Os
discípulos jamais foram iludidos quanto às conseqüências de sua opção pelo
Reino. Embora se lhes acenasse a vida eterna a ser vivida na comunhão com o
Pai, de forma alguma foi-lhes prometido segurança e bem-estar.
O
Mestre foi suficientemente explícito ao alertá-los para um futuro de perseguição,
ódio, flagelos e comparecimento nos tribunais. O supremo testemunho do martírio
poderia provir não das mãos dos inimigos e sim dos próprios familiares. Por
isso, o discipulado deveria aliar uma profunda fé a uma inquebrantável
personalidade, de forma a poderem manter-se firmes nos momentos de provação.
Todavia,
Jesus lhes fez uma revelação importante: seria dado aos discípulos o dom do
Espírito que, nos momentos difíceis, haveria de estar do lado deles,
incutindo-lhes força, colocando em seus lábios palavras adequadas para se
defenderem, incentivando-os a não desfalecerem na fé, a ponto de abrir mão de
sua opção pelo Reino. Movidos pelo Espírito, estariam preparados para
perseverar até o fim, e assim alcançarem a salvação.
Nunca
faltou, ao longo da história da fé cristã, quem se dispusesse a dar um
testemunho consumado de sua adesão ao Reino. Os mártires são verdadeiros
exemplos de fé. Para os de ontem e os de hoje devem se voltar as nossas
atenções, quando almejamos reencontrar a trilha do verdadeiro seguimento de
Jesus.
Oração
Pai,
jamais me falte a luz do teu Espírito, quando sou chamado a testemunhar minha
fé, em meio a desafios e perseguições.
(O
comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em
Exegese Bíblica, Professor da FAJE).
Sobre
as oferendas
Ó
Deus, recebei de nossas mãos as oferendas que hoje apresentamos, comemorando
com alegria o glorioso martírio de santo Estêvão. Por Cristo, nosso Senhor.
Na
história do catolicismo, muitos foram os que pereceram, e ainda perecem,
pagando com a própria vida a escolha de abraçar a fé cristã. Essa perseguição
mortal, que durou séculos, teve início logo após a Ressurreição de Jesus. O
primeiro que derramou seu sangue por causa da fé cristã foi Estêvão,
considerado por isso o protomártir.
Vividos
os eventos da Paixão e Ressurreição, os Doze apóstolos passaram a pregar o
evangelho de Cristo para os hebreus. A inimizade, que estava apenas abrandada,
reavivou, dando início às perseguições mortais aos seguidores do Messias. Mas
com extrema dificuldade eles fundaram a primeira comunidade cristã, que
conseguiu estabelecer-se como um exemplo vivo da mensagem de Jesus, o amor ao
próximo.
Assim,
dentro da comunidade, tudo era de todos, tudo era repartido com todos, todos
tinham os mesmos direitos e deveres. Conforme a comunidade se expandia,
aumentavam também as necessidades, de alimentação e de assistência. Assim, os
apóstolos escolheram sete para formarem como "ministros da caridade",
chamados diáconos. Eram eles que administravam os bens comuns, recolhiam e
distribuíam os alimentos para todos da comunidade. Um dos sete era Estêvão,
escolhido porque era "cheio de fé e do Espírito Santo".
Porém,
segundo os registros, Estêvão não se limitava ao trabalho social de que fora
incumbido. Não perdia a chance de divulgar e pregar a palavra de Cristo, e o
fazia com tanto fervor e zelo que chamou a atenção dos judeus. Pego de
surpresa, foi preso e conduzido diante do sinédrio, onde falsos testemunhos,
calúnias e mentiras foram a base de sustentação para a acusação. As testemunhas
informaram que Estêvão dizia que Jesus de Nazaré prometera destruir o templo
sagrado e que também queria modificar as leis de Deus transmitidas a Moisés.
Num
discurso iluminado, Estêvão repassou toda a história hebraica, de Abraão até
Salomão, e provou que não blasfemara contra Deus, nem contra Moisés, nem contra
a Lei, nem contra o templo. Teria convencido e sairia livre. Mas não, seguiu
avante com seu discurso e começou a pregar a palavra de Jesus. Os acusadores,
irados, o levaram, aos gritos, para fora da cidade e o apedrejaram até a morte.
Antes
de tombar morto, Estêvão repetiu as palavras de Jesus no Calvário, pedindo a
Deus perdão para seus agressores. Fazia parte desse grupo de judeus um homem
que mais tarde se soube ser o apóstolo Paulo, que, na época, ainda não estava
convertido. O testemunho de santo Estevão não gera dúvidas, porque sua
documentação é histórica, encontra-se num livro canônico, Atos dos Apóstolos,
fazendo parte das Sagradas Escrituras.
Por
tudo isso, quando suas relíquias foram encontradas em 415, causaram forte
comoção nos fiéis, dando início a um fervoroso culto de toda a cristandade. A
festa de santo Estevão é celebrada sempre no dia seguinte ao da festa do Natal
de Jesus, justamente para marcar a sua importância de primeiro mártir de Cristo
e um dos sete escolhidos dos apóstolos.
Fonte: © 2012 DomTotal |Evangelho|
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