A festa de hoje, instituída
pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do
Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os
Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o
Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-Lhe presentes - ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em
sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua
terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José
e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica
lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar'. E
ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o
Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha
sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: 'Do Egito chamarei o meu
filho'. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em
extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois
anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se
cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: 'Uma voz se ouviu em Ramá,
grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir
consolação, porque já não existem'" (Mt 2,11-20) Quanto ao número de
assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os
Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje
que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam
possuir relíquias deles.
Na Idade Média, nos bispados
que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a
destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte.
Tendo escolhido entre si um "bispo", estes cantorzinhos apoderavam-se
das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado
competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar
outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado
o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos
do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado"
oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para
os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal,
principalmente nas comunidades religiosas.
A festa de hoje também é um
convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de "pequenos
inocentes": crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da
violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se
empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o
Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a
um mundo mais justo e solidário.
Santos Inocentes, rogai por
nós!
Fonte: Portal Canção Nova
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