terça-feira, 6 de julho de 2010

Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Por Leniéverson Azeredo Gomes*


Desde o principio da história da salvação, encontramos relatos da desobediência humana para com o Sagrado – Deus. Adão e Eva, nossos primeiros pais, foram criados a imagem e semelhança de Deus, o que conferiu aos dois a santidade original. A narrativa dos três primeiros capítulos do livro do Gênesis descreve de forma detalhada e sucinta a alegria divina com as suas criaturas. Deus, a partir daquele momento, estabeleceu uma amizade com elas. As criaturas humanas, ou seja, Adão e Eva foram intimados pelo criador a não “comer do fruto da árvore da ciência” (Gn 2,17). O não comer do fruto dessa árvore deve ser interpretado por exegese ou interpretação teológica como o “estabelecer” de um limite que o homem não deveria transpor, de forma que, ele – criatura, reconhece e respeita o Sagrado – Criador.
Mesmo sabendo disso, os primeiros pais se deixaram levar pelos encantos de uma voz sedutora, simbolizados pela serpente astuta. A tática para seduzi-los era que, se comesse deste fruto seriam como deuses e; conhecedores do bem e do mal. (Gn 3,1-20).Consequentemente, seguindo a narrativa genésica, tudo que era perfeito se torna imperfeito, tudo que Deus tinha feito sem pecado, tornou pecaminoso.
Ao percorremos as estações desta linha férrea, chamada Antigo Testamento, podemos encontrar rastros de transgressões a lei divina. O assassinato de Caim por Abel (Gn 4, 3-15), a corrupção universal em decorrência do pecado (Gn 6.5.12), a história de Israel quando o pecado se manifestou frequentemente pela infidelidade ao Deus da Aliança e, em decorrência disso, ocorre uma transgressão a Lei de Moises.( I Cor 1,6; Ap 2,3), são exemplos marcantes da desobediência humana.
Podemos deduzir, do ponto de vista dos casos relatados acima que, a desobediência ou transgressão se dá, por considerar a Verdade Divina como algo que não tem muito valor ou que, num determinado momento deveria ser relativizada – pode se transgredir para não ter sentimento de culpa.
Se nós voltarmos ao episódio da transgressão de Adão e Eva, entendemos que, além de desobedecerem às ordens do Criador, definiram em si mesmos o estado da culpa original – deixaram de seguir os mandamentos de Deus-Pai, para seguir a si mesmos.
Nesse momento, urge recorrer a tradição cristã que vê nesse cenário, um anúncio de um “Novo Adão”, em Jesus (I Cor 15,21-22.45), por sua “obediência até a morte de Cruz”(Fl 2,8) e de, pela plenitude dos tempos (preparação para a concepção do Messias), uma “Nova Eva”, em Maria – a mãe de Jesus (Concílio de Trento: DS 1573).
De fato a vinda do Messias/Cristo, reparou, pela “obediência de morte de cruz”(Fl 2,8), a desobediência de Adão.Para o documento Denzinger-Schönmetzer Echiridion Symbolorum, definitionum et declarationum de rebus fidei et morum (DS), Cristo nos revelou com sua vida; seu ministério sobre a Terra, que é possível “seguir a vontade divina, sem estar em resistência e nem em oposição a ela, mas, antes de tudo, se deixar subordinar pela vontade do Todo-Poderoso.” (DS: 556).
A narrativa em que Ele - Jesus é tentado no deserto (Mt 4,1-11) é, sem sombra de dúvidas, um dos exemplos de luta de resistência contra as insígnias do mal. Naquela ocasião o Diabo, tentou de todas as formas possíveis e imagináveis fazer com que o Filho de Deus sucumbisse aos desejos satânicos.
Até o momento da sua paixão, Jesus se manteve firme na obediência ao Pai de uma forma jamais vista. E, após a sua “morte de cruz”, deixou um legado que pode ser encontrado com evidencia nas primeiras comunidades cristãs (At 2,42-47). Havia um esforço naquele núcleo comunitário para viver, dentre outras coisas, de acordo com a lei de Deus (At 2,42). Para eles, a convivência com a doutrina era a coisa mais natural mais natural do mundo.
No entanto, após o reinado de Constantino (313), essa obediência à legislação houve um arrefecimento considerável que perdura até os dias de hoje.
A falta de obediência pode provocar inúmeras “dores de cabeça”, não só a Igreja, mas aos irmãos de sangue ou na fé – induzindo ao fiel a fazer coisas que são contrárias à doutrina da Igreja como a prática do aborto, votar em políticos corruptos, o uso da camisinha e de outros instrumentos contraceptivos, criticarem a hierarquia da igreja, etc. A falta de fé pode gerar, e muito, a desobediência e, com isso fazer que as pessoas cristãs ou não-cristãs pratiquem coisas contra a fé cristãs. São exemplos de maneiras de se atentar contra a fé, e, por conseguinte, revelar desobediência: a heresia, a apostasia, a cisma e a blasfêmia.

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