Leniéverson Azeredo Gomes
Faltando quase 7 meses para
eleições, a corrida pelo voto já está em pleno vapor, ainda que
extraoficialmente. Mas será que o eleitor domina conceitos de ciências
políticas? Muitos podem dizer que sim, outros não, mas o que se sabe é que o
brasileiro vota muito mal. Há muitos que não lembram em quem votou em eleições
passadas. Aliado a isso, está o desprezo
de alguns sobre política – como se existe só a partidária – e a falsa visão
sobre política.
Para ajudar – ou esclarecer - algumas
pessoas a ver certas coisas a respeito disso, de forma mais clara, será traçado
um paralelo entre Políticas de Estado e Políticas de Governo. A partir daí,
vamos desenrolar o fio desse grande
novelo, numa linguagem simples – vou tentar, kkk – e acessível. Os mais
sensatos e os desejos por libertação de cartilha ideológica vão gostar. Espero
que os não sensatos e os não desejosos por libertação de cartilha ideológica,
pelo menos comecem a dizer “Puts, diante disso, vou tentar rever alguns
conceitos”. Acompanhem.
Para início de conversa, o articulista
deste texto, que sou eu, não é filiado e nem militante de partido político.
Mencionar isso, por quê? Simples. É preciso que o debate não tenha os
tradicionais - graves e problemáticos - vícios
de militância, que também serão abordados aqui.
Em primeiro aspecto, é preciso
que se domine o conceito de estadista, que de antemão não é apenas aquele que
governa uma nação; estado ; município ou exercer algum cargo no legislativo. Um
estadista é aquele que tem a capacidade de mudar o destino de uma nação, nos
aspectos econômicos, educacionais, no sistema de saúde, etc, mas não é de
qualquer forma. Não basta apenas governar uma nação para ser um estadista. É
preciso ter capacidade técnica.
Em sua obra prima, “Caráter e
Liderança”, o renomado cientista político Luiz Felipe D´Ávila, diz que, além de
tudo isso, um estadista deve fazer mudanças administrativas, “abrindo
mão dos ganhos presentes”. O que vem a
ser isso? Um presidente da república precisa fazer políticas de Estado e não
políticas de governo. Porque que ao fazer política de governo, o ocupante de
cargo eletivo promove ações que mais parecem gestos de perpetuação no poder,
porque se a oposição – numa campanha eleitoral – ganhar, na visão de quem está
desejando se reeleger, irá tirar. É como se fosse um terrorismo político. Vamos
citar um exemplo, usado pelo Luiz Felipe D´Ávila, onde ele relaciona uma frase
do ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean Claude Juncker, com a crise em que passa a Europa :
“Todos sabemos como superar a
crise européia; apenas não sabemos como fazer isso e ganhar a próxima eleição”,
disse o ex-primeiro-ministro.
Para Juncker, um conjunto de
ações tem de ser – ótimas - o suficiente, para que ele ou o seu sucessor político,
se perpetue no poder, ainda que elas – as ações – sejam ocultamente
eleitoreiras. O ex-primeiro-ministro defende, certamente, a ideia de que há
mais alegria em receber, do que dar – uma inversão do principio franciscano.
O
Luxemburguês personifica a maioria esmagadora dos políticos da América Latina –
Brasil incluso -, que apesar de muitas pessoas não concordarem, de estadistas
não tem absolutamente nada, só tem figuras populistas, teatralmente
carismáticos, assistencialistas e adeptos da política de governo e não de
estado. Mas porque eu digo a maioria esmagadora? Eu explico.
Nos
últimos anos, o Mercosul (Mercado Comum
do Sul) e a Unasul (União dos Países Sul Americanos), vem a passos médios
implementando, se é que já não foi implementado, um conjunto de variações do que já existia nos
20, do século passado: que era o voto de cabresto. No Brasil, por exemplo, há
quem pense que práticas como coronelismo, clientelismo, fisiologismos
desapareceram. Errado. Não desapareceram.
Elas estão mais vivas do que nunca, mas só com roupagens diferentes e
vestindo tipos físicos diferentes. E aí, de quem se opor. Aí, do candidato que
disser ou aparentar ter vontade de sustar a política de cotas raciais; o
bolsa-família, o programa eleitoreiro “Mais Médicos”cheque-cidadão (Variação do
Bolsa-Família oferecido em Campos dos Goytacazes/RJ no governo Garotinho) ou
acabar com a passagem a R$ 1,00 (projeto criado também pelo grupo Garotinho,
onde a pessoa se cadastra para obter um cartão magnético, a fim de pagar R$
1,00 por 4 viagens diárias e o restante a prefeitura – leia-se Royalties do
Petróleo – paga.). Nas Campanhas eleitorais, os candidatos que tem a máquina e
criadores desses programas, usam muitas vezes ameaça, dizendo que “se votar em
outros grupos políticos, os tais programas serão cortados?” É uma ameaça, que
não tem lógica, mas que dá certo, porque esses programas são as ‘meninas dos
olhos’ dos quem tem a máquina, e compra votos como uma beleza.
É
claro que muita gente não gosta, quando se toca nesse assunto, porque sabe-se
lá, pode o crítico ser chamado de burguês, inimigo dos pobres, ‘dazelites’,
dentre outras bobagens. São análises liberais, que condenam o excesso de Estado
no Estado, ou seja, transformar o Brasil, cada vez mais num “Estado Babá”, onde
cada vez mais as pessoas dependem do
Estado – leia-se verbas públicas – como meio de captação (transferência) de
renda. Vejamos nós, um exemplo, até hoje a política de cotas para negros, em
universidade não ajudou a melhorar a educação no Brasil, continuamos patinando
– e feio – no ranking da educação no mundo. Oras, ao invés de se resolver na
base, quererem consertar as coisas no topo. Qualquer engenheiro civil acharia
isso, ilógico. E o ‘Mais Médicos’, que após a deserção da médica cubana, Ramona
Rodriguez, descobriu-se aquilo, que já desconfiávamos: um programa demagógico,
eleitoreiro, produtor de escravos (Alô! CNBB) e a quem de fato interessa o
envio, para o Brasil, de médicos cubanos (cerca de 80% dos profissionais do
programa). Os maiores eleitores de Dilma e do Clã Garotinho estão em áreas onde
o assistencialismo é frenético.
Não raro, esses políticos e
outros do gênero, são vistos erroneamente como estadistas – idolatrados como
deuses e tidos como incriticáveis -, não são estadistas, são aproveitadores da
pobreza e carência alheia.
O Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
criou, no ano passado, um projeto de Lei, que incorpora projetos, como o
‘Bolsa-Família’, ao ‘LOAS’ (Lei Orgânica da Assistência Social). O que isso
quer dizer? Que quer transformar projetos de governo em programas de Estado,
com isso deixariam de ter selo partidário e personalista para serem projetos de
país, por exemplo.
Um blogueiro da Revista Veja
chamado Reinaldo Azevedo, a qual eu tenho hábito de ler, disse em novembro do
ano passado, que não é muito favorável a ideia do senador mineiro, porque,
segundo ele “se a proposta tem o mérito de acabar com a conversa mole de que
este ou aquele, se eleitos, vão extinguir o programa, não o agrada”. Eu
discordo em parte. “Olhaaaa!O leitor inveterado do Reinaldo, critica o
Reinaldo? Que quê isso? Que absurdooo! Que bafão”. Heheheheh!
Ora, qual é o problema? Gostar de ler alguém não significa concordar com
tudo que ele escreve. São engraçadas certas coisas, não? Afinal, quem costuma
fazer idolatria e serem não críticos são, por exemplo, os militantes e os
filiados de partidos políticos, muitos deles de viés de esquerda.
Apesar, de eu também achar como
o Reinaldo, que o projeto teria o fim de fazer o “assistencialismo deixar de
ser uma ação suplementar e passar a ser incorporado como um valor”, eu acredito
que, pelo menos, será um caminho para que assistencialismos não atrapalhem algo
nobre e tão caro a democracia como a expressão “Alternância de Poder”.
À medida que as próximas
eleições de outubro de 2014 se aproximam, esse ‘Festival de Besteirol que
Assola o País’, como bem diria o saudoso escritor Stanislaw Ponte Preta, ou a
militância virtual (Internet) e real, estará cada vez mais presente. Mas,
porque, Festival de Besteirol? É simples, vejam essas falas:
-Qual é o problema se os postes
são pintados de rosa?;
-Ah! Essa oposição, só tramam
contra o governo.;
-A oposição não vai dar
continuidade aos programas de governo;
- O outro candidato não consegue
entender as reformas que a NOSSA GESTÃO implementou;
- Fulano de tal está acabando com a
extrema-pobreza.;
- Tudo é culpa da direita;
- Essa imprensa Golpista;
- Esse juiz tem de ser
investigado porque ele está vendido á oposição;
- Esta oposição quer tomar a
NOSSA CIDADE;
- A Imprensa está errada, porque
não sabe avaliar a nossa – suposta – vontade de promover avanços sociais;
- Nossa cidade, não saberá viver
sem esse grupo politico.....
Nota-se, que é uma cartilha
ideológico-partidária e não uma discursão séria sobre economia, educação, saúde,
segurança pública, política internacional, portos, aeroportos, rodovias,
esportes, setor agropecuários, etc. O debate – que mais parece monólogo – não é
técnico, é muito mais baseado no “Simon ou Simão diz.....então faça”, porque
senão fazer seus interesses, seu empregos serão cortados. Não é difícil chegar
a conclusão que a relação militância X políticos, nada mais nada menos é, nos
dias atuais, um descolamento com a realidade e uma atividade, imensamente
voltada para dentro, ou seja, é intimista, egoísta, individualista, envolve uma
defesa de autocracias (governo onde a pessoa beira ao absolutismo), idolatria,
etc. Se adicionarmos isso, ao fato de que no Brasil, há um pouco mais de 40
partidos políticos, podemos perceber que o modelo de ser político e, de fazer
política está falido. Deveria se ter, no
máximo, 5 partidos no Brasil, porque os outros
são nanicos ou são praticamente iguais no conteúdo programático.
Bom, os Seguidores de cartilhas
populistas e desprezadores de Estadistas, como: a inglesa Margareth Thatcher, o
francês Charles de Gaulle – ambos já falecidos -, Fernando Henrique Cardoso,
dentre outros, que não governavam para se eternizar no poder, mas sim porque
aquilo que faziam era para o bem do povo do seu país e tomavam atitudes
impopulares, mas altamente funcionais, sobretudo do ponto de vista da área
econômica.
Os eleitores brasileiros, que
são, católicos e evangélicos, budistas e islâmicos, judeus e espíritas,
umbandistas e candomblecistas, ruralistas e pequenos camponeses, empresários do
setor de varejo e atacadistas, economistas e profissionais da área de humanas,
donos de meios de comunicação,
domésticas e diaristas, etc, devem se perguntar, qual é o Brasil do
futuro? Qual é o país que se quer? Deseja mudanças? Tem de gostar e se interessar
por política, tem de saber que é ela que conduz a estrada da sua vida. As
eleições, que no Brasil, ainda é obrigatória, precisa envolver as pessoas, não
por mero romantismo, por civismo sem os vícios das ideologias decoradas, onde a
pessoa pense por si próprio, para que as próximas gerações tenham e vivam em um
mundo melhor.