Kelen Galvan
Da Redação, com colaboração de Danusa Rego (CN Roma)
AFP Religiosos participam no Vaticano de simpósio sobre pedofilia na Igreja Católica
O assessor de Direito Canônico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frei Evaldo Xavier Gomes, participa do Simpósio em Roma sobre o combate à pedofilia. Segundo ele, o evento é riquíssimo, pois reúne representantes de 110 Conferências Episcopais e de 30 ordens religiosas para discutir o problema do abuso sexual praticado por membros da Igreja contra menores.
"[O evento] é significante porque mostra que a Igreja toma uma decisão, mais do que nunca, positiva, firme e definitiva de rejeição desses abusos", destacou.
Frei Evaldo disse ainda que o simpósio, que tem por tema "Em direção à cura e à renovação", mostra que a Igreja busca renovar a si mesma. E isso também é importante para a Igreja no Brasil, que prepara um documento para instruir os membros do episcopado sobre como se comportar diante desses casos.
O simpósio prossegue até quinta-feira, 9, na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Posição da Igreja
Eu vim enviado pela CNBB, não chega a ser um representante, mas em nome da CNBB eu participo desse simpósio. Esse encontro é extremamente significativo, importante para a Igreja no mundo e para a Igreja no Brasil.
Imaginem que temos aqui 140 pessoas de todo o mundo, representantes de 110 Conferências Episcopais, representantes de 30 ordens religiosas, que se reúnem para discutir o problema do abuso sexual praticado por membros da Igreja, por clérigos, contra menores.
É significante porque mostra que a Igreja toma uma decisão, mais do que nunca, positiva, firme e definitiva de rejeição desses abusos. E por isso, o título é extremamente significativo, ele foi tomado de uma conferência que o Papa, em um de seus pronunciamentos na Irlanda, para a cura e a renovação.
Nos últimos anos, esses anúncios de casos de abusos sexuais cometidos por clérigos causaram grande dano à Igreja. A imprensa, com muito alarde divulga esses casos, muitas vezes, dando uma dimensão maior do que a dimensão do próprio caso em si. Outras vezes, correspondendo à realidade. De toda forma, não é importante agora julgar a ação da imprensa, o importante é que a Igreja definitivamente rejeita esses casos e trilha esse caminho para a cura e renovação.
Missão da Igreja
A Igreja busca renovar a si mesmo, abrir novas estradas, e isso é importante também para a Igreja no Brasil. A CNBB, também preocupada com isso, elabora agora um documento que instrui os bispos, membros do episcopado brasileiro, sobre como se comportar diante desses casos. Mas de toda forma, nós católicos rejeitamos essas práticas.
O que deve ressaltar aos olhos da sociedade é a missão da Igreja. E é pela missão que nós estamos aqui, em defesa dessa missão, de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. A Igreja é aquela que anuncia Jesus. E por isso, não tem lugar na Igreja para aqueles que causam o mal contra menores, como dizia o Papa João Paulo II.
A Igreja é o lugar da saúde e não da doença, é o lugar do bem, do resgate, e não da destruição de vidas ou do dano às crianças ou pessoas indefesas. A Igreja é lugar do amor, é o lugar da fé.
O Congresso
O congresso é riquíssimo. Eu sou canonista, portanto meu foco vai diretamente para o Direito Canônico, mas a importância desse congresso é que nós temos aqui psicólogos, sociólogos, pessoas de diversas ciências. E o bom direito é aquele que é informado do direito de outras ciências.
A lei por si só ela não pode ser aplicada de forma eficaz. Ela é aplicada de forma eficaz quando ela é informada também por outros elementos: da psicologia, da sociologia, da teologia, etc. E aqui, nesse simpósio nós temos tudo isso, portanto, é um momento riquíssimo, na nossa vida como Igreja, que olha para o futuro, que caminha com a testa elevada dizendo, nós cumprimos a nossa missão - rejeitamos o mal e o pecado dentro de nós.
Na manhã de hoje, nós tivemos palestrantes da Inglaterra, Estados Unidos, África do Sul, ou seja, todo mundo aqui se faz presente nesse esforço conjunto, universal, de nós como Igreja, buscarmos eliminar aquilo que o Santo Padre chama "o pecado, o mal, que causa ferida na Igreja de Cristo".