Leniéverson Azeredo Gomes
Internautas, leitores deste blog, sabem, de forma clara, que defendo posições firmes, sempre escorados na Doutrina da Igreja Católica, dentre outros documentos produzidos pelo Magistério da Igreja. Qualquer pessoa que escreve coisas católicas; movimentos, grupos e pastorais da Igreja, também precisam ter toda sua vida e ministério ancorada na doutrina católica.
Acontece que
isso não é um luxo ou uma alternativa, mas sim, a essência e a ÚNICA
alternativa para quem deseja viver e trabalhar tranquilamente dentro da Igreja
Católica. A recente questão, envolvendo o vocalista da banda Rosa de Saron e o
padre Paulo Ricardo, nos mostra o quão nocivas são a teoria e a teologia do
relativismo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPkpUr4nQPDFQIJbm6yPNqDM2iPXeDa-uLdqnvWDhx7ZUF5v_p2UzX066tbqPJIyQl9QzCSbKCqx4nfSsxnVIVO9HS1DN2jGrqUzbCr54LM-SK50tb-CAFkUR-wXoW9sfzEJ9vfO-l3YQ/s320/Padre+Paulo+Ricardo+refuta+as+heresias+do+vocalista+da+Banda+Rosa+de+Saron..bmp)
Horas depois,
via internet, o Padre Paulo Ricardo, um exímio clérigo, especialista em
doutrina católica, refutou a declaração do vocalista da Banda Rosa de Saron
(usando a Constituição Dogmática Lumen Gentiun), o que gerou a indignação dos
membros do grupo musical católico, através de uma postagem no site oficial
deles, onde usaram até uma encíclica papal, de nome Redemptoris Missio.
A maioria dos
blogs católicos, como se pode ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, em um blog protestante e um secular, vem trabalhando a questão, como se fosse apenas uma briga entre a
Banda Rosa de Saron e um Padre. Quem somente vê por esse ângulo, acaba muitas
vezes pecando pela falta de profundidade na abordagem sobre o caso.
Por isso, este
blog fará uma nova abordagem sobre este assunto, sob outro parâmetro; um outro
ângulo; uma outra vertente; uma outra direção, que é: qual deve ser, de fato, a relação entre os
leigos (como a Banda Rosa de Saron) e os clérigos religiosos (como o Padre
Paulo Ricardo).
Antes de
qualquer coisa, vou trazer à baila algumas coisas pertinentes. Como debates
sobre a luta por um “protagonismo maior dos leigos”, na Igreja. Em 2006, eu e mais um amigo representamos a
Diocese de Campos dos Goytacazes/RJ, num encontro do Conselho Nacional do
Laicato Brasileiro, que foi realizado na cidade de Sumaré, na região de
Campinas, no interior do Estado de São Paulo. Durante 3 dias, discutimos dentre
outras coisas, nas pautas, moções e debates, a questão da maior participação do
leigo nas atividades e nas decisões
finais das nossas realidades mais cominitárias.
Quando
exigíamos um protagonismo maior, não significava que queríamos ver os leigos
num patamar superior aos padres, aos bispos ou até mesmo a doutrina – leia-se
Magistério da Igreja. Nós urgíamos naquele encontro, só e somente só, um pouco
mais de atenção, um proximidade maior entre o clero e a parte não-clerical e,
também, criação de pastorais outrora não-existentes em um determinada
comunidade.
Nossa
intenção, não era de promoção de cismas, abertura de fossos divisores entre
alas da Igreja, não queríamos ali, passar a margem daquilo que era preexistente
em matéria doutrinal. Éramos um grande grupo de pessoas, dos mais diversos
lugares do nosso país, que desejávamos uma atenção especial, mas sem
desconsiderar o ‘fidei depositum’ (deposito da fé). Parece muito intelectualizada a questão, mas
na verdade, não é, pois tínhamos a nossa pauta, mas sem fazer dos elementos
preciosos da Igreja como nossos inimigos.
Quando se opta
por algo diferente daquilo proposto pela Igreja Católica, opta-se
automaticamente pela heresia – palavra grega, que em português, significa
escolha -.E toda heresia , de alguma forma, induz a pessoa a praticar coisas
erradas e viver a vida de fé sem um
norte, sem um guia, sem um freio moral. É esse tipo de correção, é esse tipo de
‘poda’ que aparentemente a banda Rosa de Saron, parece e demonstra não querer
e, ainda faz pouco caso.
Este blogueiro
é de um tempo – não muito tempo atrás -, que praticamente todos os ministérios
e bandas de músicas católicas, viam as palavras de sacerdotes, como o Padre
Paulo Ricardo, fonte de sabedoria e
crescimento espiritual. O que se convenciona hoje por música contemporânea
católica, está se perdendo nos quesitos: humildade, santidade, elevação
espiritual e obediência ao Magistério da Igreja . Alguns, como o Rosa de
Saron, assinaram com gravadoras
seculares – não-religiosas -, como a “Som Livre”. Além disso, não raro, cada
vez mais deixam de falam com ‘mortais’ nas redes sociais e no mundo real, ou
seja, uma panelinha armada, ou seja, vivem
passo a passo e, de maneira progressiva, em seus mundinhos particulares.
A Constituição Dogmática Lumem Gentium (LG), em seus parágrafos 39 e 40, diz que todos aqueles que, afirmam ser católicos, “devem aceitar a totalidade de sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos e sua estrutura visível – regida por Cristo através do Sumo Pontífice e dos Bispos – se unem com Ele pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do regime e da comunhão eclesiásticos. Não se salva, contudo, embora incorporado à Igreja, aquele que não perseverando na caridade, permanece no seio da Igreja “com o corpo”, mas não com o coração. Lembrem-se todos os filhos da Igreja (...) se a ela não corresponderem por pensamentos, palavras e obras, longe de se salvarem, serão julgados com maior severidade”.
Esse trecho da
LG, tem uma forte alusão aos textos de At 2, 42-47 e At 4, 32-37, que fazem
menção a virtude dos primeiros cristãos, estes, dentre outras coisas,
valorizavam a doutrina dos apóstolos, a vida de oração e testemunho de uma
autêntica vida cristã. Como se percebe, a Igreja não é uma instituição, necessariamente
democrática. A Igreja Católica tem regras, leis, estatutos, encíclicas,
normativas, decretos, teologias morais, enfim, há documentos eclesiais que dão
baliza a vida daquele que crê em Deus. E mais: nos convida a difundi-la a todas
as nações, o que nos remete ao tema da Jornada Mundial da Juventude, que
aconteceu no Rio de Janeiro, recentemente.
Diferente do
Guilherme de Sá, o Padre Paulo Ricardo
sempre defendeu a doutrina da Igreja, com destaque assuntos relacionados a
teologia moral. Recentemente este blog postou um vídeo com a participação do
referido sacerdote na Comissão de Direitos Humanos e Minorias – presidida pelo
Deputado e Pastor Marco Feliciano – para pedir que a Dilma vete totalmente a
Lei PL 03/03, que praticamente legalizaria o aborto. Como se sabe o projeto foi
sancionado pela presidente sem vetos, apesar do clamor religioso. Padre Paulo,
foi um único sacerdote, foi o único personagem de alto coturno da Igreja
Católica a demonstrar preocupação com isso. Aliás, onde estavam os membros do
Rosa de Saron? Onde estavam os fãs da Banda que criticaram e ainda criticam o
Padre? Todos sumiram. Esses, aparentemente nunca participaram de movimento
algum a favor da vida. Curioso, não?
E por falar em
fãs, é muito delicado tecer críticas sobre eles, porque em muitos casos, são
vítimas de um sistema catequético que dá uma formação do tipo ‘água com açúcar’
aos fiéis . O livro de Hebreus, capitulo 5, versículos 11 ao 14, há uma sacra preocupação
com o fornecimento de uma doutrina fraca – leite -, como se as pessoas fossem
crianças em matéria espiritual. O trecho de Hebreus ainda fala que, o cristão
experimentado exercitado na fé , distingue as coisas; consegue separar o que é
do bem e o que é do mal. Enfim, demonstra maturidade e; que se alimenta de
alimento sólido.
Ninguém dá
aquilo que não tem ou finge que tem. Ninguém pode ficar de pé e caminhar
direito espiritualmente se alimentar ou viver sem água e comida adequadas. O
que se convencionou por musica católica popular – eu acho o termo correto, pois
quem, de fato, deveria ser mais popular não é a música em si ou o cantor, mas
sim Jesus, os Santos , Nossa Senhora ou algum contexto relativo a doutrina –,
comete erros graves. Aqui se deve desprezar a dimensão humana – até mesmo
porque eu e você também somos incompletos, falhos e cometedores de defeitos -,
mas devemos focar na relação Espiritual-Cristocêntrico-Doutrinário-Soterológico
(salvação).
Certa vez,
assistindo uma palestra do cantor Eugênio Jorge (foto acima), vocalista e compositor da “Missão
Mensagem Brasil”, na Rede Canção Nova de Comunicação – uma dos principais sistemas
de comunicação católica no Brasil –, ouvi algo que deveria virar pérola do
ENEM. Eugênio Jorge estava pregando no “Rincão
do Meu Senhor” – um dos espaços de evangelização da Comunidade Canção Nova, em
Cachoeira Paulista/SP -, onde estava sendo realizado um Acampamento para músicos. Diante dos
milhares presentes no local e; dos acompanhantes pela TV, Rádio e Internet, ele
disse, dentre outras coisas que “a música católica deve (sic) muito a música e
aos músicos protestantes”. Se nós acompanharmos o verbete "música popular católica" – a qual fazem parte, dentre outros, a Rosa de Saron e o Eugenio
Jorge-, no Wikipedia, podemos ver que, na segunda metade do anos 70, com o crescimento
da Renovação Carismática Católica, muitas músicas protestantes de segmento pentecostal e neopentecostal foram introduzidas no cenário católico, sob pretexto
de que havia uma escassez de composições genuinamente católicas – o que é
fortemente questionável, porque a Igreja Católica no Brasil tinha e ainda tem
um vasto patrimônio musical clássico (leia-se, por exemplo, o Canto Gregoriano –
o canto oficial da Igreja, segundo o
magistério católico).
Caminhando
para a conclusão, grupos musicais católicos como o Rosa de Saron, pela sua
rotina de shows, a necessidade de convivência em família, atuação em suas
igrejas locais, fazem com que nos questionemos: Será que eles estão investindo
em formação litúrgico-doutrinal? Será que o fato, de muitos, terem assinado com
gravadoras seculares, não está interferindo na estrutura ministerial? A
estrutura burocrática e complexa que envolve os cantores, sobretudo, com a
figura dos chamados agenciadores – algo como empresários - não está
atrapalhando e uma estrutura mais simples, não melhoraria? Não deveriam ser
mais transparentes, sobretudo, tratando melhor as chamadas Pastorais das Comunicações?
São estas e outras perguntas que poderiam ser feitas, para entendermos a
questão de forma mais ampla a gravidade da questão. E mais: o fato deveria
estimular os ministérios de música brasileiros, que viajam o Brasil e, muitas
vezes, outros lugares do mundo, para evangelizar, uma revisão; feitura de um
olhar interno, que saibam ver críticas negativas como amigas e não como um
tribunal condenatório.