sábado, 10 de julho de 2010

15ª Semana do Tempo Comum – Domingo – Cor Verde

Um dos aspectos mais trabalhados na liturgia de hoje é, exatamente, uma pergunta: Quem é o meu semelhante?Ou em algumas traduções: quem é o meu próximo?É muito comum, acharmos que o nosso próximo ou semelhante é alguém da nossa família, colega de escola ou trabalho, um vizinho ou simplesmente um “irmão” de Igreja.
A primeira leitura retirada do livro de Deuteronômio 30, 10-14, nos ensina que Deus nos ensina a pedagogia da obediência como simbolismo da conversão. E obedecer aos mandamentos do Senhor não é árduo, desde que a vontade da obediência nasça de um coração sincero e de uma alma sedenta disso.
Com efeito, as palavras de Deus são precisas, como diz o Salmo 18B. Isto quer dizer que o Senhor é fiel e é tão simples que até os humildes podem compreendê-las. Entretanto, o Salmo nos chama atenção para uma questão delicada: Iaweh, nome hebraico para o Senhor, nos alerta que Ele é mais desejável, mais querido que todas as riquezas da Terra.
Por isso, que há toda uma orientação sobre falsas doutrinas que ensinam a respeito de um deus dinheiro (mammon) e deus “poder” humano. Em Cl 1,15-20, Cristo, imagem e filho de Deus invisível, ensina que Ele é Cabeça do corpo eclesial.Ele é o principio e fim.Cristo se fez pobre para o pobre, ou seja, nasceu indigente e morreu indigente, o que contraria a Teoria da Prosperidade.
Vejam irmãos, Jesus sendo pobre teve, também, predileção ao amor pelos mais pobres. Era uma das condições para que o seu seguidor obtivesse a vida eterna. “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo”, era também uma resposta que Cristo dava a um dos inúmeros questionamentos e desafios a que os discípulos e os doutores ou mestres da Lei lhe faziam.
Na parábola do Bom Samaritano, narrada por Jesus aos doutores da Lei, conta a estória de um homem que no caminho entre Jericó e Jerusalém, foi espancando, furtado e teve suas veste quase todas arrancadas por assaltantes, alem de deixa-lo muito ferido –em estado deplorável.Na ocasião, três pessoas passaram para ajudar: um sacerdote, um levita e um samaritano.Os dois primeiros passaram e o trataram com indiferença e o último, o samaritano teve compaixão.
O samaritano fez de tudo por aquele homem: aproximou-se dele, colocou diversos curativos, derramou óleo e vinho nas suas feridas, o embarcou no seu próprio animal – veículo da época – e o levou para uma pensão com o objetivo de tratar o ferido melhor.
Embora Jesus, enquanto judeu, tivesse algumas diferenças e discordâncias, no tocante a religião dos samaritanos (Jo 4, 1-13), foi misericordioso com ele. E é com essa misericórdia que Deus Filho, nos chama fazer o mesmo: ajudar a quem precisa.
No Brasil e em todo mundo existem várias entidades sociais filantrópicas com o nome de Bom Samaritano. São hospitais gerais, asilos de idosos, albergues voltados para todas as faixas de idade e para os mais pobres, casas de recuperação para todo tipo de vícios, dentre outros lugares assistenciais. Outras, embora não recebam este nome, elas vivem, de igual forma, sua missão social como se tivesse. Todas elas seguem o princípio de fazer o bem, sem olhar a quem está fazendo o bem.

14ª Semana do Tempo Comum – Sábado - Nossa Senhora I – Cor Branca

Hoje as leituras litúrgicas reacendem uma polêmica sobre Nossa Senhora, principalmente dentro de uma perspectiva teológica. Vamos a uma introdução, analisando a primeira leitura que está no livro de Isaías 6,1-8.No texto do profeta maior, descreve que o Senhor Deus , sentado num trono celeste, se manifesta através dos serafins, para confiar uma missão muito preciosa a Isaias.O profeta ouvia dos serafins – potencias celestes - (v.2) que “O Senhor era santo, santo e santo, o Senhor Iaweh do Universo; toda a terra proclama e está repleta de sua glória”(v.3).Esse versículo é utilzado nas Orações Eucarísticas.
A epifania (manifestação do Senhor)deixou Isaías assustado, primeiro, porque mesmo sabendo que Deus era Santo, se achava impuro, leia-se pecador (v.6). Mas Deus sempre preferiu os pecadores e sempre esteve disposto a perdoar os pecados (v.7).Deus escolhe os chamados e capacita os escolhidos.Tanto no discurso de Pedro ( Lc 5,8), no discurso do centurião (Mt 8,8), no proferido pelo profeta Oseias (Os 11,9) e no de João Evangelista( I João 3, 19-20), há um padrão de reconhecimento de Deus como Senhor Santo e que ele é o Rei.
Mas é de João Evangelista a expressão que “Deus cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).Com efeito, um discípulo não “pode arvorar ser maior que o mestre, nem o servo pode se achar mais elevado que o seu Senhor”(Mt 10, 24). Deus é aquele que tudo vê (Mt 10,26), que nos exorta a missão (temos que dizer como Isaías): Eis me aqui, Senhor!) (v.27), nos chama a atenção de todo o mal (v.28).
Sim, Jesus no Evangelho de Mt 10,24-33, afirma que o homem tem de reconhecer o Senhorio de Deus, reconhecer Sua Grandeza, saber sua posição na vida.
Maria Santíssima que consideramos na liturgia de hoje, sabia de tudo isso. Em Lucas 1,38, ela ao assumir a missão de gerar Jesus em seu ventre, dizia: “Neste lugar está a SERVA (ou em algumas traduções a ESCRAVA) do SENHOR, faça-se em mim, segundo a TUA vontade.No Magnificat (Lc 1, 46 -56), ela começa dizendo “Minha alma glorifica ao Senhor, meu Espírito exulta de alegria, em DEUS, MEU SALVADOR, pois olhou para sua pobre SERVA (v.47).
Nossa Senhora, mulher imaculada, sabia que aquele menino sempre se ocuparia das coisas do Pai (Lc 2, 49). Jesus, nessa época com 12 anos, disse isso aos pais preocupados, depois de O ser encontrado discursando com Doutores da Lei, três dias depois de se perder da comitiva que retornava de Jerusalém.
Jesus era Deus, mas como qualquer criança era submisso e respeitador dos pais.Quando cresceu, por volta dos 30 anos, Jesus e a sua mãe era os convidados de uma boda em Caná da Galileia (Jo 2, 1-12).Lá Cristo fez o seu primeiro milagre: transformou água em vinho.Isso aconteceu com a intercessão de Maria, que, vendo a necessidade da festa cujo vinho festivo havia acabado, disse aos serventes: “Fazei o que Ele vos disser”(V.5).
Diferente do que muitos protestantes dizem, Maria nunca quis ser mais que Jesus, nunca quis ser chamada de Deusa, mas ela é a Mãe de Jesus, portanto, Theotókos (Mãe de Deus).
Maria é aquela que intercede, roga pelos pecadores e cujo nome tem de ser respeitado, pois, “no fim, seu imaculado coração, há de triunfar”.