Papa Francisco ao lado de dois coroinhas, na missa celebrada na Capela Santa Marta. |
Rádio Vaticano - “Cristãos mornos são aqueles
que querem construir uma Igreja na própria medida, mas esta não é a Igreja de
Jesus”. Foi o que afirmou o Papa Francisco durante a Missa celebrada na Capela
da Casa Santa Marta na manhã deste sábado, 20.
Na celebração, estavam
presentes os voluntários do Dispensário Pediátrico ‘Santa Marta’, no Vaticano,
confiado às Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, que há 90 anos
trabalham com crianças e famílias necessitadas de Roma, sem distinção de
religião ou nacionalidade. Ao lado do Papa, como coroinhas, duas crianças.
Refletindo sobre a leitura dos
Atos dos Apóstolos, Papa Francisco disse: “A primeira comunidade cristã, depois
da perseguição, vive um momento de paz, se consolida, caminha e cresce ‘no
temor do Senhor e com a força do Espírito Santo’”. Segundo o Papa, é nesta
atmosfera que respira e vive a Igreja, chamada a caminhar na presença de Deus e
de modo irrepreensível.
Então acrescentou: “É um estilo
da Igreja. Caminhar no temor do Senhor é um pouco o sentido da adoração, da
presença de Deus, não? A Igreja caminha assim e quando estamos na presença de
Deus não fazemos coisas erradas e nem tomamos decisões erradas. Estamos diante
de Deus. Também com a alegria e a felicidade: esta é a força do Espírito Santo,
isto é o dom que o Senhor nos deu – esta força – que nos faz andar em frente”.
No Evangelho proposto pela
liturgia de hoje (20), muitos discípulos acham muito dura a linguagem de Jesus,
murmuram, se escandalizam e por fim abandonam o Mestre. “Estes – disse o Santo
Padre -, se afastaram, foram embora, porque diziam ‘este homem é um pouco
estranho, diz coisas que são muito duras e não podemos com isto… É um risco
muito grande seguir este caminho. Temos bom senso, não é mesmo? Andemos um
pouco atrás e não tão próximos a ele’. Estes, talvez, tivessem alguma admiração
por Jesus, mas um pouco de longe: não queriam se misturar muito com este homem,
porque ele diz coisas um pouco estranhas…”
Para o Santo, estes cristãos
não se consolidam na Igreja, não caminham na presença de Deus, não tem a força
do Espírito Santo e não fazem crescer a Igreja”. São cristãos de bom senso,
afirmou o Papa, mas “somente isto”. “Tomam distância. Cristãos, por assim
dizer, ‘satélites’, que tem uma pequena Igreja, na sua própria medida. Para
usar as mesmas palavras que Jesus usou no Apocalipse, ‘cristãos mornos’. Esta
coisa morna que acontece na Igreja… Caminham somente na presença do próprio
bom-senso, do senso comum… aquela prudência mundana: esta é uma tentação justo
da prudência mundana”.
Na homilia, Papa Francisco
recorda dos tantos cristãos “que neste momento dão testemunho, em nome de
Jesus, até o martírio”. “Estes – afirma – não são cristãos satélites, porque
vão com Jesus, no caminho de Jesus”. “Estes sabem perfeitamente aquilo que
Pedro disse ao Senhor, quando o Senhor lhe faz a pergunta: ‘Também vocês querem
ir embora, serem ‘cristãos satélites’? Responde-lhe Simão Pedro: ‘Senhor, a
quem iremos, só tu tens palavras de vida eterna’. Assim, um grupo grande se
torna um grupo um pouco menor, mas daqueles que sabem perfeitamente que não
podem ir a outro lugar, porque somente Ele, o Senhor, tem palavras de vida
eterna”.
O Papa conclui sua reflexão com
esta oração: “Oremos pela Igreja, para que continue a crescer, a consolidar-se,
a caminhar no temor de Deus e com a força do Espírito Santo. Que o Senhor nos
liberte da tentação daquele ‘bom senso’, da tentação de murmurar contra Jesus,
porque Ele é muito exigente e, da tentação do escândalo. E assim por diante…”.