Leniéverson Azeredo Gomes
Xilogravura da passagem de Mc 12,13-17 |
Como se sabe,
os fariseus eram homens versados na Lei Divina e na Lei de Moises, mas tinham
muita dificuldade de aplicá-la com a misericórdia e, em outros casos, não
correspondiam em atitude prática o que defendiam em suas teses. A fé deles, ou
seja, dos fariseus era carregada de uma ausência de obras, apenas na
disseminação de teoria.
Hoje, o
evangelho do dia, Mc 12, 13-17, traz até nós, um exemplo de como os fariseus queriam sempre colocar
Jesus a prova, só que desta vez a mando de autoridades locais. No versículo 14,
os fariseus começam tecendo elogios sobre o fato de que Jesus era o verdadeiro
santo de Deus, não fazia distinção de pessoas e ensinava a verdade revelada às
mesmas. Depois da bajulação, disparam com a pergunta: “É permitido ou não pagar imposto a César? Devemos pagar ou não?”.
Nos versículos
seguintes, podemos reparar que Jesus ao ver cada vez mais, os fariseus O testarem,
havia mandado que eles trouxessem uma moeda para que seja vista pelos tais
entendidos da lei de Moisés. Assim, que a moeda foi trazida, Jesus perguntou
aos fariseus qual imagem estava impressa na moeda e eles responderam que era de
César.
Então, o Filho
de Deus, prontamente argumentou: “Dai a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Os tais fariseus ficaram
imensamente admirados ao se depararem com tanta sabedoria, mas esta fala de
Jesus não fez com que aqueles versados na Lei desistissem de arguir o Mestre.
Vamos entender
como, através dessa passagem, Jesus conseguiu a admiração, mas não o
convencimento definitivo da sacralidade de Cristo. Desde o princípio da
história Cristã, a afirmação do “senhorio
do Filho de Deus sobre o mundo e sobre a história” (Ap 11, 15) significa
também o reconhecimento de que o homem não deve submeter sua liberdade pessoal,
de maneira absoluta, a nenhum poder terrestre, mas somente a Deus Pai e ao
Senhor Jesus Cristo: César não é “o Senhor”
- lembrem-se de Mc 12, 17. A Igreja Católica crê que “a chave, o centro e o fim de toda a história
humana se encontra em seu Senhor e Mestre”. (Constituição Dogmática Gaudium
et Spes 10, 2; confiram também no 45,2).
César era um imperador
romano, mas não era Deus. César tinha um reino que, extrapolava
territorialmente as fronteiras de Roma, mas o Reino de Jesus-Deus não era deste
mundo e Ele sempre nos ensinava a buscar em “primeiro lugar o Seu reino e as outras coisas seriam acrescentadas”.(Mt
6,33)
De acordo com
o artigo 2242, do Catecismo da Igreja Católica, “o cidadão é obrigado em consciência
a não seguir as prescrições das autoridades civis quando estes preceitos são
contrários às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas
ou aos ensinamentos do Evangelho. A recusa de obediência às autoridades civis,
quando suas exigências às da reta consciência, funda-se na distinção – ou acepção
– entre o serviço a Deus e o serviço à comunidade política”. O que o Catecismo
da Igreja Católica quer nos orientar é “ mais aconselhável obedecer antes a
Deus que aos homens”.(At 5,29)
Muitos santos venerados
pela Igreja Católica morreram, pois, tinham por preferência obedecer mais a
Deus do que autoridades humanas ditas competentes. Mas valia “morrer do que
pecar”. São Bonifácio, santo alemão que liturgicamente se comemora hoje, dia 5
de junho, foi monge beneditino e um grande missionário que deu seu ‘sangue,
suor e lágrimas’ pelo evangelho.
Vitral de São Bonifácio |
Reconhecido pelo título de “Apóstolo da
Alemanha” e o “Evangelizador de países como a França”, foi martirizado por pagãos
armados apareceu e assassinou São Bonifácio – leia a história de vida dele aqui- , quando
era Arcebispo em uma diocese alemã, onde realizava um intenso trabalho de
evangelização sobretudo com a comunidade frísia. E você quer dar sua vida a César ou Deus? Quem
é o seu Senhor? A escolha é totalmente sua.
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