quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Departamento de Justiça e Solidariedade do Celam divulga mensagem após encontro

Foi divulgada a mensagem final do encontro das equipes de apoio e reflexão do Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) que se reuniu entre os dias 11 e 15, em Bogotá, na Colômbia. A mensagem expressa propostas e preocupações na “perspectiva da promoção de um desenvolvimento humano integral, solidário e inclusivo de nossos povos”.

O texto se preocupa exclusivamente com o desenvolvimento da América Latina e Caribe e aponta também uma longa distância até se concretizar o sonho do desenvolvimento no continente. “A realidade dos processos e estilos chamados de desenvolvimento em nosso continente estão muito longe de ser isso, apesar dos notáveis esforços que vêm sendo dados”, frisa um trecho da mensagem.

Para as equipes de reflexão, o crescimento da economia da AL é visível, porém não tem favorecido a diminuição das desigualdades na região. “Tem sido notável o crescimento econômico na Região da América Latina e Caribe [...] não obstante, a pobreza geral continua afetando mais de um terço da população [...]”, aponta outro trecho.

A esfera política é outro ponto enfatizado na mensagem. As equipes também apontam avanços na democracia participativa nos espaços locais, porém, “prevalece a concentração do poder em determinados grupos de elite e se continua evidenciando clamorosas situações de corrupção, o incremento do narcotráfico e outros grupos do crime organizado dedicados ao tráfico de migrantes e ao trato de pessoas [especialmente de crianças e adolescentes] com fins de sujeição a todo tipo de escravidão”.

Esperança

Após apontar alguns obstáculos que ofuscam o desenvolvimento da América Latina, a mensagem destaca que os esforços para o bem do desenvolvimento do continente, como também algumas experiências solidárias, são razões para se acreditar na esperança de dias melhores para a região. “Causam esperança os esforços de nossos povos em experiências de economia solidária e comércio justo que vão conquistando um dinamismo econômico com maior vigência na região [...]”.

O encontro reuniu 63 pessoas de 14 países da América Latina, Caribe e Europa. Representaram o Brasil, entre outros, o Dr. Nelson Arns Neumann, Ademar Bertucci, padre Cláudio Ambrósio, irmã Rosita Milesi. A reunião contou também com a presença do cardeal arcebispo de Santa Cruz de la Sierra e presidente do Departamento de Justiça e Solidariedade, dom Julio Terrazas; e do cardeal arcebispo de Aparecida e presidente do Celam, dom Raymundo Damasceno Assis.

O objetivo do encontro foi planejar o próximo quadriênio de atividades do Departamento de Justiça e Solidariedade do Celam.

O Departamento de Justiça e Solidariedade do Celam tem por objetivo animar, promover e fortalecer o processo de transformação da realidade latinoamericana, a partir da solidariedade e à luz do Evangelho. O órgão conta com três seções: Pastoral Social, Mobilidade Humana e Leigos e Construtores da Sociedade.

Leia baixo, mensagem na íntegra

Mensagem Final

DEPARTAMENTO JUSTIÇA E SOLIDARIDADE – CELAM

Impulsionar um desenvolvimento humano, integral, solidário e inclusivo

Nos dias 11 a 14 de fevereiro de 2011, nos reunimos, em Bogotá, bispos, equipes de apoio e reflexão do Departamento Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano, para avaliar a gestão 2007-2011 e fazer propostas para o próximo planejamento do Departamento no contexto da Missão Continental, que assumimos a partir da V Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em Aparecida.

No espírito de serviço e comunhão que caracteriza o Celam, compartilhamos com as Comissões de Pastoral Social, Cáritas, organismos relacionados à Justiça e Solidariedade, com enteidade que trabalham com migrantes e na pastoral do turismo das Conferências Episcopais da América Latina e Caribe, com os agentes pastorais e líderes sociais, para expressar nossas preocupações, esperanças e propostas na perspectiva da promoção de um desenvolvimento humano integral, solidário e inclusivo de nossos povos. Tal como o propõe o Documento de Aparecida (cf. DA 474), na fidelidade ao Concílio Vaticano II, que nos manifesta que as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos povos, especialmente dos mais pobres e excluídos, são alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo (cf. GS 1).

A realidade de nossa região e os processos de desenvolvimento

1. O Papa Paulo VI dizia já na Encíclica Populorum Progressio que o desenvolvimento é “o passo para toda a pessoa e para todas as pessoas de condições de vida menos humanas a condições de vida mais humanas” (PP 20). Contudo, a realidade dos processos e estilos chamados de desenvolvimento em nosso continente estão muito longe de ser isso, apesar dos notáveis esforços que vêm sendo dados.

2. Tem sido notável o crescimento econômico da Região da América Latina e Caribe, especialmente no ano de 2010. Não obstante, a pobreza geral continua afetando mais de um terço da população e o índice médio da desigualdade é o mais elevado em comparação com os outros continentes do mundo, reforçando situações persistentes de miséria desumanizadora (cf. Caritas in veritate 22). Esta situação nos move a renovar com força nossa opção preferencial pelos pobres.

3. A taxa de desemprego na região continua próxima a 8% da população economicamente ativa, que é acompanhada pelo emprego precário ou subemprego, que afeta mais de um terço desta mesma população. Prevalecem políticas de desregulamentação das relações trabalhistas aplicadas nas últimas décadas, que impede um trabalho digno e decente, com salários justos, seguridade social e direito à sindicalização.

4. Entre as principais causas das situações acima mencionadas encontramos um processo de concentração da riqueza em poucas mãos, uma importante expatriação dos ganhos das empresas transnacionais, uma injusta distribuição da riqueza no interior de nossos próprios países, assim como políticas fiscais regressivas que punem mais os pobres.

5. É necessário assinalar a forte degradação de solos e da água, a perda da biodiversidade, as catástrofes climáticas, o avanço da desertificação, entre outros, são uma constante na região que põem em risco todas as populações. O enfoque econômico predominante não tem em conta o limite físico dos recursos renováveis e não renováveis. Pelo contrário, o desenvolvimento, entendido como crescimento econômico, se reduz ao livre mercado, que só busca maximizar o lucro, deixando assim a pessoa humana relegada. Tudo isso nos faz ver a insustentabilidade destes processos. Como Igreja devemos fazer ouvir nossa voz, prevenindo a destruição da humanidade (cf. CIV 51-b).

6. Neste contexto, preocupa-nos o privilégio da livre circulação de capitais e de bens, mas não de pessoas. Tem crescido a consciência sobre os direitos humanos civis e polítios, mas não se percebe o mesmo avanço em relação aos direitos econômicos, sociais, culturas e ambientais.

7. Deste modo, não se dá um enfoque de autêntico desenvolvimento humano e continuamos percebendo os rostos sofridos dos que se encontram excluídos dos sistemas de saúde, privilegiando-se programas compensatórios e não políticas universais como direitos das pessoas. Além disso, as prisões continuam sendo espaço de castigo e desumanização, onde se pretende, ingenuamente, “prender o mal”.

8. Na esfera política, se bem que haja importantes avanços na democracia participativa nos espaços locais, prevalece a concentração do poder em determinados grupos de elite e se continua evidenciando clamorosas situações de corrupção, o incremento do narcotráfico e outros grupos do crime organizado dedicados ao tráfico de migrantes e ao trato de pessoas (especialmente de crianças e adolescentes) com fins de sujeição a todo tipo de escravidão.

Há razões de esperança

9. Contudo, causam esperança os esforços de nossos povos em experiências de economia solidária e comércio justo que vão conquistando um dinamismo econômico com maior vigência na região, assim como a importante rede de agentes comunitários de saúde, a existência de organizações sociais, indígenas e urbanas, para preservação ecológica do meio ambiente, especialmente na Amazônia e as biodiversidades na Região. Constata-se a incidência por políticas e leis e a existência de grupos e redes que trabalham pela defesa dos direitos humanos de migrantes e refugiados, das crianças e adolescentes, e a transformação da vida das pessoas encarceradas e sua reinserção na sociedade.

10. Vemos também a emergência da sociedade civil com distinta do mercado e do Estado. Ela se expressa através de movimentos e organizações populares que agrupam os distintos setores da sociedade. Eles são novos agentes no espaço público na luta por interesses universais que buscam o bem comum.

O caminho que estamos fazendo

11. Frente a esta realidade que nos comove e interpela, queremos colocar em comum as respostas que temos dado a partir dos diversos âmbitos da pastoral social, respostas que, de modo geral, em parceria solidária com importantes grupos e redes da sociedade civil e movimentos sociais, e encaminham até a mudança das estruturas injustas da sociedade (cf. DA 383).

12. Temos encorajado os grupos de economia solidária e comércio justo, incentivado reflexões e propostas para uma autêntica responsabilidade social empresarial pois, como dizia João Paulo II, a empresa é, antes de tudo, uma comunidade de pessoas (cf. CA 43). Têm se feito vigorosos esforços diante dos governos para uma revisão e atualização de leis de migração nos distintos países, dando-lhes um enfoque de direitos humanos dos migrantes e refugiados e para implementar instrumentos internacionais tais como a Convenção para a proteção dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras migrantes e suas famílias. Da mesma forma, tem-se avançado na defesa dos direitos dos ciganos, na atenção a pessoas em situação de rua e a outros grupos itinerantes.

13. Consideramos importante fortalecer a Pastoral do Turismo para evangelizar esta realidade no crescimento contínuo, que exige um dinamismo particular para responder a desafios que se apresentam de modo contínuo.

14. Vem sendo trabalhada a construção de uma consciência comum dos desafios ambientais e ecológicos. Hoje se tem conhecimento de uma plataforma latino-americana para poder desenvolver estratégias pastorais comuns que contribuam para o saneamento urgente da criação (cf. Caritas in Veritate 50).

15. Têm-se realizado esforços pelo direito à saúde, sua promoção e a prevenção de enfermidades de maior urgência. Nesta ação social, é promovido o diálogo ecumênico, inter-religioso e com as autoridades civis.

16. Vem se trabalhando na defesa dos direitos das crianças e adolescentes com incidência em políticas públicas que reconheçam seus direitos.

17. Estão sendo dados passos na formação dos leigos e leigas para animar seu compromisso com a transformação da realidade nos âmbitos social, político, econômico, cultural, ecológico. Como cristãos e cristas, temos buscado intensificar nossa presença entre os trabalhadores, trabalhadoras e suas organizações e animar nossa Igreja em seu compromisso por cauda da justiça, da paz, da solidariedade, e a participação para o bem comum.

18. Além disso, temos reforçado nossa presença nas prisões e a denúncia do modelo carcerário e do enfoque que propõe mais prisões como solução.

Cooperação entre a sociedade e a Igreja

19. Destacamos um novo papel da sociedade civil no resgate da fraternidade, da liberdade, da igualdade, tendo em conta que se dá um processo intercultural nas comunidades. A Igreja é chamada a ajudar na mediação entre a cultura globalizada e as expressões culturais na região.

20. Como cristãos, sentimo-nos desafiados a fazer todo o possível para mudar o rumo do mundo para o pleno respeito da dignidade humana, a acompanhar os que propõem novos modelos de desenvolvimento e convivência que favoreçam a integridade da pessoa. Precisamos voltar a ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,13-16), para ajudar a transformar a partir de dentro as culturas e, especialmente, os estilos de vida consumistas predominantes. Cabe a nós trabalhar conjuntamente na formação das consciências e tornar a vida terrena mais digna do ser humano, para que todos, em Cristo, tenhamos vida e vida em plenitude (Jo 10,10).

21. A partir deste nosso compromisso com a edificação do Reino de Deus no mundo, oferecemos o serviço da formação na Doutrina Social da Igreja como “inestimável riqueza, que anima o testemunho e a ação solidária dos leigos e leigas, aqueles que se interessam cada vez mais por sua formação teológica, como verdadeiros missionários da caridade, e se esforçam por transformar de maneira efetiva o mundo segundo Cristo” (DA 99g).

Desafios de nossa realidade diante do desenvolvimento humano integral e solidário como horizonte para a Região

22. Aprofundar a orientação da Região para um processo de desenvolvimento humano integral e solidário, que tenha como base o cuidado da criação e como ponto de partida dos esforços das populações empobrecidas e excluídas para sair destas situações de pobreza e exclusão através de múltiplas formas de solidariedade econômica e em outros âmbitos mencionados. É necessário articular-se com esforços de responsabilidade social empresarial, de políticas públicas inclusivas, de processos internacionais de globalização da solidariedade.

23. Desenvolver estratégias pastorais que permitam recuperar o olhar da fé sobre a criação e o crescimento de uma consciência de mudança nos padrões de desenvolvimento econômico e de consumo a modos sustentáveis, que preservem a qualidade de nossos ecossistemas, através da incidência na política nacional e internacional, partido de nossas comunidades locais. É necessário promover estilos de vida sóbrios e simples, com hábitos saudáveis.

24. Quanto às políticas migratórias, abrir definitivamente as fronteiras de nossos países, que todos e todas sejam reconhecidos cidadãos da América Latina e do Caribe como pátria comum. Continuar os esforços de garantir acesso universal à saúde e à formação e educação permanente nele.

25. É urgente repensar o direito ao trabalho, considerando-o não como problema do mercado, mas do Estado e da sociedade, como um problema de cidadania, do exercício de seus direitos e capacidades. O trabalho digno, decente, é uma das melhores ferramentas para libertar os cidadãos do temor da pobreza, de todo tipo de dependência. A valorização do trabalho é elemento central do desenvolvimento solidário.

26. Reorganizar a ação social e a pastoral carcerária em nível regional e continental a fim de indicar, com maior efetividade, o modelo de desenvolvimento integral humano, questionando com mais força o atual modelo de desumanização carcerária a partir do enfoque da dignidade das pessoas.

Como discípulos missionários de Jesus Cristo, nos comprometemos a contribuir para a construção de projetos de nações justas, solidárias e em paz para o desenvolvimento humano, integral, solidário e inclusivo.

Damos graças a Deus pelo caminho feito e pedimos perdão por aquilo que nos impede de viver como Discípulos Missionários no mundo. Imploramos sabedoria e fortaleza para impulsionar a Missão Continental da Igreja da América Latina e Caribe nos distintos âmbitos da sociedade.

Renovamos nossa confiança no grande carinho da Virgem Maria de Guadalupe por todos seus filhos e filhas deste Continente e nos recolhemos à sua maternal proteção.

Bogotá, fevereiro de 2011

Tradução: Assessoria de Imprensa/CNBB

Papa Bento XVI divulga mensagem para a Quaresma 2011

A partir da quarta-feira de cinzas, dia 9 de março, a Igreja inicia o tempo da Quaresma, em preparação à Páscoa. O papa Bento XVI divulgou na manhã de hoje, terça-feira, 22, a Mensagem para Quaresma 2011. Na mensagem, o papa cita a importância do Batismo na vida do cristão e a Quaresma, como ocasião para essa reflexão.

“Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva”, diz Bento XVI, num dos trechos da mensagem.

O Papa ressalta a relevância do Batismo como sendo uma atual fonte de conversão: “O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo”.

No texto, o papa afirma ainda a importância da palavra de Deus como direção para viver “com o devido empenho este tempo litúrgico precioso. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?”.

“Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo”, assim termina a mensagem do papa Bento XVI para a Quaresma 2011.

Leia o texto na íntegra:

“Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes” (cf. Cl 2, 12).

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando, “tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo” iniciou para nós “a aventura jubilosa e exaltante do discípulo” (Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010).

São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O fato que na maioria dos casos o Batismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo», é comunicada gratuitamente ao homem.

O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa “conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos” (Fl 3, 10- 11). O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.

Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De fato, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8,).

Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Batismo como um ato decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.

O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição dos homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é ativo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.

O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5).

É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor. O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.

O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: ”Tu crês no Filho do Homem?”. “Creio, Senhor” (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como “filho da luz”.

Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: “Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?” (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: “Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27).

A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência:

Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança. O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos “da água e do Espírito Santo”, e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à ação da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Batismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a “terra”, que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a “palavra da Cruz” manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus cáritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).

No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida.

Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.

Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as suas palavras não passarão” (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos poderá tirar” (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.

Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.

Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

Vaticano, 4 de Novembro de 2010

BENEDICTUS PP XVI

Dom Eugênio Rixen fala sobre o 5º Seminário Nacional de Catequese Junto à Pessoa com Deficiência

A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB procura dar uma formação catequética para todas as pessoas, sem distinção, inclusive às pessoas com deficiência. Foi pensando nisso que a Comissão está promovendo o 5º Seminário Nacional de Catequese Junto à Pessoa com Deficiência.

O evento acontecerá em São Paulo, de 25 a 27 de março, no Centro de Pastoral Santa Fé, com o tema: A Igreja e a Pessoa com Deficiência.

O presidente da Comissão, dom Eugênio Rixen falou um pouco dessa formação catequética e convida a todos a participar desse importante seminário.

COMEMORAÇÕES

Nascimento

· Dom José Lima, Bispo Emérito de Sete Lagoas – MG, 1924

Ordenação Episcopal

· Dom José Alves da Costa, DC, Bispo Emérito de Corumbá – MS, 1986 (25 anos)

· Dom Manoel João Francisco, Bispo de Chapecó – SC, 1999

Ordenação Presbiteral

· Dom Augusto Alves da Rocha, Bispo Emérito de Floriano – PI, 1960

· Dom José Alves da Costa, DC, Bispo Emérito de Corumbá – MS, 1965

· Dom Luiz Soares Vieira, Arcebispo de Manaus – AM, 1960

· Dom Oneres Marchiori, Administrador Apostólico de Caçador – PR, Bispo Emérito de Lages – SC, 1960

Anuário Pontifício 2011 aponta crescimento no número de católicos no mundo

Fonte: CNBB

O Anuário Pontifício, edição 2011, foi apresentado ao papa Bento XVI, na manhã de sábado, no Vaticano, pelo secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone e pelo substituto para assuntos gerais do Vaticano, dom Fernando Filoni. A edição 2011 revela que o número de católicos no mundo aumentou 1,7% entre 2008 e 2009, com mais 15 milhões de batizados, principalmente na África e na Ásia.

Os dados do Anuário Pontifício mostram que há 1,18 bilhões de católicos no mundo e quase metade, 49,4%, vive no Continente Americano.

Na Europa, a população católica corresponde a 24%, praticamente metade do número de fieis presentes nas Américas.

Os bispos também aumentaram. Dos 5002 em 2008 passou para 5056 em 2009, um aumento de 1,3 %.

O número de padres também aumentou, de 405.178 em 2000 para 410.593 em 2009. O Anuário mostra também que o número de diáconos permanentes teve um crescimento de 2,5 por cento, passando de ser 37.203 em 2008 para 38.155 em 2009.

Quantos às religiosas, o seu número diminuiu, de 739 mil para 729 mil, em apenas num ano. Apesar disto as vocações aumentam na África e Ásia.

Os seminaristas aumentaram em 0,82%, passando de ser 117.978 em 2009. Grande parte do aumento também se deve à África e Ásia, com um ritmo de crescimento de em média de 2,2% a 2,39%, respectivamente. No mesmo período a Europa e América diminuíram suas porcentagens em 1,64 e 0,17%, respectivamente.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Brasil: Missa lembra vítimas das chuvas

Lisboa, 09 Fev (ECCLESIA) – O bispo da diocese brasileira de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, vai presidir a uma Missa, no próximo dia 12, recordando as vítimas das chuvas que, há cerca de um mês, provocaram centenas de mortos.

Segundo o site oficial da Diocese, D. Filippo Santoro vai celebrar, no sábado, a missa do 30.º dia pelas vítimas do Vale do Cuiabá (Petrópolis e no domingo por todas as vítimas das cidades atingidas pela chuva do dia 12 de Janeiro, na Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis.

Entretanto, iniciaram-se as celebrações com a a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que ali chegou proveniente de Portugal.

A imagem vai visitar as cidades atingidas pela chuva em Janeiro: Petrópolis, Areal, São José do Vale do Rio Preto e Teresópolis.

OC

Vaticano: Bento XVI sublinha importância de vida «moralmente coerente»

Papa lembra que existência cristã só cresce quando é alimentada pela participação na missa e oração pessoal diária

Cidade do Vaticano, 09 Fev (Ecclesia) – Bento XVI fez hoje um apelo à oração diária dos católicos e à sua participação na missa dominical, salientando que a vida cristã e a evangelização dependem também de uma vida “moralmente coerente”.

“No meio das mil actividades e dos múltiplos estímulos que nos rodeiam, é necessário encontrar a cada dia momentos de recolhimento” diante de Deus, “para o escutar e falar com Ele”, acentuou o Papa durante a audiência geral realizada esta manhã no Vaticano.

Para Bento XVI, “a vida cristã não cresce se não é alimentada pela participação na Liturgia, de modo particular na santa missa dominical, e pela oração pessoal diária”.

O “ministério apostólico é incisivo e produz frutos de salvação nos corações” só quando o pregador está “estreitamente unido” a Cristo através da “fé no seu evangelho e na sua Igreja”.

O anúncio deve também assentar numa vida “moralmente coerente” e na “oração incessante”, sublinhou o Papa, acrescentando que estas orientações são válidas para todas as pessoas que queiram “viver com empenho e fidelidade a sua adesão a Cristo”.

A catequese desta quarta-feira foi dedicada a Pedro Canísio (1521-1597), jesuíta de cujos escritos se destacam três Catecismos compostos entre 1555 e 1558 “sob a forma de breves perguntas e respostas”.

Uma das características do ‘Segundo Apóstolo da Alemanha’ foi “saber compor harmoniosamente a fidelidade aos princípios dogmáticos com o respeito devido a cada pessoa, tanto que alguns descobrem nos seus ensinamentos os traços de uma primeira formulação do direito à liberdade religiosa”, recordou o Papa.

Marcado por uma “austera espiritualidade”, o religioso da Companhia de Jesus “estabeleceu nos países germânicos uma rede de comunidades da sua Ordem, especialmente colégios, que foram ponto de partida para a reforma católica”.

O santo nascido na cidade holandesa de Nimega interveio em 1562 no concílio realizado na cidade italiana de Trento, encontro de onde surgiu a chamada ‘contra-reforma’, uma reacção do catolicismo à ruptura face a Roma protagonizada por protestantes e anglicanos.

“Num momento histórico de fortes contrastes confessionais”, Pedro Canísio evitou “a aspereza e a retórica da ira – coisa bastante rara àquele tempo nas discussões entre cristãos, de uma e outra parte”, procurando ressaltar as “raízes espirituais” e a “revitalização de todo o corpo da Igreja”, lembrou Bento XVI.

Durante a sua intervenção, o Papa assinalou que Pedro Canísio ocupou-se “incansavelmente na adequada formação teológica dos sacerdotes, assim como da reforma religiosa e moral do povo por meio de uma série de iniciativas pastorais, entre as quais se incluem a assistência nos hospitais e prisões”.

Pedro Canísio morreu na Suíça, tendo sido canonizado e proclamado doutor da Igreja em 1925, pelo Papa Pio XI.

“Amados peregrinos de língua portuguesa, para todos a minha saudação amiga e encorajadora!”, disse o Papa pouco antes do encerramento da audiência.

“Antes de vós – prosseguiu – veio peregrino a Roma Pedro Canísio para invocar a intercessão dos Apóstolos São Pedro e São Paulo sobre a missão que lhe fora confiada na Alemanha, o seu campo de apostolado mais longo”.

“Como ele, todos nós, cristãos, somos enviados a evangelizar, mas para isso precisamos de permanecer unidos com Jesus e com a Igreja”, exortou Bento XVI.

RM

Aborto: Mais de 5000 assinaturas para mudar legislação Petição pede regulamentação que permita consentimento realmente informado e planos de apoio.

isboa, 09 Fev (Ecclesia) – Uma petição promovida pela Federação Portuguesa pela Vida (FPV) recolheu mais de 5400 assinaturas para mudar a regulamentação da lei do aborto, em vigor há quatro anos.

Os signatários do documento consideram ser necessário “rever, para já, a regulamentação da prática do aborto por forma a saber se o consentimento foi realmente informado e a garantir planos de apoio alternativos ao aborto”.

A petição «Vemos, ouvimos e lemos – não podemos ignorar» vai ser entregue hoje ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.

“Volvidos quatro anos, assistimos a uma realidade dramática que deixa mulheres e homens cada vez mais sós e abandonados à sua sorte”, pode ler-se.

O texto afirma que “todos os profissionais de saúde (independentemente da objecção de consciência)” devem poder “intervir no processo de aconselhamento a grávidas”.

A FPV pede à Assembleia da República que “reconheça o flagelo do aborto que, de norte a sul, varre o País desde há quatro anos, destruindo crianças, mulheres, famílias, e a economia, gerando desemprego e depressão”.

No documento são pedidas “medidas legislativas” para “proteger a vida humana desde a concepção, a maternidade e os mais carenciados na verdadeira solidariedade social”.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a presidente da FPV, Isilda Pegado, afirma que os últimos quatro anos foram “de confirmação de uma decisão errada cujas causas, um dia, se hão-de apurar”, aludindo ao referendo que abriu caminho à despenalização do aborto em Portugal, realizado no dia 11 de Fevereiro de 2007.

“Não podemos baixar os braços e, por isso, a defesa da vida tem de se fazer em todas as circunstâncias e em todos os momentos”, acrescenta.

A petição está disponível online.

OC

Manifestantes pedem paralisação das obras da Usina Belo Monte

Diversas lideranças indígenas, ribeirinhos, agricultores, pescadores e moradores da Região do Xingu protestaram nesta terça-feira, 8, em Brasília contra a construção da Usina hidrelétrica em Belo Monte, região do Xingu. Os manifestantes, que exigem a paralisação da obra, foram recebidos pelo Secretário Geral da República, Rogério Sottilli, a quem entregaram uma carta endereçada à presidente, Dilma Rousseff.

Na carta, as lideranças pedem a paralisação do processo de licenciamento da obra, cujo investimento está avaliado em cerca de R$ 19 bilhões e, quando pronta, seria a terceira maior hidrelétrica do mundo. Exigem também que o governo federal avalie outra carta assinada por cerca de 30 especialistas de universidades brasileiras, como Federal do Rio, Federal do Pará e Universidade de São Paulo, com argumentos científicos que desaconselham a obra.

O documento entregue a Sottili, que também reivindica maior participação da sociedade civil nos projetos energéticos nacionais, tem 604 mil assinaturas.

“Quero que vocês vejam o Governo como um parceiro. Podemos não chegar a um consenso, mas vamos construir as políticas por meio do diálogo” disse Sottili.

O bispo da prelazia de Xingu e presidente do Cimi, dom Erwin Krautler enviou mensagem confirmando sua posição contra a Usina Belo Monte. “Não aceitamos que o nosso maravilhoso Xingu e outros rios da Amazônia sejam sacrificados por barragens que atingem profundamente milhares de famílias, constituem um dano irreparável para o meio-ambiente e, além disso, são economicamente desaconselháveis“, disse o bispo em carta.

A manifestação fez parte da programação do Seminário sobre a Usina hidrelétrica de Belo Monte e a Questão indígena, realizado na segunda-feira, 7, na Universidade de Brasília (UnB) e contou com a participação de representantes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), entre outros.

Seminário

A vice-procuradora geral da República, Débora Duprat, durante o seminário que aconteceu na segunda-feira, 7, criticou o empreendimento por não considerar um estudo de impacto ambiental. "Quando foram inauguradas as audiências públicas, não havia um estudo de impacto ambiental porque não havia um estudo sério e consistente sobre o meio antrópico. Isso é uma farsa de todo o processo democrático que inspira o processo de licenciamento", disse a vice-procuradora.

A emblemática liderança da tribo Kayapó, Megaron Txucarramãe declarou ser contra qualquer tipo de negociação. “Mesmo que a Eletronorte ou a Dilma encha essa sala de dinheiro, eu não vou aceitar Belo Monte, porque o dinheiro não paga o lugar que será inundado, porque será inundado para sempre e isso eu não quero! Vou sempre falar não, não e não! Essa é a nossa posição!”, afirmou Megaron.

Equipe da Campanha Missionária prepara DVD

Um DVD está sendo preparado pela equipe encarregada pela elaboração do material para a Campanha Missionária de outubro de 2011, coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM).

Inspirado no tema central "Missão na Ecologia", o material deve ser produzido pela Verbo Filmes e trará reflexões sobre “zelar pelos recursos da natureza”, “A defesa da Amazônia” e “A luta contra o mau uso das obras de Deus”.

“Missão é encantar-se com as obras de Deus, mas infelizmente, essa maravilha está sendo maltratada, por isso a segunda reflexão será sobre a indignação pela profanação dessas obras", o secretário da Pontifícia União Missionária, padre Sávio Corinaldesi, que apresentou os temas dos dias da Novena Missionária que servirão de base para o DVD.

Para monsenhor Daniel Lagni, que coordenou os trabalhos, o objetivo é levar as pessoas e as comunidades a se comprometerem com a Missão na Ecologia através de gestos concretos e mudanças de comportamento diante da crise ecológica atual.

Uma pesquisa realizada pelas POM nas 270 dioceses do Brasil, sobre o material da Campanha Missionária 2010, considerou a produção da Novena em DVD um sucesso que popularizou o tema.

Outra iniciativa que ganha força é a inserção, ao longo do mês de outubro, das orações dos fiéis e algumas reflexões sobre o tema da Campanha nos principais folhetos litúrgicos editados no Brasil.

O encontro para a programação do DVD foi realizada no dia 31 de janeiro, na sede da POM, em Brasília.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Igreja Católica dá bênção a aplicativo de iPhone para confissão

DA BBC BRASIL

A Igreja Católica aprovou um aplicativo para iPhone que ajuda fiéis a confessarem. O programa --chamado Confissão-- foi colocado à venda semana passada pela loja virtual da Apple, iTunes, por US$ 1,99 (R$ 3,32).

Descrito como "a ajuda perfeita para todo penitente", o aplicativo dá ao usuário dicas e orientações sobre o ato da confissão.

Agora, membros do clero católico nos Estados Unidos deram sua aprovação oficial ao aplicativo, em um gesto da Igreja Católica que se acredita ser inédito.

O aplicativo guia os usuários através do sacramento da confissão --em que católicos admitem seus pecados-- e permite que o fiel mantenha um registro de seus pecados.

O aplicativo também permite que os usuários façam um exame de consciência com base em fatores como idade, sexo e estado civil - mas afirma que não tem como objetivo substituir a confissão inteiramente.

Em vez disso, diz o aplicativo, a idéia é encorajar os usuários a compreender suas ações, e a buscar um padre para obter absolvição.

"Nosso desejo é convidar católicos a se envolverem com sua fé através da tecnologia digital", disse Patrick Leinen, da Little iApps.

O lançamento foi feito logo após o papa Bento 16 ter exortado católicos a usarem a comunicação digital e mostrarem-se presentes online.

Os arquitetos do aplicativo, baseados no estado americano de Indiana, disseram ter levado em conta as palavras do papa enquanto preparavam a ferramenta para consumo público.

"Nosso objetivo com esse projeto é oferecer um aplicativo digital que seja uma "verdadeira nova mídia a serviço da palavra", disse a empresa.

Segundo a Little iApps, o aplicativo foi desenvolvido com a ajuda de vários padres, e teve a aprovação do bispo Kevin Rhoades da diocese de Fort Wayne, em Indiana.

Essa seria a primeira vez que a Igreja aprovou um aplicativo para celular, embora a instituição não seja totalmente alheia ao mundo digital.

Em 2007, o Vaticano lançou seu próprio canal no YouTube. Dois anos depois, um aplicativo para o Facebook foi criado, para que usuários pudessem enviar cartões postais digitais ao pontífice.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Universidade: Crise afasta estudantes Responsáveis da Igreja Católica preocupados com a falta de apoios sociais para universitários mais carentes.

Fátima, Santarém, 07 Fev (Ecclesia) – Os responsáveis pelo Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES) da Igreja Católica mostraram-se preocupados com a falta de apoios sociais para universitários mais carenciados.

Após o Conselho Nacional do SNPES, que decorreu em Fátima a 4 e 5 de Fevereiro, o padre Nuno Santos, assistente nacional do referido serviço, disse à ECCLESIA que “há bons estudantes - com vontade de estudar e com capacidades - que estão a deixar o ensino porque não têm capacidade económica”.

“Há uma realidade nova, que é a pobreza envergonhada de portugueses”, alerta.

Para este responsável, “a atribuição de bolsas a acontecer – do modo como está, genericamente pensado – pode tornar de novo o ensino como um espaço para elites”,. “Elites não intelectuais, mas económicas”, acrescenta o padre Nuno Santos.

Joana Chelinho, coordenadora nacional da pastoral do Ensino Superior, realça à ECCLESIA que o SNPES é cada vez mais procurado por alunos afectados pela actual situação de crise económico.

Nestes, existem “estudantes a fazer a licenciatura, mas alguns estão a tirar o mestrado”, pelo que são colocados perante uma escolha difícil: “Deixar a formação quando o emprego é cada vez mais escasso e difícil”.

A coordenadora confidencia que “há alunos que fazem menos refeições por dia e – é duro dizê-lo – há alunos que passam fome e frio”.

“Os estudantes universitários estão a passar sérias dificuldades”, assinala.

Em relação ao mundo académico, o padre Nuno Santos, da diocese de Coimbra frisou que é fundamental “sensibilizar para a partilha”.

Algumas dioceses já têm fundos solidários para apoiar os estudantes mais necessitados e o “fundo mais antigo” é o da pastoral do Ensino Superior, do Porto.

Setúbal e Coimbra são outras dioceses que apostaram neste tipo de apoios (propinas e refeições) aos estudantes universitários.

No Conselho Nacional do SNPES foram aprovadas as “bases” para a acção da Igreja nesta área, com o objectivo de “criar uma linguagem e desafios comuns”, assinala o padre Nuno Santos.

LFS/PTE/OC

Educação: Papa destaca papel das escolas católicas Bento XVI recebe Congregação responsável por esta área e fala em «emergência educativa»

Cidade do Vaticano, 07 Fev (Ecclesia) – Bento XVI destacou hoje o “importante” serviço das escolas católicas em todo o mundo num momento de «emergência educativa».

Falando aos participantes na reunião plenária da Congregação para a Educação Católica, no Vaticano, o Papa disse ser “importante o serviço que desempenham no mundo as numerosas instituições formativas que se inspiram na visão católica do homem e da realidade”.

“A obra educativa parece tornar-se cada vez mais árdua porque, numa cultura que demasiadas vezes faz do relativismo o seu próprio credo, acaba por falta a luz da verdade”, indicou.

Bento XVI disse mesmo que alguns consideram “perigoso falar da verdade, instilando assim a dúvida sobre os valores de base da existência pessoal e comunitária”.

Para o Papa, “a educação e a formação constituem hoje um dos desafios mais urgentes que a Igreja e as suas instituições são chamadas a enfrentar”.

“Educar é um acto de amor, exercício da «caridade intelectual», que requer responsabilidade, dedicação, coerência de vida”, acrescentou.

Nas escolas católicas, disse Bento XVI, é necessária a “coragem de anunciar o valor «largo» da educação, para formar pessoas sólidas, capazes de colaborar com os outros e de dar sentido à sua própria vida”.

Aos participantes no encontro, entre os quais se inclui D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, o Papa falou de “educação intercultural”, pedindo “uma fidelidade corajosa e inovadora, que saiba conjugar a clara consciência da própria identidade e a abertura à alteridade”.

“Também a este respeito emerge o papel educativo do ensino da Religião católica como disciplina escola, em diálogo interdisciplinar com as outras”, defendeu Bento XVI, para quem, isso “contribui grandemente não só para o desenvolvimento integral do estudante, mas também para o conhecimento do outro, a compreensão e o respeito recíprocos”.

Neste contexto, o Papa sublinhou a importância de apostar na formação de dirigentes e formadores, “não só de um ponto de vista profissional, mas também religioso e espiritual”

“Com a coerência da própria vida e o compromisso pessoal, a presença do educador cristã torna-se expressão de amor e testemunho da verdade”, referiu.

Bento XVI deixou ainda uma palavra de estímulo às Universidades Católicas, desejando que possam ser “uma obra preciosa para promover a unidade do saber, orientando estudantes e professores para a Luz do mundo”.

OC

Brasil: Cidades atingidas pelas chuvas recebem imagem de Nossa Senhora de Fátima Visita começa esta Terça-feira na catedral da diocese de Petrópolis

Lisboa, 07 Fev (Ecclesia) – A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima vai visitar algumas das cidades da diocese de Petrópolis atingidas pelas chuvas e aluimentos de terra em Janeiro.

O bispo local, D. Filippo Santoro, pediu ao Santuário de Fátima o envio da imagem, que chega esta Terça-feira à catedral de Petrópolis, pelas 19h30 (hora local), seguindo-se a celebração da missa e visita por parte dos fiéis, refere o site da diocese.

O prelado salientou que a presença da imagem “é o abraço querido da mãe, que está intercedendo por cada pessoa vítima da chuva”, e classificou como sinal da presença de Deus o facto de em várias comunidades atingidas pela intempérie, as igrejas, algumas dedicadas a Maria, terem ficado de pé.

Além de Petrópolis, mil km a sudeste de Brasília, a imagem vai estar nas cidades de Areal, São José do Vale do Rio Preto e Teresópolis, regressando ao Rio de Janeiro na próxima Segunda-feira, 14 de Fevereiro.

A Caritas Portuguesa anunciou o envio de 50 mil euros para ajudar as vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, que causaram pelo menos 700 mortos.

RM

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fernanda Brum grava música sobre Maria

Do Blog Ancoradouro por Vandelúcio Souza

Para muitos dos evangélicos, ecumenismo é uma palavra diabolócia, prenúncio ou anti-sala do armagedon. Devido a isso estes que se dizem tão amantes da palavra de Deus reservam-se a não falar sobre o que está escrito – acreditem – no próprio Evangelho como nas passagens que retratam Maria na história da salvação.

Mas as coisas estão mudando, ainda bem. Rompendo os preconceitos, a cantora evangélica Fernanda Brum surpreendeu os protestantes ao gravar uma música que fala sobre Maria, que para muitos não passa de uma “deusa grega”. A melodia é belíssima e a letra é o trecho bíblico da anunciação e do magníficat, retirado do capítulo primeiro de são Lucas, algo completamente evangélico, diríamos.

Ainda é lamentável perceber que muitos, ditos evangélicos, recharçem qualquer citação àquela que foi escolhida por Deus para ser a Mãe de seu filho. Fernanda Brum contribui na promoção do ecumenismo. Por parte dos católicos, estes sempre respeitaram nossos irmãos que pensam diferente, inclusive, diversos cantores católicos já gravaram músicas evangélicas.

À Fernanda Brum fica os parabéns pela coragem e fidelidade ao anúncio do Evangelho. Aos protestantes que não concordem com a composição de Brum eu sugiro que escutem “Minha Rainha”, música de Aline Barros feita para a Xuxa, talvez seja mais apropriada para esse tipo de fé que dispensa as verdades básicas do Evangelho.


Confira a letra:

Maria

Fernanda Brum

Era uma mulher sensível | A Deus a serva submissa
Viveu ao Senhor sempre rendida | Bendita entre as mulheres
Exemplo será pra sempre | Bendito é o fruto do seu ventre
Alcançou graça no Senhor | Ela disse em seu coração
Engrandece alma minha | A meu Deus e meu Salvador
Pois sua graça e misericórdia | São de geração | Em geração
O anjo de Deus lhe disse |Não temas és escolhida
E a ti um favor foi concedido | Teu filho será investido
De glória e poder divino | Virá salvação desse menino