domingo, 28 de abril de 2013

Papa Francisco afirma que só a Igreja Católica tem a competência para conservar e interpretar a Palavra de Deus


Porque essa fala do sumo pontífice é importante e, ao mesmo tempo, mostra porque a chiadeira dos protestantes em relação a ela, não há razão para existir.


Leniéverson Azeredo Gomes

Ele disse isso durante uma audiência na Pontifícia Comissão Bíblica, no Vaticano. De fato, é uma questão aparentemente polêmica, pois na verdade não é. O Santo Padre explanou um conceito, a qual, todo católico deve ou deveria assimilar. Vejamos, a exortação do Sumo Pontífice retoma alguns pontos a seguir, em ordem cronológica:

1º Ponto - A Igreja Católica não foi fundada por Constantino, mas sim por Jesus Cristo, no ano de 33 d.C. Em Mateus 16,16-19, diz: “Simão Pedro respondeu a Jesus: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. Eu te declaro: Tu és Pedro: sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus: o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Este trecho nos assegura que Cristo confiou ao discípulo e pescador Simão Pedro, mais conhecido Pedro, as Chaves do Reino. Teologicamente entregar as Chaves do Reino, significa que o Filho de Deus confiou a Pedro a autoridade da Igreja, que ali estava sendo inaugurada. Pedro Apóstolo - Príncipe dos Apóstolos - recebeu a Chaves do Reino, com a certeza de que, ao morrer, passaria o bastão, ou seja, haveria um sucessor para   conduzir a Igreja Católica.

2º Ponto -  Existe a literatura patrística (entre os séculos 2 a 8 d.C.), ou seja, um conjunto de obras literárias de cunho cristão escrita pelos que foram convencionados de Padres (Pais) da Igreja. São Irineu de Leão, Santo Orígenes, São Justino, São Clemente, Santo Agostinho, Sofrônio, São João, Crisóstomo, São Cipriano de Cartago, São João Damasceno, entre outros, exemplificam quem formam a Patrística. Os Padres da Igreja, profundos estudiosos da Teologia, desenvolveram suas análise exegéticas na Tradição dos Apóstolos ( a mesma descrita como virtude dos primeiros cristãos em Atos 2,42); em acordos teológicos e como tais eram debatidos quase a exaustão até que se chegasse a um consenso sobre alguma temática. Dentro de uma apreciação patrística, as Sagradas Escrituras não cabiam todo o entendimento sobre os ensinamentos divinos. Os protestantes costumam fazer da Bíblia a ÚNICA regra de fé, o ÚNICO instrumento para se compreender a teologia. Mas, o curioso é o fato de muitas lideranças famosas protestantes usarem a patrística para estudos teológicos e como regra de fé em suas igrejas, como se vê aqui, aqui, aqui. É claro que  as lideranças cristãs promovem distorções (manipulação tendenciosa) na interpretação exegética e hermenêutica da patrística. Todos os Padres da Igreja, como tais, foram sacerdotes, bispos católicos e todos os suas pesquisas e reflexões sobre teologia reclinavam beneficamente sobre o catolicismo. Isso significa que havia na patrística, verdadeiros tratados sobre a intercessão de santos, devoção a Nossa Senhora, questões sobre o purgatório, batismo de crianças e, claro, defendendo a Igreja Católica, como a Única e a que, de fato, foi fundada por Jesus Cristo, assim como foi descrito no 1º ponto. 
3ª Ponto - A Bíblia foi compilada, ou seja, montada pela Igreja Católica, no século terceiro, depois de Cristo, durante vários concílios. Como se percebe, de forma clara, evidente e objetiva, as Sagradas Escrituras não nasceram prontas, a construção dos textos sagrados, se deu por um amadurecimento teológico – leia-se inspiração divina-, por um discernimento para separar o que era apócrifo (falso) e o que era canônico (verdadeiro). Cada detalhe foi feito, de maneira super criteriosa e bastante séria. Segundo consta, a primeira bíblia impressa – a de Gutemberg – tinha todos os 72 livros da tradução católica, ao contrário da tradução protestante, cuja redação foi criada no século XVI, que tem 66.

4º Ponto – Fora da Igreja [católica] não há salvação – “O Santo Concílio ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De fato, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-se presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Batismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Batismo  É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar”. Embora esta definição tenha sido dito quase a exaustão por Santo Agostinho e São Cipriano de Cartago, como foi dito no 2° ponto, eram os primeiros padres da Igreja, ela virou, digamos assim, mais enfática do ponto de vista dogmático-doutrinal com o Papa Pio IX, com a Bula Sylabus, elaborada no século XIX.

5º Ponto – Só a Igreja Católica contêm o depósito da fé, o que se chama em latim de “Fidei Depositum”.  Inclusive há uma Constituição Apostólica, também com o nome de Fidei Depositum, redigida e promulgada pelo Papa João Paulo II, em 1992,que chega a ser uma introdução e uma apresentação do Catecismo da Igreja Católica. Inclusive esta Constituição Apostólica se encontra integralmente, no Catecismo.

                Entre o 4º e o 5º ponto, foram escritos alguns documentos que geraram algumas polêmicas, que reforçaram as geradas pela Bula Sylabus. Eis, alguns exemplos delas, em ordem cronológica:

                Unitatis Redintegratio (um dos decretos, do Concílio Vaticano II, em 1964, que fala sobre o ecumenismo), Ut Unum Sint – Que Todos Sejam Um (escrito pelo Papa João Paulo II, em 1995, que fala sobre o empenho ecumênico), esclarecimento sobre as igrejas irmãs (escrito pelo Papa Bento XVI) foram documentos eclesiais que supostamente declaram que a Igreja Católica renunciou ao dogma do “Fora da Igreja não há Salvação”, dito no 4º ponto. Essa afirmação é errada. Nos 40 anos, da Unitatis Redintegratio, em 11 de novembro de 2004, o Vaticano, através do Cardeal Walter Kasper ( então Presidente do Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos , publicou um documento que promove uma intervenção muito pertinente que refuta essa ideia mítica.
 O documento diz que “O movimento ecuménico não renuncia a nada daquilo que até agora foi precioso e importante para a Igreja e na sua história; ele permanece fiel à verdade que na história é reconhecida e definida como tal, e nada lhe acrescenta de novo. O movimento ecuménico e a finalidade que ele mesmo se propõe, ou seja, a plena unidade dos discípulos de Cristo permanece inscrita no sulco da Tradição”.
Além disso, reitera que é errado “quando se faz dele [ o ecumenismo descrito nos documentos ] o fundamento de um pluralismo e de um relativismo eclesiológico, afirmando que a única Igreja de Jesus Cristo subsiste em numerosas Igrejas e que a Igreja Católica é simplesmente uma Igreja ao lado das demais. Semelhantes teorias de pluralismo eclesiológico contradizem a compreensão da própria identidade que a Igreja Católica como de resto também as Igrejas ortodoxas sempre teve ao longo da sua Tradição, compreensão esta que o próprio Concílio Ecuménico Vaticano II desejou fazer sua. A Igreja Católica reivindica para si mesma, tanto no presente como no passado, o direito de ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, em que se encontra toda a plenitude dos instrumentos de salvação (cf. Unitatis redintegratio, 3; Ut unum sint, 14), mas agora adquire consciência disto de maneira dialógica, tendo em consideração também as outras Igrejas e Comunidades eclesiais”.
Diante de tudo isso, é natural que muitos protestantes tenham se incomodados, com a fala do Papa Francisco sobre a questão da interpretação das sagradas escrituras. Mas este incômodo não há razão de sê-lo. Se nós verificarmos os pontos descritos acima, veremos que, de fato, a Igreja Católica foi fundada por Jesus Cristo, vemos que foi a Igreja que, verdadeiramente ‘montou’ a bíblia.
Mas é claro, que com essa análise, pretende estabelecer questões óbvias, que não se resume em discutir quem vem primeiro, se foi A ou B e quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Esse artigo analítico, sobre a fala do  Papa Francisco, pretende insistir, de forma oportuna, que há questões históricas em ordem cronológica, há robustas provas de que, é a Igreja Católica que tem a autoridade máxima para interpretar as Sagradas Escrituras. É, digamos, um direito e uma patente natural. Nada estranho essa observação.
É um perigo dar autonomia para que qualquer um faça a sua própria exegese ou hermenêutica. Vemos por aí, e será debatido em artigo próprio neste blog que, há igrejas e seitas cristãs, que usam a bíblia para proibir as pessoas de dançar festa junina, comemorar aniversários, de doar ou receber transfusão de sangue, de prestar concurso público no sábado, dentre outras coisas. O evangelista São João, no capítulo oitavo, versículo trinta e dois diz, seguramente que “quem conhece a verdade, será liberto”. Mas, a falsa verdade, dita por líderes propagadores de uma doutrina embusteira, podem produzir muito mais prisão (tristeza e depressão) do que libertação.
               

2 comentários:

Anônimo disse...

Modesto o cara, não?

Blog Católico do Leniéverson disse...

Do que você está falando?