Papa pede liberdade e plena autonomia de organização, saudando, por outro lado, diálogo que decorre em Cuba
Cidade do Vaticano, 10 Jan (Ecclesia) – Bento XVI acusou hoje o regime da China de provocar um “período de dificuldade e provação” para a comunidade católica neste país.
O Papa falava diante do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, fazendo um balanço do ano que passou, em termos de liberdade religiosa no mundo.
"Neste momento, o meu pensamento volta-se de novo para a comunidade católica da China continental e os seus Pastores, que vivem um período de dificuldade e provação", disse Bento XVI.
Em 2010, contrariando uma prática que se mantinha há vários anos, o regime chinês ordenou um bispo sem o consentimento do Papa e a Associação Patriótica Católica (APC), subordinada a Pequim, promoveu uma assembleia de representantes católicos que gerou a ira do Vaticano.
A APC foi criada em 1957, para evitar "interferências estrangeiras", em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.
No seu discurso desta manhã, Bento XVI pediu que “os crentes não se vejam lacerados entre a fidelidade a Deus e a lealdade à sua pátria”.
“De modo particular, peço que seja por todo o lado garantida às comunidades católicas a plena autonomia de organização e a liberdade de cumprir a sua missão, de acordo com as normas e padrões internacionais neste campo”, acrescentou.
O Papa criticou directamente os ordenamentos jurídicos e sociais que se inspiram “em sistemas filosóficos e políticos que postulam um estrito controlo – para não dizer um monopólio – do Estado sobre a sociedade”.
Bento XVI falou também da situação nos “Estados da Península Arábica, onde vivem numerosos trabalhadores emigrantes cristãos”, desejando que a Igreja Católica “possa dispor de adequadas estruturas pastorais”.
“Outras situações preocupantes, por vezes com actos de violência, podem ser mencionadas no Sul e Sudeste do continente asiático, em países que aliás têm uma tradição de relações sociais pacíficas”, acrescentou.
Nesse sentido, o Papa observou que “o peso particular de uma determinada religião numa nação não deveria jamais implicar que os cidadãos pertencentes a outra confissão fossem discriminados na vida social ou, pior ainda, que se tolerasse a violência contra eles”.
“É importante que o diálogo inter-religioso favoreça um compromisso comum por reconhecer e promover a liberdade religiosa de cada pessoa e de cada comunidade”, precisou.
Num longo discurso, Bento XVI quis deixar “uma palavra de encorajamento às autoridades de Cuba – país que celebrou, em 2010, 75 anos de ininterruptas relações diplomáticas com a Santa Sé – para que o diálogo, que felizmente se instaurou com a Igreja, se reforce e amplie ainda mais”.
A Santa Sé tem relações diplomáticas com 178 Estados, a que se somam a União Europeia, a Ordem Soberana de Malta e uma missão de carácter especial, o secretariado da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
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