terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nossa Senhora de Guadalupe






Nossa Senhora de Guadalupe
Amanhã, é dia de Nossa Senhora de Guadalupe, vejam a história dessa santa devoção.




Canção Nova - Num sábado, no ano de 1531, a Virgem Santíssima apareceu a um indígena que, de seu lugarejo, caminhava para a cidade do México a fim de participar da catequese e da Santa Missa enquanto estava na colina de Tepeyac, perto da capital. Este índio convertido chamava-se Juan Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002).
Nossa Senhora disse então a Juan Diego que fosse até o bispo e lhe pedisse que naquele lugar fosse construído um santuário para a honra e glória de Deus.
O bispo local, usando de prudência, pediu um sinal da Virgem ao indígena que, somente na terceira aparição, foi concedido. Isso ocorreu quando Juan Diego buscava um sacerdote para o tio doente: "Escute, meu filho, não há nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Acaso não o escolhi para mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais do que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe. Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite agora mesmo, porque ele já está curado. Filho querido, essas rosas são o sinal que você vai levar ao Bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá minha vontade e a cumprirá. Você é meu embaixador e merece a minha confiança. Quando chegar diante dele, desdobre a sua "tilma" (manto) e mostre-lhe o que carrega, porém, só em sua presença. Diga-lhe tudo o que viu e ouviu, nada omita..."
O prelado viu não somente as rosas, mas o milagre da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, pintada prodigiosamente no manto do humilde indígena. Ele levou o manto com a imagem da Santíssima Virgem para a capela, e ali, em meio às lágrimas, pediu perdão a Nossa Senhora. Era o dia 12 de dezembro de 1531.
Uma linda confirmação deu-se quando Juan Diego fora visitar o seu tio, que sadio narrou: "Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou a mim. Disse-me também que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac e que sua imagem seria chamada de 'Santa Maria de Guadalupe', embora não tenha explicado o porquê". Diante de tudo isso muitos se converteram e o santuário foi construído.
O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem. O tecido, feito de cacto, não dura mais de 20 anos e este já existe há mais de quatro séculos e meio. Durante 16 anos, a tela esteve totalmente desprotegida, sendo que a imagem nunca foi retocada e até hoje os peritos em pintura e química não encontraram na tela nenhum sinal de corrupção.
No ano de 1971, alguns peritos inadvertidamente deixaram cair ácido nítrico sobre toda a pintura. E nem a força de um ácido tão corrosivo estragou ou manchou a imagem. Com a invenção e ampliação da fotografia descobriu-se que, assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, da mesma forma a figura de Juan Diego, do referido bispo e do intérprete se refletiu e ficou gravada nos olhos do quadro de Nossa Senhora. Cientistas americanos chegaram à conclusão de que estas três figuras estampadas nos olhos de Nossa Senhora não são pintura, mas imagens gravadas nos olhos de uma pessoa viva.
Declarou o Papa Bento XIV, em 1754: "Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros... uma Imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja... Deus não agiu assim com nenhuma outra nação".
Coroada em 1875 durante o Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada "Padroeira de toda a América" pelo Papa Pio XII no dia 12 de outubro de 1945.
No dia 27 de janeiro de 1979, durante sua viagem apostólica ao México, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e consagrou a Mãe Santíssima toda a América Latina, da qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira.

Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!

Dom Odilo: “Enquanto ‘católica’ e, em nosso caso, também ‘pontifícia’, ela está ligada à Igreja, segue as suas diretrizes e deve realizar as suas atividades de maneira coerente com os ideais, princípios e comportamentos católicos”.





Cardeal Odilo Pedro Scherer.
 Dom Odilo Scherer 
Estadão - 8 de dezembro de 2012


A recente nomeação da reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), professora Anna Maria Marques Cintra, causou diversas reações na comunidade acadêmica dessa instituição de ensino superior: estranheza, contrariedade e aprovação. Aparentemente, o motivo foi a escolha, pelo grão-chanceler da universidade, não do primeiro nome da lista tríplice que lhe foi apresentada, mas do terceiro. Reações até certo ponto compreensíveis.

Talvez algumas reações tenham decorrido de interpretação equivocada do processo de escolha do reitor e do vice-reitor da PUC de São Paulo. Conforme o Estatuto da PUC-SP, compete ao Conselho Superior da Universidade (Consun) “organizar, através de consulta direta à comunidade, por meio de processo eletivo, a lista tríplice de nomes de professores para escolha e nomeação do Reitor e respectivo Vice-Reitor, nos termos deste Estatuto, encaminhando-a ao Grão-Chanceler” (artigo 21, XXII).

E prevê ainda o mesmo Estatuto que ao grão-chanceler compete “escolher e nomear o Reitor e o Vice-Reitor dentre os professores de uma lista tríplice organizada e encaminhada pelo Consun” (artigo 43, II). Portanto, não se trata de escolha direta do reitor e do vice pela comunidade universitária. Se assim fosse, não haveria sentido na apresentação de uma lista tríplice pelo Consun e estaria prevista a eleição direta, pura e simples, do reitor e do vice pela comunidade universitária. Não é isso, todavia, o que consta no estatuto.

É verdade que a escolha do reitor recaiu, tradicionalmente, sobre o nome mais votado, pelas razões que a autoridade competente julgou convincentes – eu mesmo, na escolha precedente, procedi dessa forma. Mas se, desta vez, se seguiu outra ordem, é porque essa possibilidade sempre esteve implicada na própria apresentação da lista tríplice pelo Consun ao grão-chanceler.

Toda essa questão leva a refletir algo mais sobre as universidades católicas, que estão ligadas à Igreja e são regidas, quanto à sua natureza e à sua missão, pela Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae (Do Coração da Igreja, 1991), do papa João Paulo II. Elas têm sua origem “do coração da Igreja” e expressam, da maneira que lhes é própria, a missão da Igreja na busca e na explicitação do verdadeiro saber (sapientia) e do bem da humanidade. No que se refere ao ordenamento acadêmico, elas seguem a legislação civil do país onde se encontram; mas quanto à sua identidade, à sua orientação e aos seus objetivos específicos, estão sujeitas às normas da Igreja.

Uma universidade católica, como qualquer outra, é uma comunidade de estudiosos, dos vários campos do saber humano; também ela se dedica à pesquisa, ao ensino e às várias formas de serviço à sociedade, compatíveis com sua identidade e sua missão. Enquanto “católica” e, em nosso caso, também “pontifícia”, ela está ligada à Igreja, segue as suas diretrizes e deve realizar as suas atividades de maneira coerente com os ideais, princípios e comportamentos católicos – nem se poderia esperar que fosse diversamente, ou até o contrário disso.

No entanto, não equivale isso a dizer que todos os que frequentam uma universidade católica devam ser confessionalmente católicos. A própria PUC-SP acolhe muitos estudantes que não professam a fé católica. E são todos bem-vindos, a liberdade de consciência é plenamente respeitada e o credo católico não é imposto a ninguém. É certo, porém, que a própria universidade tem a missão de apresentar e honrar a sua identidade diante de todos os que a frequentam e integram a comunidade acadêmica.

A liberdade de pensamento, de ensino e de manifestação das ideias, consagrada pelas Constituições dos países democráticos, assegura esse direito às instituições confessionais e não confessionais. Regimes totalitários, geralmente, são intolerantes em relação a universidades “confessionais”, ou que não se alinhem plenamente ao pensamento único e oficial, impedindo até mesmo a sua existência e a sua livre atuação.

Poderia parecer que as universidades católicas, e outras de tipo confessional, existem tão somente para a vantagem das próprias instituições que as mantêm, mas isso é outro equívoco. Elas são, antes de tudo, instituições de educação, de ensino, de formação de pessoas e de fomento da cultura dos povos, à luz de suas próprias percepções e interpretações da realidade. E não deve ser visto como um dano para a sociedade que haja instituições com diversos tipos de diretrizes na educação e na formação dos cidadãos. O conjunto da cultura e do convívio social fica enriquecido com uma sadia pluralidade educacional. Contrariamente, se tudo tendesse ao pensamento oficial e único, haveria o risco de uma cultura monótona e com horizontes sempre mais estreitos. Isso não representaria um benefício para a convivência plural e democrática.

A universidade católica tem uma contribuição específica a dar para a formação cultural; e essa contribuição decorre da visão cristã sobre o homem e o mundo, que tem desdobramentos, entre outros aspectos, na filosofia em geral, na antropologia, na ética, na educação, na psicologia, na economia, na política e também na técnica. Esses princípios cristãos oferecem uma forma própria de interpretação sobre o homem, a sociedade, as relações sociais e a História; e também, sobre a natureza e a interação do homem com o ambiente da vida.

Mais uma vez, entendo que a universidade católica não tem a finalidade de impor as expressões próprias de uma “cultura cristã” às pessoas e ao convívio social, mas de oferecê-las como contribuição, que procede da sua própria autoconsciência, para o enriquecimento da cultura e da vida social.

A universidade católica é, por excelência, um espaço de diálogo cultural, onde ela tem muito a oferecer, ex corde Ecclesiae, a partir do âmago de sua identidade, de sua mensagem e da experiência secular da Igreja.