Leniéverson Azeredo com Agências de Noticias
Há casos que muitas vezes pode acabar de
forma desagradável, vejam esta matéria abaixo e vejam como extremismo
doutrinário gera efeito perverso:
Conflito religioso termina em tragédia em Campo Grande
Filha de mãe Testemunha de
Jeová, I.C., de 16 anos, cursava o 2º ano do Ensino Médio da Escola Padre João
Grener, no Conjunto Estrela do Sul. A menina fazia parte de um projeto de dança
e na noite de ontem telefonou para as amigas, chateada pelo fato de a mãe não
ter autorizado a sua participação na apresentação cultural.
Às 9 horas, a Polícia Militar foi acionada para ir até o residencial,
onde a família mora. Por conta do conflito religioso a família enfrentou a
tragédia.
O pai, autônomo, acompanha os peritos que estão na residência, onde a
menina estava sem vida. A suspeita é de que ela teria usado a arma do pai
escondido e desferido um tiro no peito. Abalada, a mãe foi para a casa de uma
vizinha.
Fonte: Jornal News Sul – Campo Grande-MS
“Meu nome é Andréia. Meus pais tornaram-se Testemunhas de Jeová em 1973,
nasci em 1976, portanto, nasci "na verdade", assim como meus outros
três irmãos. (....)Batizei-me aos 10 anos, junto com minha irmã de 11, em um
congresso de Distrito em Belo Horizonte. Sempre fui zelosa, me esforçava para
ser uma TJ perfeita.
Hoje luto contra traumas emocionais profundos em decorrência da rígida
formação como TJ. Hoje sofro profundamente por ter me desligado da Organização
enquanto minha mãe, meu pai, minhas duas irmãs e meu irmão caçula ainda são TJ.
(...)Um dia, logo quando comecei a duvidar, quando disse a meu pai que não
tinha certeza se era realmente ser TJ o que eu queria, minha família foi à
reunião e eu fiquei em casa, me sentindo péssima. Quando eles chegaram, meu
irmãozinho, então com uns nove anos, abriu a porta do quarto e me disse com os
olhos cheios de lágrimas: - "Se você deixar a religião eu nunca mais falo
com você". Aquilo foi como uma faca no meu coração, eu e ele tínhamos uma
relação de tanto amor... eu era (e sou) apaixonada pelo meu irmão, e hoje somos
como dois estranhos (...) Aos 17 anos, depois de terminar o 2º grau, disse aos
meus pais que queria fazer faculdade, eles acabaram concordando, desde que
minha irmã fosse fazer o mesmo curso, e este curso fosse na faculdade que fica
em uma cidade próxima à cidade onde eles moram. Fizemos o vestibular, passamos
e fomos estudar. Durante a semana freqüentávamos as reuniões na cidade onde
estudávamos e todos os fins de semana íamos para casa, e freqüentávamos a
congregação de meus pais.
Apesar de todos os esforços comecei a perceber que todos, nas duas
congregações, nos tratavam como se fôssemos uma espécie de leprosos, pessoas
com quem não era saudável conviver. (...)Aquilo me horrorizou por dentro,
lembrei de todas as crianças, filhos de parentes, de amigos, ou de estranhos
que eu conhecia, e disse para mim mesma:
um Deus de Amor não faria isto com criaturas inocentes que não tiveram a
oportunidade de escolher o seu caminho. Nesta época, conheci o meu atual
marido, que fazia o mesmo curso que eu e começamos a namorar. Uma pessoa
maravilhosa, de mente aberta, amoroso, então eu decidi que não era ser TJ o que
eu queria para minha vida. Falei para o meu pai, disse que queria me dissociar...
Só quem já foi TJ pode entender o que isso significou em minha vida, na
vida da minha família. Meu pai disse que jamais permitiria que outro filho
fizesse faculdade, entre outros absurdos mais.
Uma semana depois fui surpreendida ao ser convidada para uma conversa
com os anciãos, que na verdade era uma comissão judicativa. Eles me
interrogaram sobre minha relação com meu namorado, se tínhamos fornicado, se eu
tinha medo de admitir isso e era por isso que eu queria sair. Eu deixei bem
claros os motivos pelos quais EU NÃO QUERIA MAIS SER TJ, e que minha vida
sexual se existia ou não era um assunto pessoal meu, do qual eu não iria falar
com eles. Alguns dias depois, minha irmã me chamou para uma conversa entre
irmãs, amigas que éramos, e eu então lhe disse que eu não era mais virgem. Dali
ela foi diretamente falar para o meu pai (algo completamente desnecessário, eu
já tinha 21 anos, sabia perfeitamente o que fazia com minha vida, e não queria
mais este conflito com meu pai). O que aconteceu depois disso não sei
exatamente, só sei que ao invés de ser dissociada como eu havia pedido, o
anúncio foi dado nas congregações como desassociação. Incrível! Eu fui expulsa
de um lugar de onde eu havia pedido para sair!!!
A humilhação para mim e para minha família foi maior assim... Isto foi
em 1997. Até hoje tenho pesadelos com o Armagedon! Hoje eu sou uma mulher de 27
anos, casada, tenho uma filha, um emprego público federal, que consegui em um
concurso com mais de 180.000 inscritos em todo o país, e não consigo sequer
comprar roupas para mim sozinha... Parece que uma coisa não tem relação com a
outra, mais tem tudo a ver... Eu tenho dificuldades em me relacionar com as
pessoas em meu trabalho, em minha vizinhança, sou ansiosa, me sinto inadequada
em qualquer círculo social. POR QUE? Passei esta noite acordada e relembrando
minha infância e adolescência... Foi doloroso... Doeu recordar como eu me
sentia, sozinha em um canto na hora do recreio, na escola, porque eu não podia
me relacionar com "mundanos"... a vergonha que eu sentia quando era
aniversário de algum coleguinha do jardim de infância e eu ficava sentada e
calada enquanto meus colegas cantavam parabéns... a ansiedade que eu sentia na
1ª série, quando eu sabia que haveria aula de Religião e que eu tinha que me
levantar e sair da sala, ia para a sala da diretora, morrendo de medo e
vergonha... Lembrei-me de quando os colegas me perguntavam o que eu ia ganhar
no Natal, e eu tinha que dizer que na minha casa não tinha Natal, "Jeová
não gostava de Natal"...
Lembrei-me do quanto eu tinha vontade de me vestir de caipira e dançar
quadrilha nas festinhas juninas da escola, mas "Jeová também não gostava
de festa Junina". Senti novamente a humilhação de ser obrigada a explicar
em voz alta para a professora, por que eu não podia participar da festinha do
dia das mães, explicar porque Jeová não gostava do dia das mães... Senti toda a
solidão e toda a inadequação de viver no mundo, mas não poder fazer parte dele.
Hoje eu não perco a oportunidade de assistir ao desenho He-man quando posso,
pois quando eu era criança eu não podia. Quando eu e minha irmã entramos na
adolescência era preciso implorar para meu pai deixar a gente sair de casa, e
mesmo assim ele ia atrás fiscalizar, depois tinha o sermão, toda aquela
cobrança sobre "mundanos", toda aquela culpa, vergonha, humilhação...
Hoje posso admitir para mim mesma que era constrangedor quando eu
entrava na casa de algum colega no serviço de campo, as gozações que eu ouvia
depois... Acho que todos que passaram por isso sabem do que falo. (...)”.
Fonte: http://parpen.tripod.com/sonhos_destruidos.htm
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