Recentemente tive uma conversa um tanto acalorada através de um dos sites de redes sociais: o Orkut. O site tem um chat embutido, conhecido pelo nome técnico de Google Talk. Era mais ou menos uma e meia da manhã e eu estava na iminência de sair da internet para dormir, quando entrou uma pessoa do sexo feminino, cujo nome, cidade e idade, eu pretendo omitir. Fazia tempo que não me conversava com ela, nem pelo Orkut, nem pelo Facebook, nem pelo MSN Messenger. Começamos a teclar há, pelo menos, 3 anos, através do chat do site da Comunidade Canção Nova.
Como é comum em chat católico, as conversas eram sobre catolicismo e ela, logo gostou do meu papo e quis ser minha amiga “virtual”. Trocamos MSN, Orkut e toda vez que “teclávamos” batíamos longos papos sobre defesa do catolicismo, ela fazia juras de amor a Igreja Católica, dentre outras coisas. Houve um período, em que para ajudar a custear suas idas e vindas a faculdade de história, numa cidade distante 60 quilômetros da dela, começou a vender produtos do “Porta a Porta” da Comunidade Canção Nova.
Na ocasião, ela tinha um namorado, ficaram quase dois anos juntos, quase chegaram ao noivado, mas o relacionamento acabou por excesso de ciúmes, principalmente da parte dele. Após o término da relação, ela ficou vários meses sem se envolver com ninguém, até que um determinado momento, a moça me confidenciou que estava namorando.
Indagada por mim se, o “gajo” era católico, para a minha surpresa a resposta dela foi: Ele é evangélico, crente ou protestante (use a palavra que melhor lhe convêm).Me lembro naquele momento ter questionado se na igreja onde ela frequentava e onde ela afirmava ser atuante – leia-se praticante – não tinha homens, “carinhas” ou varão de guerra interessados por ela. A resposta não:
Passados alguns meses, ela me revelou pelo MSN Messenger que estava noiva do cidadão e, que pasme o casamento seria na Igreja Evangélica em que o noivo dela frequenta. Logo pensei: cadê a católica praticante que eu conhecia? Se fosse tão praticante, ela teria batido o pé e dizia:
- Não, eu quero casar na Igreja Católica!
Eu confesso que minha fisionomia mudou e sério, imediatamente lasquei uma pergunta:
- Você não é católica? Porque você tomou esta decisão?
Ela me respondeu que ela e o noivo, em comum acordo, resolveram tomar esta posição. De repente, minha mente ficou povoada de interrogações e, sabe um pouco de decepção.
Mais alguns meses se passaram, e eu fiquei algum tempo sem conversar com ela, apenas mandando mensagens pelo Orkut e sem respostas, até que um dia, descrito neste paragrafo eu finalmente consegui conversar com a referida pessoa, pelo Google Talk do Orkut. Eu me recordo que, pelo fato de o noivo dela ser protestante, sempre perguntava: - E aí, virou protestante? E ela me dizia, que não, que era católica até o fim e que quando casasse iria continuar católica até o fim. Mas... dessa vez a resposta foi um pouco diferente. Ela me respondeu que seria católica até o casamento, e, que depois sua nova bandeira religiosa ou confissão cristã seria a evangélica. Eu a questionei sobre a resposta e se era brincadeira e ela disse que não.
A justificativa dela foi à de que a nova decisão seria “boa” para a sua nova família. É evidente que fiquei jururu com isso e não aceitei a questão. Eu fui falando com ela, de que isso seria a pior besteira que ela estava fazendo e que ela deveria pensar sobre o fato. Eu falei que iria participar de uma excursão diocesana a cidade mariana de Aparecida/SP e a Canção Nova, na cidade de Cachoeira Paulista, também em SP. Ela me disse que era para eu ir mesmo que lá é muito bom, mas eu refutava, se você acha bom que vá porque você vai sair do catolicismo? Ela depois reclamou que eu falava demais e que não deixava ela se defender. Oras, os protestantes fazem a mesma coisa, falam, falam, falam e não deixam a gente expor nossa doutrina.
Além disso, o que mais me chamou atenção é quando ela disse que, ao revelar a nova opção, muita gente da Igreja Católica a quem tinha como amigo se afastou dela. Bah!!Eu não sou a favor de que as pessoas se afastem da outra por causa de religião, mas até onde eu sei, não são as pessoas que se afastam da gente, é a gente que se afastam das pessoas por causa de religião. É fato, também que em alguns desses casos podem suscitar ainda, escândalo, pelo qual, as pessoas dos quais se tratam, recebem algum juízo negativo da comunidade. Ora, portanto, não se trata do abandono da fé católica, mas da notoriedade de tal abandono. Portando, me parece ser sinal de ingenuidade dela, achar que a comunidade iria reagir de forma tranquila essa questão. E quando se muda de religião, a pessoa não aceita ser questionada, não aceita ser reevangelizada, ser colocada entre a parede.
Enfim, ao todo, ficamos uns 40 minutos travando um debate intelectual e a conversa terminou com ela dizendo que “a conexão com a internet estava ficando muito ruim”. Os pastores fazem lavagem cerebral, fazem com que a pessoa se afaste de católicos, a não ser em caso de MUIIITA necessidade profissional, de vizinhança ou de laços familiares consanguíneos.
Essa explicação me faz vontade de dar a ela o prêmio miss cara-pálida. Como alguém que se dizia católica até morrer, como alguém que vendia produtos da Comunidade Católica Canção Nova, teve essa atitude, que incentivou a prima e a família a serem católicas, resolveu tomar essa decisão e de forma aparentemente tão segura?
De fato, é muito comum em casamentos mistos, acontecer da parte batizada não católica querer converter a parte católica. Foi o que provavelmente deve ter acontecido com a pessoa descrita por mim nos parágrafos acima.
Essa temática complexa e delicada é amplamente discutida no Código de Direito Canônico (CDC) e, que gera muitas interpretações e há muitos ânimos exaltados sobre ela. É necessário debruçar inicialmente sobre o que o CDC, pensa sobre o casamento misto.
Em primeiro lugar o casamento misto é a união entre duas pessoas batizadas, das quais uma tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida depois do batismo, e que não tenha dela saído por ato formal, e outra pertencente a uma Igreja ou comunidade eclesial que não esteja em plena comunhão com a Igreja católica. A parte católica terá que ter a permissão do Bispo ou Arcebispo local para que aconteça o matrimônio, desde que ele ou ela, segundo o cânone 1125, assuma os compromissos de:
1°- a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de defecção da fé, e prometa sinceramente fazer todo o possível a fim de que toda a prole seja batizada e educada na Igreja católica;
2°- informe-se, tempestivamente, desses compromissos da parte católica à outra parte, de tal modo que conste estar esta verdadeiramente consciente do compromisso e da obrigação da parte católica;
3°- ambas as partes sejam instruídas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir.
O mais interessante é que o cânone 1071, chama muito atenção para não assistir o matrimônio a quem abandonar ou almeja abandonar a fé católica.Leiam isso:
4° - Não permitir ou autorizar o matrimônio a quem tenha abandonado notoriamente a fé católica;
Se a parte católica não estiver predisposta a seguir essas recomendações, o bispo ou arcebispo pode indeferir o pedido e não permitir o matrimônio.
É justamente nesse momento da cerimônia religiosa da contração de núpcias que começa a tensão: Onde será realizada a cerimônia? Em um templo católico ou protestante? Bom, o cânone 1118, afirma que:
§ 1. O matrimônio entre católicos ou entre uma parte católica e outra não-católica, mas batizada, seja celebrado na igreja paroquial; poderá ser celebrado em outra igreja ou oratório com a licença do Ordinário local ou do pároco.
§ 2. O Ordinário local pode permitir que o matrimônio seja celebrado em outro lugar conveniente.
§ 3. O matrimônio entre uma parte católica e outra não batizada poderá ser celebrado na igreja ou em outro lugar conveniente.
Se voltarmos ao 10º paragrafo em que a moça descrita, disse que vai mudar de igreja após o casamento, isso tem nuance e matiz de uma malandragem pessoal – o que se recomenda a recusar a acreditar, mas devemos preferir acreditar que ela esteja sendo orientada pelos protestantes a fazer isso.
Concluindo o assunto é polêmico, por isso a Igreja recomenda muito cuidado ao optar pelo casamento misto, pois pode gerar brigas, discórdia, entre outros males.
2 comentários:
Obrigado meu irmão, também gostei do seu blog e já estou seguindo.
Deus vos abençoe!!!
Que bom, colabore sempre!Fica com Deus.
Postar um comentário