Cidade do Vaticano, 10 Jan (Ecclesia) – Bento XVI pediu hoje mais liberdade para os projectos educativos da Igreja Católica, manifestando “preocupação” perante o que classificou como “uma espécie de monopólio estatal” nesta matéria.
O Papa falava diante do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, fazendo um balanço do ano que passou, em termos de liberdade religiosa no mundo.
Para Bento XVI, reconhecer essa liberdade significa “garantir que as comunidades religiosas possam agir livremente na sociedade, com iniciativas no sector social, caritativo ou educativo”.
“Causa preocupação ver este serviço que as comunidades religiosas prestam a toda a sociedade, particularmente em favor da educação das jovens gerações, comprometido ou dificultado por projectos de lei que correm o risco de criar em matéria escolar, como se constata, por exemplo, em certos países da América Latina”, precisou.
O Papa exortou “todos os governos a promoverem sistemas educativos que respeitem o direito primordial das famílias de decidir sobre a educação dos filhos e que se inspirem no princípio de subsidiariedade, fundamental para organizar uma sociedade justa”.
O discurso de Bento XVI apontou também como “ameaça à liberdade religiosa das famílias nalguns países europeus” a imposição de “cursos de educação sexual ou cívica que propagam concepções da pessoa e da vida pretensamente neutras mas que, na realidade, reflectem uma antropologia contrária à fé e à recta razão”.
Ambas as questões mereceram, em Portugal, críticas de responsáveis católicos perante as determinações recentes do executivo de José Sócrates, particularmente no que diz respeito ao financiamento estatal a estabelecimentos de ensino particulares e cooperativos.
Como fizera na sua viagem ao Reino Unido, em Setembro de 2010, o Papa veio “reafirmar vigorosamente que a religião não constitui um problema para a sociedade, não é um factor de perturbação ou de conflito”.
A este respeito, acrescentou que “a Igreja não procura privilégios, nem deseja intervir em âmbitos alheios à sua missão, mas simplesmente exercer a mesma com liberdade”.
“Emblemática a este respeito é a figura da Beata Madre Teresa de Calcutá”, referiu Bento XVI, lembrando que no centenário do seu nascimento lhe foi “prestada uma vibrante homenagem não só pela Igreja, mas também pelas autoridades civis, os líderes religiosos e pessoas sem conta de todas as confissões”.
“Exemplos como o dela mostram ao mundo quão benéfico é para a sociedade inteira o compromisso que nasce da fé”, apontou.
Neste tradicional encontro de início de ano com diplomatas de todo o mundo, o Papa manifestou a sua satisfação por “Estados de várias regiões do mundo e de diferentes tradições religiosas, culturais e jurídicas terem escolhido o meio das convenções internacionais”, como a Concordata, “para organizar as relações entre a comunidade política e a Igreja Católica”.
A Santa Sé tem relações diplomáticas com 178 Estados, a que se somam a União Europeia, a Ordem Soberana de Malta e uma missão de carácter especial, o secretariado da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Nenhum comentário:
Postar um comentário