Leniéverson Azeredo
Gomes
O tempo de
carnaval está praticamente aí e com ele vem a seguinte pergunta: “Devemos curtir o carnaval do mundo ou fazer
os chamados ‘retiros ou acampamentos de carnaval’?” É claro que o
questionamento nos remente a ideia de escolha. A Igreja não obriga as pessoas a
participarem do ‘carnaval com Cristo’, mas
faz um convite, um chamado, exorta a uma motivação.
Existem,
dentro da Igreja retiros de todos os tipos, desde os mais animados com músicas
e solos de guitarra até os mais silenciosos. Mas há pontos em comum entre as
duas que são a celebração de missas
diárias, adoração, palestras, confissões,
dentre outras coisas. É claro que há retiros de todos os valores, desde
os mais baratos até os mais caros.
Participar de
retiros de carnaval, não significa apenas desejar viver um clima de
espiritualidade evangélica, mas sim uma oportunidade ímpar, uma oportunidade valiosa,
para fazer ou construir novas amizades, em Cristo, amizades que te levam para
Cristo. São ambientes que fortalecem o desejo pela fraternidade.
Por isso, se deve
ter em mente, que a ação de se retirar no Senhor, não pode ser em hipótese
alguma, uma fuga da vida com a família ou fugir de si mesmo. É um ato de
encontro pessoal com o Autor da Vida, com aquele que se dá por inteiro por mim,
por você e por todos nós: Deus Trinitário.
No novo
testamento (Mt 26, 36ss; Mc 14,32ss e Lc 22, 39ss) Cristo e os seus discípulos se dirigiam ao
Monte das Oliveiras. Ele e os seus apóstolos iam nesse lugar para se retirar. Nos
evangelhos de Mateus e Marcos, diz que eles antes de ir para esse lugar cantava
o canto dos Salmos. Nos retiros atuais, do século XXI, tanto no processo de
preparação e a realização do evento, quanto na ida e vinda dos retirantes, deve
ou deveria ter um clima de oração. O louvor a Deus deve ser uma forma de clamor,
uma forma de diálogo com Ele.
Em Mateus e
Marcos, Jesus já no Monte das Oliveiras ministrava aos seus discípulos, uma
rica palestra, que nada mais nada menos, era uma predição sobre a ressurreição
dele mesmo e que Pedro, o negaria três vezes.
Da mesma forma, que nos dias de hoje, diversos leigos e padres são
convidados para partilhar com quem se retira, assuntos ligados a teologia
aplicando a vida cotidiana.
O texto de
Lucas, diferente dos livros de Mateus e
Marcos, mostra um Jesus preocupado com a questão da tentação. Ele – Cristo - orava
sem cessar, no sentido de pedir aos céus para que somente praticasse coisas
santas, somente fizesse a vontade do Pai, ao passo que ensinava, também, aos
discípulos a não se renderem a tristeza espiritual, que produz tentação.
Nota-se, que o Jesus e os discípulos tinham um hábito, um costume de ir ao
Monte para práticas sagradas.
Nos dias
atuais, muitas pessoas, muitos cristãos, tem dificuldade de ver nos retiros uma
oportunidade de dizer a si mesmo que deseja ‘buscar primeiro o Reino de Deus e
a sua justiça’ (Mt 6,33). São convidas – não forçadas - , a passarem um carnaval
diferente, serem separados da folia, da festa paganizada, do evento da carne.
Apesar de tudo, Deus respeita a decisão contrária, mesmo desejando um SIM.
Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos – os que aceitam -. Não aceitam por preguiça, porque o Marido não
deixa, tem medo de se lançar ao novo de Deus, porque tem filhos pequenos, porque vão a praia, etc.
Devemos ser
Sal da Terra, Luz do Mundo e profetas das nações (Mateus 5,13), para
contagiarmos esse mundo tão cheio de hedonismo, onde se busca o prazer pelo
prazer, devemos mostrar a mundos e fundos que comanda a nossa vida: Deus ou o
nosso egoísmo?
Retirai-vos no
Senhor e busquem a santidade.