quarta-feira, 5 de março de 2014

O Brasil e a ideologização da política de Segurança Pública. Ou: Cuidado com os falsos admiráveis mundos novos.


Leniéverson Azeredo Gomes

San Angeles é uma cidade fictícia do filme americano, O Demolidor, produzido em 1993 e dirigido pelo Marco Brambilla. O nome do lugar é, na verdade, um ajuntamento de  municípios americanos, localizados no estado da Califórnia (Santa Mônica, San Diego e Los Angeles). A localidade é o pano de fundo para um enredo, que traduz o desejo de muitas mentes esquerdistas de plantão. Mas  do que está se falando? O sonho das esquerdas é implantar a ‘desmilitarização das polícias’. E, desde junho do ano passado, as esquerdas festivas vêm promovendo badernas e vandalismo sob  a farsa ideologia de que “estão transtornando para mudar o mundo”. E, como tal, arrumaram um algoz para ser exterminado: as Polícias Militares. Quem sabe, além da mentalidade marxista, viram muito desenhos, como o ‘Pink e Cérebro’, produzido. Enfim, vá lá saber o que se passa na mente de um esquerdista com exatidão.
Escrevi um texto, com o título “As revistas eletrônicas dominicais ‘Fantástico’ e ‘Domingo Espetacular’, Rolezinhos, equívocos interpretativos e as bobagens. Ou: O que está havendo com a OAB pelo Brasil afora? Resposta óbvia? Nem tanto, mas é grave”, que mostra vários movimentos revolucionários ou instrumentalizados ideologicamente, com títulos de “Black Blocks”, “Rolezinhos” e companhia promovem badernas e vandalismos para que a PM apareça e seja criticada por sua ação. Não, senhores e senhoras, senhoritos e senhoritas, não defendo excessos de espécie alguma, mas tolero demonização de uma atividade profissional. Afinal, qual atividade profissional que não tenha bons e maus exemplos? As boas conservadoras e sábias línguas sabem que a PM estadual, mais ‘bem’ (o bem é uma ironia) falada é a do Estado de São Paulo. A esquerda caviar tem feito de tudo – até o inferno, como diria o Ministro Gilberto Carvalho - para tirar o Geraldo Alckimin, do PSDB, para colocar o atual ministro da saúde, Alexandre Padilha, do PT, no Governo de São Paulo, assim como fizeram com o Fernando Haddad, na prefeitura da capital paulista. Mas voltando ao Filme, sem desplugar do assunto...
                John Spartan, interpretado pelo ator Sylvester Stallone (brilhante também em outros filmes como Rambo e Rock Balboa), é um detetive de polícia do século XX, mais exatamente de 1996. Salienta-se que, nos roteiros de  Peter M. Lenkov e Robert Reneau, a San Angeles daquele ano, estava assolada por diversos tipos de crimes e, obviamente infestadas de criminosos. Um desses criminosos é Simon Phoenix, interpretado pelo ator Wesley Snipes (ele interpretou também o vampiro Blade). Há um assalto no filme, promovido por esse criminoso, onde há vários reféns. Spartan é um dos designados para combater o crime e, junto com os colegas, inicia-se uma troca de tiros entre a polícia e o Simon Phoenix, que acaba matando as pessoas que estavam sob o poder do criminoso. Phoenix é preso, mas o detetive Spartan recebeu a acusação de ter sido ele, o assassino dos reféns. Tanto Simon, quanto Spartan são condenados a viver na câmara criogênica, uma espécie de prisão onde eles ficam até o fim do cumprimento da pena.
                Acontece no filme, o que se chama de “passagem de tempo”, levando todos os espectadores para 2032. Nesse ano, Simon misteriosamente desperta da câmara criogênica e foge do presídio. A academia de polícia daquela época reabilita Spartan, descongelando ele da câmara criogênica, apesar do relatório dizer certas coisas negativas. A alegação era de que, Spartan era o único habilitado para prender Simon.
                Na ficção, a San Angeles de 2032, tinha dados quase nulos de violência urbana e periférica. As armas do tempo de Spartan e Simon eram verdadeiras peças de museu. As armas, se é que poderiam ser chamado de armas, de 2032 eram, na verdade dispositivos que emitiam raios ou choque raramente usados, havia-se uma lei onde relações sexuais e xingamentos eram crimes passiveis de multa. Mas, ao longo do filme desenhava-se que essa perfeição toda era de alguma forma, uma fachada. Tanto Simon, quanto Spartan sabiam disso, mas a corporação policial daquele ano não levavam as gozações do colega do passado a sério.
Quem não se lembra da cena antológica do personagem de Wesley Snipes, xingando várias vezes diante de uma maquina de multas. De fato, isso deve ser interpretado como uma zombaria a legislação que multa quem fala ‘palavrão’.
É impossível não ver, no filme, uma referência direta ou indireta – fica a gosto do leitor – ao livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. A personagem Lenina Huxley, a tenente de polícia de 2032 que ajuda Spartan na caçada a Simon – que morre no final do longa-metragem -, e interpretada pela atriz Sandra Bullock ( estrela também do filme Miss Simpatia 1 2), é uma homenagem a Lenina Crowley, personagem do livro Huxleriano. Alias, no filme, Lenina é, digamos estimulada por Spartan a desmascarar um plano do Governador de San Angeles, Dr. Raymond Cocteau, interpretado pelo ator Nigel Hawthorne, que consistia em matar um líder rebelde, residente em um submundo subterrâneo.
Entendo que muitos costumam avaliar os personagens de Sylvester Stallone muito violentos e brutos, Spartan inclusive. Mas, a narrativa do filme desenhada transcendentemente pelos roteiristas, expõe um personagem congelado em 1996 e, descongelado em 2036, porque, os valores policiais – conservadores - do passado dele eram capazes de resolver dilemas da política de segurança pública sustentada em mentiras e corrupção.
É a mesma coisa, no Brasil de nossos tempos, toda medida conservadora de direita, acaba sendo tida como ilógica, bruta e violenta pelas esquerdas . Não, não entendam como se eu tivesse defendendo excessos. Não defendo, mas a bandeira nacional diz: “Ordem e Progresso”, ou seja, não há um país que queira progredir seriamente sem ordem, sem valores, sem respeito, sem limites e, no caso da política de Segurança Pública, sem combate duro, dentro de leis severas e que gere no bandido medo da justiça.
Se nós examinarmos  o exemplo da San Angeles do filme, podemos verificar que, no fundo, no fundo, não é que os bandidos acabaram ou diminuíram drasticamente, eles foram, digamos “varridos” para o subterrâneo, para uma catacumba urbana.  Em suma: houve uma política de sanitarismo que ajudava a sustentar um engodo. Isso lembra, quando o então Presidente da República, Rodrigues Alves, implantou, no inicio do século passado, uma medida sanitária afastando os pobres que moravam em cortiços, no centro do Rio de Janeiro para os morros, sob o pretexto de melhorias urbanísticas. Foi ali que começaram a surgir às favelas da capital fluminense. Rodrigues Alves não era de esquerda, mas a estética de varrimento mantem certas semelhanças.
Hoje, não se sabe, com sinceridade, o que as esquerdas no Brasil pensam sobre a expressão ‘desmilitarização da policia’, mas sabemos o pano de fundo ideológico: o marxismo e, lógico,  traumas com a ditadura militar (1964-1985). O que significa uma ideia muito mais sociológica do que técnica. Se nós examinarmos na Venezuela, adepta ditatorialmente do chamado “Bolivarianismo do Século XXI” – vá lá saber o que venha a ser isso - é um dos países mais violentos do mundo, aboliu na década passada as polícias estaduais e tem uma polícia nacional com ramos em diversas partes do país. Recentemente, o herdeiro do Chavismo, o atual ‘presidente’ (ditador) Nicolás Maluco..ops...Maduro, disse que a culpa da violência é das novelas estrangeiras. Hein? Além da Venezuela, outros países de linha esquerdista, como a China, usam tropas de choque para conter o que chamam de rebeldes, mandando para Campos de Concentração (uma espécie de lugar onde os direitos de discordância são colocadas no subterrâneo da dignidade). A China deu recentemente uma afrouxada, mas dá 4 passos para trás, quando cerceia o uso da internet e controla a mídia – o que acontece em outros países governados por esquerdistas.
Portanto, se ouvir algum esquerdista defendendo coisas como “desmilitarização da polícia”, use esses e outros países como exemplo. E diga, que isso, não resolverá, por exemplo, a questão dos 50.000 homicidios anuais, divulgado pelo Anuário Nacional de Segurança Pública.
Caminhando para o fim, se der corda a essas bobagens travestidas de política de segurança pública, o Brasil virará uma grande San Angeles, mergulhada em corrupção, mentiras e sanitarismos penais. Afinal, desejar artificialmente admiráveis mundos novos são, na verdade, admirar um mundo sem lógica e com ideias de jerico.