Leniéverson Azeredo Gomes
Todos os dias, noticiários divulgam relatos de uma prática que anda aterrorizando as escolas. Trata-se do Bullying, expressão inglesa que significa ato de valentia de alguém em relação a outrem. Normalmente o praticante dessa modalidade de valentia, explora a fraqueza da vítima e começa a intimidá-lo diariamente. O Bullying pode ser de natureza verbal e, em alguns casos podem chegar a agressões físicas, indo até a morte.
Há até o Cyber Bullying, onde acontece a exposição do ato pela rede mundial de computadores, por exemplo, no Youtube, em sites de relacionamento do orkut, entre outros. Normalmente, as vítimas são, negras, homossexuais, “emos”, baixinhos, feios, gordos, deficientes, enfim, todos aqueles as quais são considerados “pratos cheios” para os agressores. E o Ministério Público Federal, tem firmado parcerias com os provedores de e-mail e sites de relacionamentos para identificar os agressores pelo seu endereço de IP (Protocolo de Internet), de forma que localize a origem dos computadores. Mas nem sempre isso é fácil, alguns como o Google – mantenedora do Orkut - resistem à fiscalização sob pretexto de que não tem como fiscalizar todo mundo, embora eles digam que estejam cooperando “da melhor forma possível”.
E as escolas, principalmente as particulares, não vêm lidando com o assunto com a seriedade devida, não há uma punição ao agressor, o que muitas vezes acontece, no máximo é uma suspensão. Os diretores dos colégios têm medo de serem legalistas e punitivos, temendo que os pais – que em muitos casos passa a mão na cabeça – retirem os filhos da escola.
Mas recentemente, algumas “ilhas” de luz têm surgido para que algumas mudanças aconteçam. Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, uma diretora de uma escola pública, tomou uma medida radical. Cansada de ver atos de violência entre os estudantes daquela escola, convidou os pais de alunos para uma reunião com os professores e com autoridades da segurança pública daquele estado. Em conjunto, decidiram que o praticante do Bullying – o valentão – seja punido com medidas sócio-educativas, por exemplo, capinar o mato da escola, pintar paredes, limpar banheiros por um determinado período de tempo. No início, encontraram uma resistência ali e aqui, mas independente da polêmica, o resultado, foi quase imediato: o índice de violência naquela escola reduziu quase a metade.
O sucesso da medida, divulgada em rede nacional pelos meios de comunicação de massa, fez com que a Secretaria de Educação sul-matogrossense implantasse a mesma em todo o estado. E com a repercussão do sucesso, outras secretarias estaduais e municipais estão discutindo se implantam ou não a bela iniciativa.
Na ficção, o Bullying também é explorado a esmo. No seriado “Todo mundo odeia o Chris” (2005-2008), baseado na biografia do ator afro-americano Chris Rock, o protagonista Chris (James Tyler) é alvo diário de socos e humilhações de James Caruso – aluno de cor branca.
Diferente do personagem da ficção que continuou a estudar na mesma escola, as vítimas de bullying têm medo de voltar a estudar no mesmo ambiente que o agressor e, o impacto psicológico é imenso e, podem durar vários anos, o rendimento escolar piora, a pessoa fica mais reservada, não-raro os casos de depressão juvenil, enfim, há todo um estrago na vida do estudante.
O autor desse texto entende de cátedra sobre o Bullying, aos 7, 11 e 13 anos respectivamente. Na primeira vez, torceram o seu braço, na segunda o quebraram e na terceira um soco na boca: tudo isso em escolas diferentes. E, claro, como relatado acima provocou algumas conseqüências, alguns superados ou não.
Concluindo, a sociedade civil organizada e a classe política partidária de todo o país precisam focar esse assunto, para que se corte o mal pela raiz ou continuaremos com essa ferida exposta de nossa juventude.
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