Folha de São Paulo -A Justiça determinou neste domingo (23) que a
professora Anna Cintra poderá retornar à reitoria da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo). Ela havia sido afastada semana passada
devido a um imbróglio após a eleição na universidade.
A informação foi dada pelo advogado da Fundação São
Paulo (mantenedora da universidade), Antônio Meyer. Ele argumentou no pedido de
reconsideração que uma instituição como a PUC-SP não pode ficar
"acéfala".
Desde a semana passada, quando a Justiça havia
afastado Cintra em julgamento de primeira instância, a universidade estava sem
reitor.
DECISÃO ANTERIOR
Na quarta-feira, o juiz Anderson Cortez Mendes
havia estipulado multa de R$ 10 mil por cada ato feito por Anna Cintra como
reitora e decidiu que o cargo deveria ser ocupado interinamente pelo professor
Marcos Tarciso Masetto.
A medida foi tomada após o Centro Acadêmico 22 de
Agosto, da faculdade de direito, notificar o juiz que a decisão anterior --que
suspendeu a nomeação da nova reitora-- não estava sendo cumprida.
Horas antes do anúncio de Anna Cintra, dom Odilo
Pedro Scherer, 63, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC disse que é
preocupante que a Justiça se manifeste em relação à escolha do reitor.
"Parece que é um precedente preocupante que a
Justiça se proponha a nomear o reitor interino de uma instituição que tem plena
autonomia para se governar", disse.
"A PUC tem mecanismos para resolver sua crise
sem precisar de intervenção, contanto que esses mecanismos sejam plenamente
levados à sério", completou dom Odilo Scherer.
Em nota, a Fundação São Paulo afirmou que os
estudantes que entraram com o recurso estão "violando as normas internas
da universidade". "Vamos lutar na Justiça para repor e fazer valer o
estado de direito na PUC. Anna Cintra é a reitora, ela foi empossada e está
trabalhando", disse o cardeal.
Dom Odilo Sherer, arcebispo de SP, diz se preocupar
com a intervenção da Justiça na PUC
RECURSO
De acordo com o cardeal Dom Odilo Scherer,
grão-chanceler da PUC-SP, "a democracia se caracteriza pelo respeito às
regras do jogo e da não imposição de vontades autocráticas. A normalidade
institucional foi plenamente respeitada e a democracia na PUC, se assim se pode
dizer, foi plenamente respeitada". O arcebispo de São Paulo afirmou que
"a Igreja zela pela identidade e bom andamento da PUC. Eu espero que não
haja intervenção de forma alguma e, por isso mesmo a própria universidade deve
se moderar".
Quando questionado como veria a nomeação de outro
candidato que não tivesse ganhado as eleições caso fosse estudante da PUC-SP,
dom Odilo declarou que não veria estranheza no processo. "Sabe-se com
antecedência que a eleição não é o termo final, ela serve para a apresentação
da lista tríplice, mas não para a apresentação de um único candidato".
Dom Odilo Scherer se recusou a explicar o veto a
Dirceu de Mello, ganhador da eleição. "Eram três candidatos com condições
de dirigir a PUC. Escolhi um por razões que cabem ao grão-chanceler
avaliar".
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