quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conversando sério sobre as novelas de TV




Leniéverson Azeredo Gomes


Vem aí, mais um campeão de audiência! Antigamente era assim, que, emissoras de TV, como a Rede Globo anunciavam a programação que estava prestes a começar. E, como de costume, as famílias, em peso, se reuniam na sala, diante de uma caixa exibidora de imagens, de um mundo mágico e encantador.
As telenovelas, como parte da programação desse mundo mágico televisivo, exercem no ser humano, sobretudo as mulheres, um fascinante poder de atração, podendo-se dizer, hipnotizador. Muitas delas são capazes de ficar horas a fio, acompanhando as tramas que se desenrolam como um novelo. O produto da teledramaturgia, também acaba gerando modismo, definem formas de penteados, sugerem que marca de objetos deve-se usar, algumas formas de se falar, etc. Quem não lembra de bordões como: “To podendo”, da novela Torre de Babel; “Estou certo ou estou errado?”, da novela Roque Santeiro; ou “Sou moça de ‘catiguria’”, da novela Paraíso Tropical?
De certo, desde a primeira produção a ser exibida, na hoje extinta Rede Tupi, as novelas, como é mais conhecida às peças dramaturgica televisada, fizeram com que a sociedade venha sofrendo rápidas transformações sem precedentes na história. Nem quando, as radio novelas estavam no auge, nos áureos tempos da Rádio Cultura de Campos/RJ ou da Rádio Nacional no Rio de Janeiro, o Brasil sofreu tanta descontextualização ou deteriorização.
Só para se ter uma idéia, nas décadas de 70,80 e 90, do século passado, as novelas da Rede Globo, já atingiam 98% do território nacional, principalmente com advento das antenas parabólicas e a formação da cadeia de afiliadas e retransmissoras e, isso gerou conseqüências graves. Hábitos tipicamente rurais estão em rumo de extinção, havendo assim, a predominância de hábitos urbanos, como o de se alimentar de comidas rápidas, a exemplo de hambúrgueres do McDonald´s. Além disso, são acusadas de promover e ajudar na erotização de crianças e jovens.
Em 2008, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realizou sob a chefia dos pesquisadores, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, um estudo consistente sobre a influência das novelas na sociedade. Eles concluíram que, “a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da TV Globo, se torna disponível nas cidades do país”. A analise conclui, também, que, “desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas, nas novelas, não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade”.
Ao produzirem a pesquisa, os estudiosos apontaram que, “62% das principais personagens femininas, das 115 novelas pesquisadas, entre 1965 e 1999, não tinham filhos e 26% eram infiéis aos seus parceiros” e, que, “a exposição a estilos de vida modernos mostrados na TV, a funções desempenhadas por mulheres emancipadas e a uma crítica aos valores tradicionais mostrou estar associada aos aumentos nas frações de mulheres separadas e divorciadas nas áreas municipais brasileiras”.
E a Igreja Católica?Como ela tem se posicionado sobre o assunto? Pois é, devido a essas questões ligadas a transformações, nitidamente agressivas das famílias e da sociedade, o catolicismo nos últimos 25 anos, pelo menos, vem aumentando o tom das críticas (negativas) sobre as novelas brasileiras.
A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Renovação Carismática Católica Brasileira (RCC – Brasil) e o Conselho Nacional do Laicato Brasileiro (CNLB), três principais órgãos representativos do clero e dos leigos, têm demonstrado, filosófica, sistemática, dogmática, teológica e biblicamente aos fieis católicos, a importância e os porquês de se deixar de ver novelas. A Rede Canção Nova de Comunicação, ligada à comunidade da Renovação Carismática Católica de mesmo nome, desde quando, em 1997, colocou “no ar” seu sinal via-satélite, tem feito em 4 de suas 10 pregações realizadas no Rincão do Meu Senhor (espaço usado para a realização de palestras), uma série de alertas sobre os males que as novelas produzem na sociedade. Inclusive, no processo para se fazer parte dessa e, de outras comunidades da RCC, o postulante é proibido de ver novelas.
Para Antonio Oliveira Storel, coordenador diocesano do CNLB de Piracicaba-SP, a televisão, em especial as novelas, acabam acompanhando o dia-a-dia do “sujeito pensante”.”É Vale a Pena Ver de Novo, Malhação, Novela das seis, Novela das sete, Novela das oito, Novelas da Rede Record, do SBT, da TV Bandeirantes, as mexicanas da CNT, e , se tivesse novelas no domingo estariam lá acompanhando também e, por aí vai”, ele afirma.
Em 1972, a primeira versão de Selva de Pedra, estrelado pela então namoradinha do Brasil, Regina Duarte, e o ator Francisco Cuoco, registraram um dado surpreendente. O Almanaque da Rede Globo, uma publicação da editora que faz parte do mesmo grupo de comunicação da emissora de TV em que a novela foi exibida, afirma que a novela, obteve, 100% de audiência nacional
As novelas das seis e das oito da Rede Globo, respectivamente, “Escrito nas Estrelas” e “Viver a Vida”, por exemplo, é o exemplo clássico disso. A primeira tem conteúdo espírita, mas é de autoria pseudo-católica. Pois é, Elisabeth Jhin, autora da novela, declarou a imprensa que se diz católica, mas não disse se é praticante ou não.
A doutrina espírita se contrapõe à cristã em um ponto principal. Enquanto o espiritismo acredita na reencarnação (o ser morrerá e poderá voltar em outro corpo), o cristianismo acredita na ressurreição (só morrerá uma vez só). E a bíblia nos ajuda a entender isso. A Carta aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27, nos fala que só morreremos apenas UMA vez. O espiritismo nega, pelo menos, outras 39 verdades cristãs católicas, como o respeito ao Papa, a intercessão dos santos e de Maria, etc.
Tão pior quanto uma novela de conteúdo espírita, é uma outra que em todos os seus capítulos deu mostras de como tramas novelísticas podem ser sórdidas de cabo a rabo. Trata-se da novela “Viver a Vida”, do Manoel Carlos, que terminou recentemente. Esse folhetim (nome alternativo para a telenovela) exibido em horário nobre exalou vários cheiros de podridão, ou seja, quem assistiu acompanhou, em alto-relevo, exemplos de contra valores expostos por ela.
Logo no início da trama, Marcos, personagem do ator veterano, José Mayer, trocou um casamento de 30 anos com Teresa (Lílian Cabral) e cujo relacionamento gerou três filhas, entre elas a modelo Luciana (Aline Moraes), que viria a ficar tetraplégica na trama, com a modelo Helena (Thais Araújo), 30 anos mais jovem. Paralelo ao relacionamento com ela, Marcos ainda tem relacionamento com mais duas mulheres, sendo que uma delas – Dora (Giovanna Antonelli) - tem uma filha e tinha envolvimento afetivo com outra pessoa.
A atual novela das “oito”, que na prática é das nove, Passione, é outro caso bizarro de maus exemplos. De acordo com dados do jornal paulista Folha de São Paulo, a personagem da atriz Maitê Proença, só nos primeiros nove capítulos da trama, traiu o marido, a exatas 23 vezes, isso, você leu bem, 23 VEZES.
De acordo com o código penal e para o cristianismo católico, poligamia é, respectivamente, crime e pecado contra a formação familiar. Nos cinco primeiros livros da Bíblia, Deus faz duras considerações sobre isso e a questão do adultério. A lei penal de Moisés, por exemplo, dizia que todo homem e mulher pegos por traição eram condenados por apedrejamento. A legislação mosiática descrita em Lv 20, 10 e Dt 22, 22-24 foi quase aplicada na Parábola da Mulher Adúltera (João 8, 1-10).
Com efeito, as novelas globais e de outras emissoras, querem incitar aos telespectadores a idéia de que trair é “normal”. Talvez você possa estar achando as informações, até agora, aqui descritas são repetitivas. Mas elas têm um propósito alertar as mulheres e homens de que a narrativa novelística pode encantar; seduzir e até viciar.
São justamente os mesmos passos de quem se envolve com o uso de drogas: se encantou, foi seduzido e se viciou. Pois é, minha gente alguns psicólogos trabalham com a idéia de que novela é uma droga, porque entorpece, relaxa, acalma.
Diante desse grave panorama, como disse acima, as novelas são temas recorrentes de debates da CNBB e palestras da RCC. Embora, o alvo seja todos os católicos, a preocupação maior é com os chamados agentes de pastorais que muitas vezes, deixa de participar da programação semanal para assistir novelas.
Muitas vezes padres e pregadores leigos são acusados de interferir na vida e no gosto pessoais dos fieis. Essa acusação é feita pela mídia profana e, também, por alguns freqüentadores da missa de preceito (domingos e festas).Certamente, essas insinuações se devem pela falta de formação. A missão dual (dupla) da Igreja é anunciar e denunciar.
Concluindo que o catolicismo está brigando contra um aparente gigante, lembrando a luta de Davi contra Golias. É um assunto polemico, mas espera-se que esse gigante seja derrubado pela fé e não usando cinco pedrinhas, dentro de uma pequena bolsa. Quem viver, verá!

Depois da JMJ, Vargas Llosa admite que o ocidente precisa do catolicismo

MADRI, 30 Ago. 11 / 01:41 pm (ACI/EWTN Noticias)



Em sua habitual coluna no jornal espanhol El Pais, o ganhador do prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, assinalou este domingo que o êxito da recente Jornada Mundial da Juventude em Madrid fez evidente que ocidente necessita do catolicismo para subsistir.

Em seu artigo chamado “A festa e a cruzada”, Vargas Llosa, que se declara agnóstico e é um constante caluniador dos ensinos da Igreja, elogia o espetáculo de Madrid “invadido por centenas de milhares de jovens procedentes dos cinco continentes para assistir à Jornada Mundial da Juventude que presidiu Bento XVI“.

No texto recolhido também em sua edição de hoje pelo jornal vaticano L’Osservatore Romano, Vargas Llosa, nascido no Peru mas de nacionalidade espanhola, afirma que a JMJ foi “uma gigantesca festa de moças e rapazes adolescentes, estudantes, jovens profissionais vindos de todos os lados do mundo a cantar, dançar, rezar e proclamar sua adesão à Igreja Católica e seu ‘vício’ ao Papa”.

“As pequenas manifestações de leigos, anarquistas, ateus e católicos insubmissos contra o Papa provocaram incidentes menores, embora alguns grotescos, como o grupo de energúmenos visto jogando camisinhas em umas meninas que… rezavam o terço com os olhos fechados”.

Segundo Vargas Llosa existem “duas leituras possíveis deste acontecimento”: uma que vê na JMJ “um festival mais de superfície que de entranha religiosa”; e outra que a interpreta como “a prova de que a Igreja de Cristo mantém sua pujança e sua vitalidade”.

Depois de mencionar as estatísticas que assinalam que apenas 51 por cento de jovens espanhóis se confessam católicos, mas só 12 por cento pratica sua religião, Vargas Llosa diz que “desde meu ponto de vista este paulatino declínio do número de fiéis da Igreja Católica, em vez de ser um sintoma de sua inevitável ruína e extinção é, aliás, fermento da vitalidade e energia que o que fica dela –dezenas de milhões de pessoas– veio mostrando, sobre tudo sob os pontificados de João Paulo II e Bento XVI”.

“Em todo caso, prescindindo do contexto teológico, atendendo unicamente a sua dimensão social e política, a verdade é que, embora perca fiéis e encolha, o catolicismo está hoje em dia mais unido, ativo e beligerante que nos anos em que parecia prestes a rasgar-se e dividir-se pelas lutas ideológicas internas”.

Vargas Llosa se pergunta se isto é bom ou mau para o secularismo ocidental; e responde que “enquanto o Estado seja laico e mantenha sua independência frente a todas as igrejas”, “é bom, porque uma sociedade democrática não pode combater eficazmente os seus inimigos –começando pela corrupção– se suas instituições não estiverem firmemente respaldadas por valores éticos, se uma rica vida espiritual não florescer em seu seio como um antídoto permanente às forças destrutivas”.

“Em nosso tempo”, segue Vargas Llosa, a cultura “não pôde substituir à religião nem poderá fazê-lo, salvo para pequenas minorias, marginais ao grande público”; porque “por mais que tantos muito brilhantes intelectuais tentem nos convencer de que o ateísmo é a única conseqüência lógica e racional do conhecimento e da experiência acumuladas pela história da civilização, a idéia da extinção definitiva seguirá sendo intolerável para o ser humano comum, que seguirá encontrando na fé aquela esperança de uma sobrevivência além da morte à qual nunca pôde renunciar”.

“Crentes e não crentes devemos nos alegrarmos pelo ocorrido em Madrid nestes dias em que Deus parecia existir, o catolicismo ser a religião única e verdadeira, e todos como bons meninos partíamos de mãos dadas ao Santo Padre para o reino dos céus”, conclui.

Aqui eu comento: É muito bom essa entrevista, pois, demonstra que a Jornada fez com que começasse, mesmo de forma tímida, a mudar certos conceitos seculares e certos pensamentos ateus e agnósticos.

A Ditadura do Laicismo

Por Prof. Dr. Ives Gandra da Silva Martins





"UMA ÚNICA senhora -que, certamente, no dia de comemoração do nascimento de Cristo, ofertará a seus filhos e familiares presentes natalinos- e a Corte Europeia de Direitos Humanos, constituída de juízes não italianos -e que também, em homenagem ao Natal, não funcionará no dia 25 de dezembro-, impuseram à nação italiana, berço do cristianismo universal, contra a opinião de dezenas de milhões de pessoas que lá vivem, a retirada dos crucifixos de suas escolas públicas.

Os próprios juízes daquela corte, que decidiram contra a presença dos crucifixos -símbolo integrante da cultura da esmagadora maioria dos cidadãos italianos-, certamente também festejarão as festas natalinas, presentearão familiares e amigos e comemorarão a data de confraternização mundial por excelência, talvez a mais importante para a difusão da paz e da fraternidade entre os povos.

A contradição hipócrita entre a eliminação dos crucifixos e a comemoração do Natal -signos que lembram a morte e o nascimento de Jesus Cristo- é evidente, demonstrando a falta de razoabilidade da decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos, por impor aos italianos a vontade de uma única pessoa.

Não cogitou, entretanto, de instituir a proibição dos feriados natalinos a todos os países da Europa.

Esse e outros episódios que vão se multiplicando pelo mundo estão a atestar que os valores do cristianismo incomodam, hoje, como incomodaram, nos primeiros 300 anos, os detentores do poder no Império Romano, cujo padrão de comportamento moral não serviria de lição para nenhuma escola de governantes.

Para o referido órgão decisório, acostumado a condenar todos aqueles que, na sua preconceituosa visão laicista, ferem seu conceito amesquinhado de dignidade humana, realmente a figura do crucifixo deve perturbar, pois, como julgador, Cristo, na cruz, não só absolveu todos os que o condenaram mas também aquele criminoso (Dimas) que com ele foi crucificado. E, para essa corte, acostumada a condenar, a figura de um juiz que absolve é perturbadora, como lembra Américo Lacombe.

O certo é que há uma minoria, com forte influência política, que busca solapar os valores éticos e culturais do cristianismo a título de impor a ditadura do ateísmo, segundo a qual, num Estado laico, apenas os que não têm religião podem se manifestar, impor as suas regras e exigir que todos os que acreditam em Deus se submetam à tirania agnóstica.

A decisão, por outro lado, fere um princípio fundamental, o da subsidiariedade no direito europeu, pelo qual todas as questões que podem ser decididas de acordo com a tradição, os costumes e a legislação locais não devem ser levadas às cortes da comunidade, pois dizem respeito exclusivamente ao direito interno de cada país.

Bem por isso a decisão referida está recebendo fortes críticas, correndo sérios riscos de não ser cumprida em um país no qual até mesmo leis que contrariam seus costumes são de difícil cumprimento.

No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça, em resolução tomada por 12 votos e uma abstenção, deliberou que, nos tribunais, caberá a cada magistrado decidir, de acordo com suas convicções, a manutenção ou não do crucifixo na sala de julgamentos. E uma tentativa do Ministério Público de retirar os crucifixos desses recintos foi rejeitada pelo Poder Judiciário.

Se a Turquia vier a ingressar na União Europeia -já estando avançadas as tratativas nesse sentido-, certamente a Corte Europeia não terá coragem de proibir, diante de possíveis reações "talebanísticas", os símbolos da cultura e da crença islâmica nas sessões de julgamento.

Os valores do cristianismo sempre incomodaram. Embora sem a virulência dos tempos dos mártires do coliseu, a reação dos que querem impor sua maneira de ser é a mesma.

Trata-se de uma visão deturpada do Estado laico. Este não é um Estado sem Deus, mas um Estado em que a liberdade de pensar é plena e não pode reputar-se ameaçada pelo respeito às tradições do povo e do país. Numa democracia, é a maioria que deve decidir os seus destinos. E a maioria acredita em Deus."


Aqui eu, Leniéverson, comento, há um texto do jornalista Rodrigo Gallo escrito para a Revista Filosofia, da Editora Escala , onde ele afirma que Ives Gandra, um dos mais renomados juristas do Brasil disse a ele que o "laicismo pressupõe um Estado sem religião oficial, onde o poder político não tem relação alguma com a religião e cada indivíduo fica livre para escolher suas próprias crenças, sem interferências ou represálias por parte dos aparelhos estatais".Das duas, uma, ou o Doutor Ives Gandra tem o hábito de mudar o discurso a torto e a direito ou o jornalista Rogério Gallo adotou a técnica de pinçar uma frase e deturpar o contexto.Sabem, né?Quem conta um conto, sempre aumenta um ponto, para se criar ou reforçar uma ideologia de contraponto a certos valores considerados por alguns de conservadores.