Por Leniéverson Azeredo Gomes
Todos os anos, em todos os lugares do mundo a grande maioria das pessoas comemoram datas festivas como o aniversário pessoal, de algum familiar, de amigos, da escola em que estuda, de uma empresa em que fulano trabalha; uma determinada cidade, do País; se celebram festas de um algum padroeiro ou a eucaristia na Santa Missa – no caso dos católicos -, bodas de casamento, a vitória por algum emprego conseguido; ter passado em um vestibular super concorrido, pela vitória da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo, entre outras ocasiões. Em comum, se celebrar ou festejar algo, promove uma reunião de seres humanos irmanados numa alegria que irradia por estarem juntos por mais um ciclo completo.
No entanto, um grupo de pessoas não comunga desse raciocínio: as Testemunhas de Jeová. Fundada por Charles Taze Russell, no Século XIX, a Sociedade Torre de Vigia, como também são chamadas as Testemunhas de Jeová, não comemoram datas de aniversários pessoais, de amigos e parentes; Dia das Mães, Dia dos Pais, não cantam hinos nacionais, mas curiosamente celebram o aniversário de casamento.
Para entender a questão, vamos estudar as duas principais passagens bíblicas usadas pelas TJ´s – sigla de Testemunhas de Jeová para facilitar a compreensão – que, segundo eles, justificam sua doutrinação sobre aniversários : Gênesis 40, 1-22 e Evangelho de São Mateus 14, 1-12.
Gn 40, 1-22
1 Depois disto, aconteceu que o copeiro e o padeiro do rei do Egito ofenderam o seu senhor. 2 O faraó, encolerizado contra os seus dois oficiais, o copeiro-mor e o padeiro-mor, 3 mandou-os encarcerar na casa do chefe da guarda, na prisão onde se encontrava detido José. 4 O chefe da guarda associou-lhes José para os servir. Havia já um certo tempo que estavam detidos, 5 quando os dois prisioneiros, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, tiveram um sonho numa mesma noite, cada um o seu, com seu sentido particular. 6 Quando José voltou junto deles no dia seguinte pela manhã, viu que estavam tristes. 7 Perguntou então aos oficiais do faraó, detidos com ele na casa do seu senhor: "Por que tendes hoje um ar sombrio?" 8 "Tivemos um sonho, responderam; e não há ninguém para no-los interpretar." "Porventura, não pertence a Deus, replicou José, a interpretação dos sonhos? Rogo-vos que mos conteis." 9 E o copeiro-mor contou seu sonho a José: "Em meu sonho, disse ele, vi uma cepa que estava diante de mim, 10 e nesta cepa três varas, que pareciam brotar; saiu uma flor e seus cachos deram uvas maduras. 11 Eu tinha na mão a taça do faraó; tomei as uvas e espremi-as na taça, que entreguei na mão do faraó." 12 José disse-lhe: "Eis o significado do teu sonho: as três varas são três dias. 13 Dentro de três dias, o faraó te reabilitará em tuas funções. Apresentarás ao faraó sua taça, como o fazias antes, quando eras seu copeiro. 14 Quando fores feliz, lembra-te de mim e faze-me o favor de recomendar-me ao faraó, para que ele me tire desta prisão. 15 Porque é por um rapto que fui tirado da terra dos hebreus, e aqui, igualmente, eu nada fiz para merecer a prisão." 16 O padeiro-mor, vendo que José tinha dado uma boa interpretação, disse-lhe: "Eu também, em meu sonho, levava sobre minha cabeça três cestas de pão branco. 17 Nada de cima, havia toda a sorte de manjares para o faraó; mas as aves do céu comiam-nas na cesta que estava sobre minha cabeça." 18 "Eis, disse José, o que isto significa: as três cestas são três dias. 19 Dentro de três dias, o faraó levantará a tua cabeça: ele te suspenderá numa forca, e as aves devorarão a tua carne." 20 No terceiro dia, celebrava-se o aniversário natalício do faraó, e ele ofereceu um banquete todo o seu pessoal. Ele levantou a cabeça do copeiro-mor, no meio de todos os seus servos: 21 restabeleceu no seu cargo o copeiro-mor, que apresentou novamente a taça ao faraó, 22 e mandou suspender no patíbulo o padeiro-mor, segundo a interpretação que José lhes havia dado. 23 Mas o copeiro-mor não pensou mais em José; esqueceu-o. Fonte: CNBB
Mt 14, 1-12
1.Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do rei Herodes. 2.Ele disse aos seus cortesãos: “É João Batista! Ele ressuscitou dos mortos; por isso, as forças milagrosas atuam nele”. 3.De fato, Herodes tinha mandado prender João, acorrentá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. 4.Pois João vivia dizendo a Herodes: “Não te é permitido viver com ela”. 5.Herodes queria matá-lo, mas ficava com medo do povo, que o tinha em conta de profeta. 6.Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes 7.que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. 8.Instigada pela mãe, ela pediu: “Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista.” 9.O rei ficou triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, ordenou que atendessem o pedido dela. 10.E mandou cortar a cabeça de João, na prisão. 11.A cabeça foi trazida num prato, entregue à moça, e esta a levou para a sua mãe. 12.Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois vieram contar tudo a Jesus. Fonte: CNBB
É nítida que nas duas passagens têm coisas em comum a execução de duas pessoas: um padeiro-mor por enforcamento e, um anunciador do Evangelho, em questão, João Batista por decapitação. Tudo isso aconteceu durante uma festa de aniversário, respectivamente do Faraó e Herodes Antipas: ambos pagãos.
Na Bíblia só há essas duas passagens explícitas sobre a comemoração de aniversário de alguém, por isso, as TJ´s associam negativamente as festas natalícias com algo voltado para pessoas pagãs, onde acontecem coisas ruins não ligadas a religião, como execuções.Pelo lado filosófico, fazem um silogismo, ou seja, partem de duas premissas (festa pagã onde aconteceu coisas negativas, no caso, execuções e, aniversários) – afirmações – e uma conclusão (de que festa de aniversário é coisa pagã e possuem variantes negativas).Pelo lado sociológico, constroem um bode expiatório, ou seja, pinçam uma fatalidade isolada para contaminar ideologicamente que não se deve fazer aniversário natalício.
De fato, o caso das Testemunhas de Jeová, mostra até que ponto a “Sola Scriptura” (Só a Sagrada Escritura) – um dos pontos da filosofia religiosa luterana – pode fazer estragos na interpretação bíblica. Eles não comemoram nem a Natividade de Jesus.
Certamente você deve estar pensando: Será que, como cristão, eu devo deixar de comemorar meu aniversário, devido a essas duas passagens? Segundo a heresia das TJ, sim, mas para nós católicos devemos fugir dessas loucuras heréticas.
Como foi dito aqui, as TJ´s, além de não celebrar datas natalícias, não comemoram Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, não cantam hinos nacionais, mas comemoram aniversário de casamento.
Para refutar ou contra-argumentar o discurso das TJ´s, vamos primeiro usar a bíblia. Em Lucas 1, 14, mostra o dialogo entre um anjo e Zacarias. O ser angelical diz que o nascimento de João Batista, filho de Zacarias e Isabel (prima de Maria, mãe de Jesus), será um dia de “alegria e gozo”.
Ainda em Lucas, no capítulo 15, versículos 22 e 23, tem-se a narrativa do filho pródigo que, ao voltar para casa é recebido compassivamente pelo pai com festa e alegria. A exegese católica diz que o trecho dessa passagem parabólica mostra a volta dos afastados para Deus e como esses afastados são recebidos por Ele.
Em Êxodo 23,14 e Neemias 8,14 relata sobre a Festa dos Tabernáculos ou Festa das Tendas que era realizada três vezes por ano em honra e glória a Deus. Nessa festa era comido pão sem fermento, todos entregavam os frutos de suas plantações e, era comum um individuo do sexo masculino ser apresentado diante do altar divino. Além de serem feitos sacrifícios, por exemplo, eram feitos jejuns. Em geral, essas festas eram feitas em Tendas e duravam sete dias. Alguns afirmam que esse evento é um embrião dos festejos em honra aos padroeiros hagiológicos (referente aos santos católicos).
Mas há, é claro, uma incoerência na interpretação das TJ`s.Se eles abominam festas de todo tipo, porque uma páscoa pessoal e celebram casamento e, como foi supracitadamente dito neste artigo?Eles justificam na passagem das bodas de Caná, localizada em João 2, 1-12, onde Jesus realizou o seu primeiro milagre: transformou água em vinho.
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