terça-feira, 6 de julho de 2010

Conversando sério sobre as novelas de TV

Por Leniéverson Azeredo Gomes

Vem aí, mais um campeão de audiência! Antigamente era assim, que, emissoras de TV, como a Rede Globo anunciavam a programação que estava prestes a começar. E, como de costume, as famílias, em peso, se reuniam na sala, diante de uma caixa exibidora de imagens, de um mundo mágico e encantador.
As telenovelas, como parte da programação desse mundo mágico televisivo, exercem no ser humano, sobretudo as mulheres, um fascinante poder de atração, podendo-se dizer, hipnotizador. Muitas delas são capazes de ficar horas a fio, acompanhando as tramas que se desenrolam como um novelo. O produto da teledramaturgia, também acaba gerando modismo, definem formas de penteados, sugerem que marca de objetos deve-se usar, algumas formas de se falar, etc. Quem não lembra de bordões como: “To podendo”, da novela Torre de Babel; “Estou certo ou estou errado?”, da novela Roque Santeiro; ou “Sou moça de ‘catiguria’”, da novela Paraíso Tropical?
De certo, desde a primeira produção a ser exibida, na hoje extinta Rede Tupi, as novelas, como é mais conhecida às peças dramaturgica televisada, fizeram com que a sociedade venha sofrendo rápidas transformações sem precedentes na história. Nem quando, as radio novelas estavam no auge, nos áureos tempos da Rádio Cultura de Campos/RJ ou da Rádio Nacional no Rio de Janeiro, o Brasil sofreu tanta descontextualização ou deteriorização.
Só para se ter uma idéia, nas décadas de 70,80 e 90, do século passado, as novelas da Rede Globo, já atingiam 98% do território nacional, principalmente com advento das antenas parabólicas e a formação da cadeia de afiliadas e retransmissoras e, isso gerou conseqüências graves. Hábitos tipicamente rurais estão em rumo de extinção, havendo assim, a predominância de hábitos urbanos, como o de se alimentar de comidas rápidas, a exemplo de hambúrgueres do McDonald´s. Além disso, são acusadas de promover e ajudar na erotização de crianças e jovens.
Em 2008, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realizou sob a chefia dos pesquisadores, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, um estudo consistente sobre a influência das novelas na sociedade. Eles concluíram que, “a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da TV Globo, se torna disponível nas cidades do país”. A analise conclui, também, que, “desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas, nas novelas, não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade”.
Ao produzirem a pesquisa, os estudiosos apontaram que, “62% das principais personagens femininas, das 115 novelas pesquisadas, entre 1965 e 1999, não tinham filhos e 26% eram infiéis aos seus parceiros” e, que, “a exposição a estilos de vida modernos mostrados na TV, a funções desempenhadas por mulheres emancipadas e a uma crítica aos valores tradicionais mostrou estar associada aos aumentos nas frações de mulheres separadas e divorciadas nas áreas municipais brasileiras”.
E a Igreja Católica?Como ela tem se posicionado sobre o assunto? Pois é, devido a essas questões ligadas a transformações, nitidamente agressivas das famílias e da sociedade, o catolicismo nos últimos 25 anos, pelo menos, vem aumentando o tom das críticas (negativas) sobre as novelas brasileiras.
A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Renovação Carismática Católica Brasileira (RCC – Brasil) e o Conselho Nacional do Laicato Brasileiro (CNLB), três principais órgãos representativos do clero e dos leigos, têm demonstrado, filosófica, sistemática, dogmática, teológica e biblicamente aos fieis católicos, a importância e os porquês de se deixar de ver novelas. A Rede Canção Nova de Comunicação, ligada à comunidade da Renovação Carismática Católica de mesmo nome, desde quando, em 1997, colocou “no ar” seu sinal via-satélite, tem feito em 4 de suas 10 pregações realizadas no Rincão do Meu Senhor (espaço usado para a realização de palestras), uma série de alertas sobre os males que as novelas produzem na sociedade. Inclusive, no processo para se fazer parte dessa e, de outras comunidades da RCC, o postulante é proibido de ver novelas.
Para Antonio Oliveira Storel, coordenador diocesano do CNLB de Piracicaba-SP, a televisão, em especial as novelas, acabam acompanhando o dia-a-dia do “sujeito pensante”.”É Vale a Pena Ver de Novo, Malhação, Novela das seis, Novela das sete, Novela das oito, Novelas da Rede Record, do SBT, da TV Bandeirantes, as mexicanas da CNT, e , se tivesse novelas no domingo estariam lá acompanhando também e, por aí vai”, ele afirma.
Em 1972, a primeira versão de Selva de Pedra, estrelado pela então namoradinha do Brasil, Regina Duarte, e o ator Francisco Cuoco, registraram um dado surpreendente. O Almanaque da Rede Globo, uma publicação da editora que faz parte do mesmo grupo de comunicação da emissora de TV em que a novela foi exibida, afirma que a novela, obteve, 100% de audiência nacional
As novelas das seis e das oito da Rede Globo, respectivamente, “Escrito nas Estrelas” e “Viver a Vida”, por exemplo, é o exemplo clássico disso. A primeira tem conteúdo espírita, mas é de autoria pseudo-católica. Pois é, Elisabeth Jhin, autora da novela, declarou a imprensa que se diz católica, mas não disse se é praticante ou não.
A doutrina espírita se contrapõe à cristã em um ponto principal. Enquanto o espiritismo acredita na reencarnação (o ser morrerá e poderá voltar em outro corpo), o cristianismo acredita na ressurreição (só morrerá uma vez só). E a bíblia nos ajuda a entender isso. A Carta aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27, nos fala que só morreremos apenas UMA vez. O espiritismo nega, pelo menos, outras 39 verdades cristãs católicas, como o respeito ao Papa, a intercessão dos santos e de Maria, etc.
Tão pior quanto uma novela de conteúdo espírita, é uma outra que em todos os seus capítulos deu mostras de como tramas novelísticas podem ser sórdidas de cabo a rabo. Trata-se da novela “Viver a Vida”, do Manoel Carlos, que terminou recentemente. Esse folhetim (nome alternativo para a telenovela) exibido em horário nobre exalou vários cheiros de podridão, ou seja, quem assistiu acompanhou, em alto-relevo, exemplos de contra valores expostos por ela.
Logo no início da trama, Marcos, personagem do ator veterano, José Mayer, trocou um casamento de 30 anos com Teresa (Lílian Cabral) e cujo relacionamento gerou três filhas, entre elas a modelo Luciana (Aline Moraes), que viria a ficar tetraplégica na trama, com a modelo Helena (Thais Araújo), 30 anos mais jovem. Paralelo ao relacionamento com ela, Marcos ainda tem relacionamento com mais duas mulheres, sendo que uma delas – Dora (Giovanna Antonelli) - tem uma filha e tinha envolvimento afetivo com outra pessoa.
A atual novela das “oito”, que na prática é das nove, Passione, é outro caso bizarro de maus exemplos. De acordo com dados do jornal paulista Folha de São Paulo, a personagem da atriz Maitê Proença, só nos primeiros nove capítulos da trama, traiu o marido, a exatas 23 vezes, isso, você leu bem, 23 VEZES.
De acordo com o código penal e para o cristianismo católico, poligamia é, respectivamente, crime e pecado contra a formação familiar. Nos cinco primeiros livros da Bíblia, Deus faz duras considerações sobre isso e a questão do adultério. A lei penal de Moisés, por exemplo, dizia que todo homem e mulher pegos por traição eram condenados por apedrejamento. A legislação mosiática descrita em Lv 20, 10 e Dt 22, 22-24 foi quase aplicada na Parábola da Mulher Adúltera (João 8, 1-10).
Com efeito, as novelas globais e de outras emissoras, querem incitar aos telespectadores a idéia de que trair é “normal”. Talvez você possa estar achando as informações, até agora, aqui descritas são repetitivas. Mas elas têm um propósito alertar as mulheres e homens de que a narrativa novelística pode encantar; seduzir e até viciar.
São justamente os mesmos passos de quem se envolve com o uso de drogas: se encantou, foi seduzido e se viciou. Pois é, minha gente alguns psicólogos trabalham com a idéia de que novela é uma droga, porque entorpece, relaxa, acalma.
Diante desse grave panorama, como disse acima, as novelas são temas recorrentes de debates da CNBB e palestras da RCC. Embora, o alvo seja todos os católicos, a preocupação maior é com os chamados agentes de pastorais que muitas vezes, deixa de participar da programação semanal para assistir novelas.
Muitas vezes padres e pregadores leigos são acusados de interferir na vida e no gosto pessoais dos fieis. Essa acusação é feita pela mídia profana e, também, por alguns freqüentadores da missa de preceito (domingos e festas).Certamente, essas insinuações se devem pela falta de formação. A missão dual (dupla) da Igreja é anunciar e denunciar.
Concluindo que o catolicismo está brigando contra um aparente gigante, lembrando a luta de Davi contra Golias. É um assunto polemico, mas espera-se que esse gigante seja derrubado pela fé e não usando cinco pedrinhas, dentro de uma pequena bolsa. Quem viver, verá!

2 comentários:

Luzia disse...

oi passei para dizer que seu blog ta ficando cada vez melhor, andei lendo algumas coisas.bjos com carinho

Blog Católico do Leniéverson disse...

Valeu, amor, com suas orações irá ficar melhor ainda.
Beijos.