Do Blog da Rose-Portal Band.com/ comentário do blog
O arcebispo de Campinas, dom
Airton José dos Santos, enviou um comunicado às igrejas católicas com
orientações sobre como os padres e diáconos devem agir nas eleições desde ano.
O texto engloba desde o perfil de um candidato que deve merecer os votos dos
fiéis católicos até medidas que os representantes das igrejas devem tomar para
evitar constrangimentos durante as visitas dos candidatos.
Entre as 12 orientações estão,
por exemplo, uma que proíbe que nas missas, celebrações e reuniões, os
responsáveis pelos eventos não devem dar a palavra a candidatos e nem devem
permitir que circulem panfletos ou qualquer tipo de propaganda eleitoral. O arcebispo
pediu ainda que os párocos e administradores paroquiais devem zelar pelos
espaços dos templos para evitar que sejam utilizados por atividades que possam
denotar privilégio ou proteção a alguma sigla partidária.
Já no caso de fiéis leigos que
são candidatos a algum cargo – de vereador ou prefeito – a igreja orienta para
que eles sejam afastados das funções que exercem dentro da comunidade da fé
para evitar mal estar entre os integrantes das igrejas.
Quanto ao perfil dos
candidatos, o arcebispo diz que além de quesitos como honestidade, ética,
competência e transparência, também diz que o político que merece o voto do
católico deve ter “compromisso decisivo na defesa da vida, desde sua concepção
até seu declínio natural”, ou seja, candidatos que defendem o aborto não devem
receber os votos dos católicos.
Campinas tem 636,7 mil
católicos.
A íntegra do texto:
Aos Revmos. Srs. Padres,
Diáconos, Religiosas e Religiosos;
aos fiéis que assumem
responsabilidades em nossas Paróquias e Comunidades;
e a todo o povo de Deus.
ORIENTAÇÕES QUANTO A
PARTICIPAÇÃO DAS PARÓQUIAS, COMUNIDADES E DE TODOS OS FIÉIS NO PLEITO DE 2012
QUE ESCOLHERÁ OS PREFEITOS E VEREADORES NOS NOVE MUNICÍPIOS DA ARQUIDIOCESE DE
CAMPINAS.
1. Com estas orientações
lembramos a todos da responsabilidade dos cidadãos e das comunidades eclesiais
no pleito que irá escolher os prefeitos e seus vices bem como os vereadores,
dos nove municípios que constituem nossa Arquidiocese. Não podemos deixar de
lado a tradição da Doutrina Social da Igreja que considera a participação na
política uma forma elevada do exercício da caridade – uma maneira exigente de
viver o compromisso cristão a serviço do próximo.
2. Sabemos que é urgente criar,
em nossos municípios, estruturas que consolidem uma autêntica convivência
humana, promovendo os cidadãos como reais sujeitos políticos. No município, a
política pode atender às necessidades concretas da população: saúde, educação,
segurança, transporte, moradia, saneamento básico e tantas outras (cf. Doc.
Aparecida, 403)
3. O voto depositado na urna
exige dos eleitores e das pessoas eleitas um compromisso com a consolidação da
democracia. As pessoas eleitas são chamadas a concretizar a mística do serviço,
na esperança e na perseverança, construindo um mandato coletivo, em busca do
bem comum, com a garantia de dar continuidade aos projetos positivos da
administração anterior. As pessoas que tem a responsabilidade de eleger são
convidadas a acompanhar as que são eleitas no cumprimento de sua missão e a
valorizar as que atuam com critérios éticos definidos.
4. A cultura da corrupção
perpassa nossa história política. A corrupção pessoal e estrutural convive com
o atual sistema político brasileiro e vem associada à estrutura econômica que
acentua e legitima as desigualdades. Por isso, é necessário estarmos atentos e
zelar para que a Lei 9.840, contra a corrupção eleitoral, seja aplicada. Ela
ajuda a assegurar a lisura tanto na campanha eleitoral quanto no momento das
eleições.
5. A formação política dos
candidatos exige que a ética seja o farol a orientar os quatro anos de mandato,
num contínuo diálogo entre o Poder local e suas comunidades. Estamos todos em
processo de contínua educação para a cidadania e o exercício do voto é um dos
instrumentos eficazes para as mudanças necessárias para o País.
6. A Igreja, em sua missão de
evangelizar, tem a responsabilidade de iluminar as consciências dos cidadãos,
despertando as forças espirituais e promovendo os valores sociais, através da
pregação e do testemunho. Uma manifestação inequívoca desse empenho, encontramos
na Encíclica do Papa Bento XVI, Deus Caritas est, que exorta os cristãos leigos
a assumir compromissos na política, também partidária (n.29). Esta tarefa é de
competência exclusiva dos fiéis leigos e leigas e não dos clérigos (Cân. 285,
§3).
7. Neste período que antecede
as eleições, exortamos a todos para que participem dos debates e reflexões
sobre os programas dos partidos e as qualidades dos candidatos. Nossas
Paróquias e comunidades podem e devem se empenhar para oferecer a possibilidade
dos debates e reflexões.
8. Como discípulos missionários
de Cristo, encontramos reforço no Documento de Aparecida que inspira e apoia a
ação da Igreja na formação das consciências (n.406). Por isso, se temos a
responsabilidade de iluminar as consciências a respeito das próximas eleições,
entramos no campo dos critérios de discernimento.
9. O elenco de critérios abaixo
é de suma importância para fazermos um bom discernimento sobre os candidatos:
• Respeito ao pluralismo
cultural e religioso;
• Compromisso ético dos
candidatos;
• Compromisso decisivo na
defesa da vida, desde sua concepção até seu declínio natural;
• Compromisso decisivo na
promoção e defesa da família e seus direitos inalienáveis;
• Compromisso com a liberdade
de iniciativa no campo da educação, da saúde e da ação social, em parceria com
as organizações comunitárias;
• Ser dotado de qualidades
imprescindíveis que são comprovadas pelo histórico de vida: HONESTIDADE,
COMPETÊNCIA, TRANSPARÊNCIA, VONTADE DE SERVIR AO BEM COMUM.
10. Quanto aos fiéis leigos que
se candidatam a cargos públicos, o Pároco ou Administrador Paroquial e a
própria comunidade de fé terão a responsabilidade de acompanhá-los de perto.
Este acompanhamento deverá ser continuado se a pessoa for eleita. Contudo, se a
pessoa que se torna candidata exerce alguma função de destaque na Paróquia ou
comunidade, o Pároco ou Administrador Paroquial deverá orientar para que, no
período da campanha eleitoral, ela se afaste da função que exerce para não
criar mal estar na comunidade de fé e entre os batizados.
11. Os Párocos e
Administradores Paroquiais cuidem para que os espaços da Paróquia ou comunidade
não sejam utilizados por atividades que possam denotar privilégio ou proteção a
alguma sigla partidária.
12. Nas Missas, celebrações,
reuniões ou algum outro evento, não se dê a palavra a candidatos e nem se
permita que circulem panfletos ou qualquer tipo de propaganda eleitoral. Também
não se forneçam listas de endereços ou de contatos dos dizimistas, membros dos
vários conselhos e coordenações da Paróquia.
Que o Espírito Santo nos
inspire tudo o que for bom e justo para a glória de Deus Pai, e que o Evangelho
de Cristo seja luz para os nossos passos. Empenhemo-nos na tarefa de ajudar a
construir a sociedade justa, fraterna e solidária.
Pela intercessão de Nossa
Senhora da Conceição, nossa Padroeira, Deus vos abençoe.
Campinas, 1 de agosto de 2012.
Dom Airton José dos Santos
Arcebispo Metropolitano de
Campinas
Comentário do Blog: Excelente iniciativa, só espero que, principalmente os petralhas (petistas), não façam o mesmo que fizeram com o o saudoso arcebispo emérito de Guarulhos, também no Estado de São Paulo, Dom Luiz Bergonzini, que nas eleições presidenciais de 2010 foi perseguido e teve materiais conscientizador recolhido pela militância partidária.