Leniéverson Azeredo Gomes
É a primeira vez que colocarei este artigo em primeira pessoa, por um motivo muito especial: travar um tema muito espinhoso, nos dias de hoje: a relação Universidades ó Religiões ó Aparelho Ideológico partidário nos Diretórios Centrais Estudantis, Sindicatos dos Professores e Sindicato dos Funcionários.
Eu me formei em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Uniflu – Faculdade de Filosofia de Campos dos Goytacazes/RJ, em 2003. Ao concluí-lo, tinha de apresentar a banca examinadora, além das três mídias (Jornal, Programa de Rádio e um Vídeo), uma monografia.
Nela, eu fiz questão de, acima de tudo, agradecer a Deus por tudo, com destaque as noites mal dormidas, principalmente na reta final de execução da monofilha (nome que carinhosamente dei a minha monografia depois de compará-la com uma bebê que foi parida, após nove meses de gestação). Eu também citei minha família, meu orientador e todos aqueles que, direta ou indiretamente, me ajudaram com suas orações e apoio moral. Mas, para mim, quis agradecer de forma muitíssimo especial a Deus, por ele ter me empurrado, quando estava desanimado e, revigorado minhas forças, quando estava cansado.
Na ocasião, tanto o meu orientador do meu projeto monográfico, quanto a banca examinadora que a avaliou o mesmo, não fizeram nenhuma objeção ou negativa de eu ter agradecido a Deus pelo bom êxito do meu trabalho.
Entre os anos de 2000 e 2003, período em que eu estudei lá, tinha conhecimento de professores que não acreditavam em Deus, principalmente minha professora de antropologia e sociologia, mas no hall de entrada da Instituição de Ensino Superior havia um oratório, que se encontra lá até hoje. A instituição não é católica, mas a reitora e muitos funcionários eram: praticantes ou de IBGE (como se fala daqueles que são católicos de estatística).
Por conta dessa realidade, comecei a perceber que, dentro de uma Universidade, havia várias tendências ideológicas, e, que em muitas delas, a religião era uma questão non grata, por alguns professores acadêmicos. Mas, graças a Deus, a perseguição aos cristãos não era algo institucionalizado naquele lugar. Menos mal, não é?
Anos depois, acompanhando o desenrolar do papiro da história da minha vida, enquanto alguém com nível superior, pude ver que, em algumas faculdades, em especial da área de humanas , vem adotando cada vez mais os textos marxistas.
Marx era um filosofo alemão que viveu entre os anos de 1818 e 1883.Com Engels, criou uma concepção ideológica (Marxismo) que defendia dentre outras coisas que, “a religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.” (Crítica da filosofia do direito de Hegel). Para Marx e Engels, a religião e, consecutivamente a pessoalidade divina, eram um conjunto de fábulas inventadas pelo homem.
O Marxismo também julgava no seu imaginário que deve-se haver uma revolução das minorias oprimidas, naquela época os proletariados ou trabalhadores, hoje, dentre outras coisas, também os trabalhadores, os homossexuais, os pobres, os defensores do aborto e usuários de drogas, como a maconha.
Recentemente, li uma matéria que, cuja explicação, pode ser facilmente explicada nos três parágrafos acima. O título da mesma era: Estudante tem trabalho científico recusado por agradecer a Deus.
Pois é, minha gente uma graduanda do 8º Período de Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Campus Garanhuns, teve seu Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso (TMCC ou TCC), por que lá na parte de agradecimentos, ela citou Deus.
A aluna foi intimada a retirar a citação, mas a mesma rejeitou.
A monografia recusada abordava a questão dos produtores de leite e os orientadores do curso já haviam solicitado para que ela retirasse o agradecimento do trabalho, na justifica da universidade está escrito: “Seu trabalho não foi aceito (…) agradecimentos devem ser relacionados à pesquisa e não a Deus”(vejam abaixo).
Protestante ou Evangélica, como queiram, a jovem, depois do apoio de seus colegas de turma, procurou o pastor de sua igreja, este que procurou a afiliada mais próxima do SBT, para que a emissora fizesse uma reportagem sobre o fato. Prontamente atendido, a matéria foi feita e, inclusive, foi exibida em Rede Nacional, pelo Jornal do SBT – veja a matéria abaixo.
Depois da matéria, a universitária recebeu apoio de outros lideres religiosos protestantes e, também, do bispo da diocese de Garanhuns, Dom Fernando Guimarães, que escreveram uma carta de apoio a jovem.
De acordo com o bispo da cidade que fica no agreste pernambucano, é notória a perplexidade da questão e acrescenta:
“A recusa de um trabalho explicitamente porque o aluno introduz o trabalho com um agradecimento a Deus… isto me surpreende profundamente”.
De acordo com o bispo da cidade que fica no agreste pernambucano, é notória a perplexidade da questão e acrescenta:
“A recusa de um trabalho explicitamente porque o aluno introduz o trabalho com um agradecimento a Deus… isto me surpreende profundamente”.
Depois de tanta pressão, a Instituição de Ensino Superior pernambucano, voltou atrás e aceitou com louvor o Trabalho de Conclusão de Curso da aluna.
Essa intolerância religiosa em espaços escolares, não é a primeira a ocorrer e não será a última. Mas há outros precedentes no Brasil e em outros lugares do mundo, clique nos links.
Diante desses fatos citados acima, fica muito difícil não enxergar intolerância religiosa na postura da universidade pernambucana e mostra também como as universidades sejam elas públicas ou privadas, estão cada vez mais aparelhadas ideologicamente.
Tadinha, a jovem queria se formar e o aparato ideológico intolerante religioso quase queria estragar o barato da mesma? Antes de explicar melhor esse aparato, deve-se fazer alguns questionamentos sobre o assunto.
1) A autonomia para escolher a quem agradecer a realização de um trabalho de conclusão de curso, pertence ao graduando ou a Instituição de Ensino Superior? Tendo em vista que:
a) Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento:
I - a soberania;
II - a cidadania e
III - a dignidade da pessoa humana.
b)O Art. 3º, Constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - Garantir a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária.
c) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei e
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
2) O que diz a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre a questão no tocante aos agradecimentos: Ela está ao lado da aluna ou dos integrantes da Instituição de Ensino Superior? Irei mostrar como outras universidades públicas trabalham a questão dos agradecimentos, fazendo algumas variações da regra da ABNT.
a)USP – Universidade de São Paulo
ABNT NBR 14724:2011
Agradecimento
Texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos àqueles que contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho
b) UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
Agradecimentos (opcional): àqueles que contribuíram de
maneira relevante, ou mesmo instituições de fomento
(Fapesp , Capes, CNPq etc.).
(Fapesp , Capes, CNPq etc.).
NBR 14724:200 UFMG
c) UNISINOS – Universidade Vale dos Sinos –RS
Agradecimentos
Os agradecimentos (elemento opcional), devem ser dirigidosàqueles querealmente contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho,(empresas ou organizações que fizeram parte da pesquisa) ou pessoas (profissionais, pesquisadores, orientador, bibliotecário, bolsistas, etc.) que colaboraram efetivamente para o trabalho.
A Universidade Federal Rural de Pernambuco usa a mesma metodologia científica, e, nota-se que, em nenhum momento, há um impedimento de colocar o nome de Deus. Enfim, a universidade poderia ter evitado esse desgaste, mas preferiu continuar na intolerância religiosa.Futuramente irei abordar de forma mais profunda como o aparelho ideológico interfere diretamente na vida universitária e na vida cristã.Confira.