Diversas lideranças indígenas, ribeirinhos, agricultores, pescadores e moradores da Região do Xingu protestaram nesta terça-feira, 8, em Brasília contra a construção da Usina hidrelétrica em Belo Monte, região do Xingu. Os manifestantes, que exigem a paralisação da obra, foram recebidos pelo Secretário Geral da República, Rogério Sottilli, a quem entregaram uma carta endereçada à presidente, Dilma Rousseff.
Na carta, as lideranças pedem a paralisação do processo de licenciamento da obra, cujo investimento está avaliado em cerca de R$ 19 bilhões e, quando pronta, seria a terceira maior hidrelétrica do mundo. Exigem também que o governo federal avalie outra carta assinada por cerca de 30 especialistas de universidades brasileiras, como Federal do Rio, Federal do Pará e Universidade de São Paulo, com argumentos científicos que desaconselham a obra.
O documento entregue a Sottili, que também reivindica maior participação da sociedade civil nos projetos energéticos nacionais, tem 604 mil assinaturas.
“Quero que vocês vejam o Governo como um parceiro. Podemos não chegar a um consenso, mas vamos construir as políticas por meio do diálogo” disse Sottili.
O bispo da prelazia de Xingu e presidente do Cimi, dom Erwin Krautler enviou mensagem confirmando sua posição contra a Usina Belo Monte. “Não aceitamos que o nosso maravilhoso Xingu e outros rios da Amazônia sejam sacrificados por barragens que atingem profundamente milhares de famílias, constituem um dano irreparável para o meio-ambiente e, além disso, são economicamente desaconselháveis“, disse o bispo em carta.
A manifestação fez parte da programação do Seminário sobre a Usina hidrelétrica de Belo Monte e a Questão indígena, realizado na segunda-feira, 7, na Universidade de Brasília (UnB) e contou com a participação de representantes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), entre outros.
Seminário
A vice-procuradora geral da República, Débora Duprat, durante o seminário que aconteceu na segunda-feira, 7, criticou o empreendimento por não considerar um estudo de impacto ambiental. "Quando foram inauguradas as audiências públicas, não havia um estudo de impacto ambiental porque não havia um estudo sério e consistente sobre o meio antrópico. Isso é uma farsa de todo o processo democrático que inspira o processo de licenciamento", disse a vice-procuradora.
A emblemática liderança da tribo Kayapó, Megaron Txucarramãe declarou ser contra qualquer tipo de negociação. “Mesmo que a Eletronorte ou a Dilma encha essa sala de dinheiro, eu não vou aceitar Belo Monte, porque o dinheiro não paga o lugar que será inundado, porque será inundado para sempre e isso eu não quero! Vou sempre falar não, não e não! Essa é a nossa posição!”, afirmou Megaron.
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