Leniéverson Azeredo Gomes
Os principais dicionários,
aqueles os quais eu ou você mais utilizamos
para saber os significados das palavras, costumam associar a palavra gratidão a
outras duas: reconhecimento e agradecimento. Gratidão pode ser entendida, dessa
forma, como uma atitude; uma virtude pelo qual o ser demonstra ser grato por algo
realizado positivamente ou devido a uma ação praticada gentilmente por outrem
que ajuda ou tenta ajudar.
Na Boa Nova litúrgica de hoje,
retirada do texto de Lucas 17, 11-19, há uma narrativa que mostra Jesus
caminhando entre as regiões da Samaria e a Galileia. Ao entrar num povoado,
encontrou dez portadores de uma doença chamada lepra (conhecida atualmente por hanseníase)
que vieram em sua direção e gritaram o nome d´Ele para pedir compaixão e cura.
Jesus disse para que aqueles
homens fossem se apresentar aos sumos sacerdotes e caminharem. Naquele momento,
um dos dez leprosos, da região da Samaria, percebeu que estava curado,
glorificou a Deus em voz alta, se ajoelhou aos pés de Jesus e agradeceu pela
graça recebida.
Após esse momento, Jesus
perguntou àquele homem, onde estavam os demais que foram curados, porque eles
não voltaram para glorificar e agradecer pela graça que tinham acabado de
receber. Afinal, só o samaritano, um estrangeiro, tendo em vista que Jesus era da
Galileia, voltou para reconhecer e, posteriormente, agradecer por tudo que
tinha acabado de acontecer.
Amados, se pensarmos naquele
leproso que voltou para reconhecer e agradecer pela cura recebida, se pode concluir
com certeza de que ele viu em Jesus, como aquele “pastor que o conduzia e n´Ele
não faltaria coisa alguma” (Salmo 22,1).
O interessante que todos os dez, de forma igual, estavam passando pelo mesmo “vale
escuro”, também chamado de “vale da sombra da morte” (Salmo 22,4), porém só um,
repito, só UM voltou para reconhecer e mostrar gratidão por Aquele que foi, que
é e sempre será.
Pode se interpretar, também,
com segurança que os 9 leprosos que não voltaram para agradecer, consideraram
Jesus um mágico, que foi explorado para satisfazer suas vontades egoístas e
mesquinhas. Usaram Jesus como um objeto de forma até abusiva. E Ele, ou seja,
Jesus, nos versículos 17, 18,19, do capítulo 17, do evangelho de São Lucas,
sabia disso e, partir desse fato abusivo, ensinou uma lição não só ao leproso agradecido, mas
também a todos nós nesta quarta-feira, sobre o quão é valioso e importante ter
o espirito de gratidão a Deus por todas as graças; todas as bênçãos; todas as
curas; todos os milagres, sinais prodigiosos que recebemos.
Não podemos ser “insensatos,
rebeldes, extraviados, escravos de toda a sorte de paixões e prazeres, vivendo
na maldade e na inveja, dignos de ódio e odiando uns aos outros” (Tt 3,3) e nem
buscar ter sentimentos de autossuficiência, individualismo ou individualidade,
coração egoísta que acha que todas as coisas boas acontecem sem a intervenção e
a ajuda de Deus. Isso é uma atitude demasiadamente herética, que não é da
vontade do Nosso Senhor Deus.
Até mesmo porque, “Ele nos
salvou (...) por sua misericórdia e, também por Ele fomos justificados pela
graça, de forma que possamos se aptos a nos tornar herdeiros da vida eterna”.
(Tt 3,7)