Leniéverson Azeredo Gomes
Victor Hugo foi vítima de latrocínio – roubo seguido de morte
- ,na terça-feira à noite, na porta do seu prédio, no bairro de Belém, Zona
Leste de São Paulo.
Um das coisas que mais me corta
o coração é que, no final das contas, as pessoas que morrem baleadas acabam
virando números em alguma estatística no setor de segurança pública ou viram
estrelinhas - uma forma de se explicar a uma criança quando se morre um ente
querido de forma grave ou não. Pessoas não deveriam virar números, estrelinhas
ou purpurinas. Pessoas são pessoas. Tem carne, osso, alma, mente, espírito,
coração, famílias que as amam. Tem sentimentos rolando. Eu poderia falar desse
caso que aconteceu em São Paulo, assim como poderia falar do Rio ou em outros
lugares do Brasil.
Eu me recordo que, quando fazia
faculdade de jornalismo, aqui em Campos/RJ, entre os anos de 2000 e 2003, um
dos grandes medos que eu e outros alunos tinhamos era ser vítima de bala
perdida, de sermos vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte), se sermos
apenas, repito APENAS assaltado. A faculdade fica perto de uma favela ou
comunidade carente, como queiram designar, que tem tráfico de drogas.
Isso minha gente, em Campos dos Goytacazes/RJ,
a maior do Estado, onde eu nasci e moro até hoje, é uma cidade de meio 'mila' de
habitantes e está violenta. Mas e o poder público no Brasil? Não esquente meu
povo, vocês estão num "paraíso", lembram-se do seriado "A Ilha
da Fantasia", do Senhor Roarke?
Sim, o Brasil é como aquela
Ilha. Estamos "se-gu-ris-si-mos". Aqui ninguém se preocupa em fazer
uma autêntica reforma penal, ninguém discute a redução da maioridade penal
(cuidado discutir isso com a Maria do Rosário, a ministra 'entendida' de Direitos
Humanos do PT - é aquela mesma que diz que o Marco Feliciano, é incapaz de
presidir uma comissão de direitos humanos e minorias-, muitos Assistentes
Sociais e outros 'especialistas dá problemas e discussão para mais de metro),
modificação nas leis sobre crimes hediondos, etc. Tudo no Brasil, todas as leis
favorecem a impunidade, inclusive o Estatuto da Criança do Adolescente (que a
meu ver tinha de ser repaginado - mudado), pois diz:
“Art. 247. Divulgar, total ou
parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome,
ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo
a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena – multa de três a vinte
salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Artigo 2º - Se o fato for
praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena
prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da
publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
como da publicação do periódico até por dois números”. Menor que comete crime,
não é um jovem, é bandido e tem de punido por isso.
Sou daqueles que defendem a religião para se trabalhar a temática da criança. Afinal, deve-se "ensinar à criança o caminho a qual ela deve seguir; mesmo quando ela envelhecer, dele não há de afastar" (Pr 22,6).Só assim, ajuda a evitar o crescimento de menores infratores, não com sentimentalismos ideológicos do ECA.
Por outro lado, não há beijaço de artistas
famosos protestando, nem membros do PT, do PC do B, do PSOL, da UNE, fazendo
baderna nas reuniões dos Ministérios dos Direitos Humanos e da Justiça e nem a
imprensa batendo na tecla culpando os governos federal, estaduais e municipais.
Indignação seletiva?
Não esquenta, meu povo,
enquanto votamos mal e não exigimos mudanças na política de segurança pública,
no código penal e no ECA, você ou seu(s) ente(s) querido(s) pode(m) ser
candidato(s) certo a virar(em) número(s) estatístico(s), estrelinha(s) no céu
ou purpurina(s). É de arrepiar, não?