ocupadas e aparentemente sempre encontramos
desculpas para não poder orar, porque não podemos achar tempo suficiente para
conversar com a fonte de nossa vida. Mas, nós todos precisamos orar e, como diz
São Paulo, fazer isto todas as horas. (Colossenses 4,2)
As crianças podem considerar a oração do
Terço, gastar tempo lendo a Bíblia ou fazer algum esforço para achar outras em
suas atividades diárias. Os adultos podem participar das mesmas atividades, mas
pode adicionar a Missa, uma atividade o qual muitos seguem este tempo sagrado.
Enfim, nós necessitamos tomar este período como preciso para estar em
comunicação com nosso Deus.
Nós podemos não ver resultados tangíveis
nem imediatos em nosso momento de oração, mas Deus escuta os nossos pedidos e
fala conosco, geralmente no silencio de nossos corações. Entretanto, nós
devemos estar dispostos a escutá-lo como ser capaz de conhecer qual é a
mensagem de Deus para nós.
A Quaresma é um tempo de estar convertido,
uma oportunidade para ser transformado de uma grande tentação do mundo – poder,
riqueza e prestigio - e estar convertido
em direção a nossa necessidade de jejum, estar reconciliado, dar esmolas e;
orar.
Se nós, como indivíduos e em nossas
comunidades, podemos fazer este período de graça, um tempo de conversão pessoal
ou coletiva, então nossas próprias vidas e naquelas comunidades de fé, seriam
feitas melhores e nós seriamos apropriadamente preparados para celebrar o
Mistério Pascal de nossa fé, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
*Padre Richard Gribble, CSC, pertence a Congregação da Santa Cruz,
presentemente servindo como professor de Estudos Religiosos na Faculdade
Stonehill em North Easton, Massachusetts. Ele tem escrito
extensivamente sobre História Católica Americana.