Olavo de Carvalho |
03/07/13 - Mais que um simples
escândalo literário e editorial, a FLIP deste ano é um delito de malversação de
dinheiro público do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Embratel, da
Petrobrás e da Eletrobrás.
Tentando justificar a ausência
de escritores liberais e conservadores na Festa Literária Internacional de
Paraty (FLIP) deste ano, assim se pronunciaram os seus mais destacados
representantes:
Miguel Conde, curador: “Não
acho que escritores associados à direita sejam numerosos. Tenho até dificuldade
em pensar em nomes.”
Sérgio Miceli, membro da
principal mesa de debates : “Bons pensadores à direita são peça rara no país.”
Milton Hatoum, conferencista
encarregado da palestra de abertura : “De escritor importante no Brasil, não me
lembro de nenhum de direita.”
Dada a relevância dos
personagens, não creio exagerar ao supor que suas opiniões e seu nível de
cultura exemplificam a média dos participantes, excetuada a hipótese, hedionda
mas plausível, de que ela vá daí para baixo.
Nesse sentido, a FLIP é a mais
espetacular amostra viva da completa destruição da alta cultura no país,
substituída pela tagarelice autopromocional de usurpadores e carreiristas
barbaramente incultos e infinitamente presunçosos, cuja sobrevivência no
cenário intelectual só se deve a três fatores: (1) proteção governamental, (2)
interbadalação mafiosa, (3) sistemática e preventiva exclusão dos adversários reais
e possíveis.
O fator 3 vem sendo aplicado
com tal perseverança, que acabou por moldar a cabeça dos seus mesmos
praticantes. Primeiro eles se recusam a falar de um autor, depois concluem, do
seu próprio silêncio, que ele não existe. Sua regra áurea é o argumentum ad
ignorantiam: “Tudo aquilo que eu não sei ou que esqueci é inexistente, nulo ou
irrelevante.”
Os três citados mostraram mais
ignorância da cultura brasileira do que se poderia tolerar – mas não aprovar –
em alunos de ginásio.
Não vou discutir com esses
palhaços. Vou fornecer ao leitor um breve mostruário daquilo que eles, tomando
a sua própria ignorância como medida da realidade, dizem ser inexistente ou
quase.
Eis aqui, colhidos a esmo, uns
poucos nomes de escritores e outros intelectuais brasileiros de ontem e de
hoje, todos mais que consagrados (muitos internacionalmente), tidos como “de
direita” seja por eles próprios, seja por seus detratores esquerdistas:
Afonso d’Escragnolle Taunay
Alberto Oliva
Ângelo Monteiro
Antônio Olinto
Antônio Paim
Arthur César Ferreira Reis
Augusto Frederico Schmidt
Bruno Garschagen
Bruno Tolentino
Carlos Lacerda
Cornélio Penna
Demétrio Magnoli
Denis Rosenfield
Diogo Mainardi
Dora Ferreira da Silva
Eduardo Gianetti da Fonseca
Eduardo Prado
Eugênio Gudin
Gerardo Mello Mourão
Gilberto de Mello Kujawski
Gilberto Freyre
Gustavo Corção
Heitor de Paola
Heraldo Barbuy
Ignácio da Silva Telles
Irineu Strenger
Ives Gandra da Silva Martins
João Camilo de Oliveira Torres
João de Scantimburgo
Joaquim Nabuco
Jorge Caldeira
José Américo de Almeida
José Guilherme Merquior
José Osvaldo de Meira Penna
Josué Montello
Júlio de Mesquita Filho
Leonardo Prota
Padre Leonel Franca
Lúcio Cardoso
Luís Viana Filho
Luiz Felipe Pondé
Machado de Assis
Manuel Bandeira
Maria José de Queiroz
Mário Ferreira dos Santos
Mário Guerreiro
Mário Vieira de Mello
Padre Maurílio Penido
Miguel Reale
Milton Campos
Nelson Rodrigues
Nicolas Boer
Octavio de Faria
Oliveira Lima
Oliveira Vianna
Otto Maria Carpeaux (primeira
fase)
Paulo Francis (segunda fase)
Paulo Mercadante
Padre Paulo Ricardo de Azevedo
Pedro Calmon
Percival Puggina
Plínio Barreto
Rachel de Queiroz
Reinaldo Azevedo
Renato Cirell Czerna
Ricardo Velez Rodriguez
Roberto Campos
Roberto Fendt Júnior
Rodrigo Gurgel
Romano Galeffi
Roque Spencer Maciel de Barros
Ruy Barbosa
Vicente Ferreira da Silva
Vilém Flusser
Wilson Martins.
Padre Leonel Franca |
Padre Paulo Ricardo |
Padre Maurílio Penido |
Faço a lista no improviso e de
memória, porque tenho alguma e porque estudei. Os anões da FLIP não sabem nada,
não são intelectuais exceto no sentido muito elástico e gramsciano do termo,
isto é, agentes de organizações de esquerda encarregados de “ocupar espaços” na
mídia, nas universidades e no movimento editorial e ali abrir vagas para seus
parceiros de militância, vetando o acesso de candidatos politicamente
indesejáveis. O establishment esquerdista recompensa-os generosamente ao ponto
de induzir cada um à ilusão de que é mesmo, como diria Léon Bloy, “aquilo que
se convencionou chamar de alguém” — e de que tudo o mais é um vasto ninguém.
Mais que um simples escândalo
literário e editorial, a FLIP deste ano é um delito de malversação de dinheiro
público do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Embratel, da Petrobrás e da
Eletrobrás. Pessoas que desconhecem a cultura brasileira não têm nenhum direito
de representá-la e de ser subsidiadas para isso pelos já tão espoliados e
exaustos contribuintes. A FLIP não é um acontecimento da esfera intelectual, é
só mais um episódio banal da corrupção avassaladora que tomou conta deste país.
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Nota do blog:
É um absurdo um evento literário, de certa forma, pretender doutrinar as pessoas ao marxismo, mas a lista de escritores de direita, eu acrescentaria:
Professor Felipe Aquino
Padre Demétrio Gomes
Padre Zezinho
Augusto Cury
Reinaldo Azevedo
Augusto Nunes
E outros
3 comentários:
É LAMENTAVEL QUE APOIEM APENAS OS ESQUERDISTAS, MAS HÁ BOAS COISAS À VISTA....
A cada dia e manifestações que sucedem o PT e sua curriola cada vez mais são rejeitados, a última greve dia 12 pp foi um fiasco total, o Paulo da Força Sindical teve cartazes com BASTA COM DILMA etc., mostra que o PT está por pouco tempo na vida do Brasil.
E a reunião do Foro de S Paulo no próximo fim desse mês deverá ser um outro fracasso antecipado.
O povo que parecia jazer no leito de morte, de repente, acordou!
Eu concordo contigo, me surpreendi com o fato. Espero que isso reflita em 2014. Obrigado pela colaboração.
Excelentes ponderações
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